Review

Arc Raiders: Onde Risco, Loot e Traição Criam a Melhor Desordem Possível

Excelente e bem produzido jogo, com pequenos problemas a serem corrigidos, mas altamente recomendável.
Disponível para:
Playstation 5, Xbox Series S/X, PC
Review escrito por:
Felipe Oliveira

ARC Raiders é um shooter de extração em terceira-pessoa desenvolvido pela Embark Studios, lançado em 30 de outubro de 2025 para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S. O jogo combina PvP (jogador vs jogador) com PvE (jogador vs ambiente) num mundo pós-apocalíptico onde máquinas chamadas “ARC” dominam a superfície da Terra e a humanidade se esconde num abrigo subterrâneo chamado Speranza.

Desde suas primeiras horas, ARC Raiders mostra que quer mais do que “sofrer tiros”: quer tensão, decisões difíceis, loot arriscado e aquela adrenalina de “vou sair daqui vivo ou vou virar sucata”. 

História e ambientação

O pano de fundo de ARC Raiders é um futuro onde a Terra já perdeu o controle sobre o próprio destino. A superfície foi tomada pelos ARC, máquinas autônomas que surgiram após décadas de colapso ambiental e guerras tecnológicas que ninguém conseguiu conter.

A humanidade não “perdeu” o planeta de repente; ela foi empurrada, metro a metro, até se entocar nas estruturas subterrâneas que restaram. Desse processo nasce Speranza, uma mistura de abrigo, mercado negro e última tentativa de sociedade. Lá embaixo, tudo é improvisado, remendado, barulhento… Mas vivo. 

Speranza, a cidade subterrânea onde você vive, é um amontoado de sobreviventes tentando criar ordem em meio ao caos. Ela funciona como refúgio, mercado, centro político e, claro, fábrica de problemas. As facções internas disputam influência, comerciantes, engenheiros, contrabandistas, cada um com seus próprios interesses.

Quando você sobe para o “topside”, encontra um mundo devastado, mas vivo: ruínas engolidas por vegetação, drones que caçam por calor, torres de varredura que parecem estudar humanos como se fossem pragas. Os Raiders existem nesse limbo: nem parte total de Speranza, nem parte do mundo das máquinas. São exploradores, saqueadores, mensageiros e, de certa forma, arqueólogos improvisados tentando encontrar respostas escondidas abaixo da ferrugem e da areia.

Não fica claro, mas a teoria é de que os ARC, são criações humanas, e não alienígenas.

Gameplay: risco, caos controlado e histórias emergentes

O coração de ARC Raiders pulsa no seu loop de extração. Você sai de Speranza equipado até onde sua coragem (ou seu sofrido stash adquirido) permite, sobe para a superfície e encara um mapa enorme, imprevisível e cheio de variáveis mal-intencionadas.

O objetivo é simples: garimpar recursos, desmontar máquinas, abrir contêineres selados, pegar tudo que puder carregar… e extrair vivo. A teoria é bem fácil; já na prática é um sofrimento calculado. Cada passo na superfície é uma preocupação entre ambição e paranoia. Carregar um loot valioso dobra sua confiança e triplica sua chance de cometer um erro idiota.

O combate é em terceira pessoa, rápido, barulhento e delicioso de assistir no caos. As máquinas ARC nunca são só “inimigos”; elas pressionam, flanqueiam, rotacionam, exigem leitura de padrões (a IA utilizada como motor dos ARCs reforça tudo isso acima). Entre um drone marimbondo e um saltador que decide te esmagar com elegância de guindaste industrial, o jogo te força a pensar em movimento. E isso fica ainda mais interessante quando você ouve tiros ao longe, que pode ser outro grupo de jogadores enfrentando outros players ou ARCs. A superfície é um grande reality show pós-apocalíptico sem roteiro: às vezes rola aliança improvisada; às vezes rola traição gratuita; às vezes você salva um desconhecido só para ele te roubar minutos depois. Nada é garantido.

A progressão é pensada para ser sofrida. Você melhora armas, perks e ferramentas, mas o sistema de stash limitado impede aquele comportamento clássico de acumular quinquilharias eternamente. A gestão é parte do jogo: o que vale guardar, o que vale arriscar, o que vale transformar em upgrade agora. Esse detalhe torna cada run significante, pois não existe “partida perdida”, existe uma lição a duras penas escrita no chão de metal retorcido.

O que ARC Raiders faz melhor é transformar o imprevisível em narrativa emergente. Nada aqui é apenas loot e tiroteio; é sobre sobreviver a um encontro improvável, escapar por segundos, perder algo caro, recuperar o dobro, xingar o mapa, amar o mapa, e voltar porque não consegue deixar pra lá. Jogar com amigos então vira um documentário de tragédias engraçadas e vitórias improváveis, aquele tipo de experiência que gera histórias que você vai contar por meses. Visuais, som e apresentação

Visuais, som e apresentação

ARC Raiders abraça uma estética que mistura steampunk com mundos pós-apocalípticos. A Unreal Engine 5 trabalha horas extras: superfícies corroídas brilham com reflexos realistas, ruínas tomadas por vegetação parecem vivas, e as máquinas ARC têm um design tão funcional quanto ameaçador, nada de robôs “fofinhos”, e sim estruturas metálicas que parecem ter evoluído para dominar o ecossistema.

A direção de arte é agressiva, cheia de personalidade, e transforma cada incursão na superfície numa sessão de fotografia acidental. A leitura do mundo é clara, a paleta de cores é coerente, nada muito saturado e a sensação geral é de uma Terra que não precisa mais de humanos para seguir seu próprio curso.

A ambientação sonora possui aquele clima e precisão que te faz ranger os dentes. Passos ecoam diferente em concreto destruído, metal, terra molhada. As máquinas têm ruídos próprios, como estalos elétricos, pisadas no chão, motores elétricos, zumbidos que denunciam cada presença. As armas soam pesadas, imperfeitas, cruas. A trilha musical aparece nos momentos certos, sem tomar espaço, e ajuda a construir o clima de tensão sem virar algo sem sentido.

Se existe algum tropeço é na interface, que às vezes parece mais projetada por um engenheiro de Speranza do que por um designer humano, pois ela é funcional, mas áspera nas primeiras horas. Ainda assim, a apresentação geral é madura, simples, estilosa e totalmente alinhada ao espírito do jogo.

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Performance

Essa review é baseada na performance do jogo no PlayStation 5 base.

Joguei várias runs de ARC Raiders no PS5 base e, no geral, a experiência foi sólida: o jogo geralmente se mantém perto dos 60 fps e o input lag parece mínimo, o que ajuda muito quando o caos se forma ao redor com tiros, drones, explosões, tudo isso acontecendo ao mesmo tempo. A fluidez ajuda a manter a imersão e me senti capaz de reagir quando a situação apertou. Vale destacar: em trechos mais densos, com muitos inimigos ou muitos efeitos visuais, notei pequenas quedas de frame, mas que não são suficientes para quebrar o jogo, mas são perceptíveis para olhos atentos.

Visualmente, o PS5 base entrega um pacote bonito: iluminação, partículas e ambientes funcionam bem, e há poucos “bugs gráficos” que atrapalhem. Porém, se eu fosse exigente e jogasse em outras plataformas, diria que o nível de detalhe e estabilidade não chegam ao que a versão do PS5 Pro ou boas máquinas de PC podem oferecer, há momentos em que a resolução diminui, ou o nível de antialiasing “suaviza” de forma perceptível, provavelmente para manter a fluidez. No fim, para quem joga no PS5 “normal”, a performance é suficientemente boa para não frustrar, ainda que não seja impecável.

ARC Raiders vale a pena?

Arc Raiders é aquele tipo de jogo que vive menos no “conteúdo pronto” e mais no que você cria a cada run. Ele respira tensão, improviso e aquela adrenalina burra que faz você rir cinco minutos depois de morrer de forma humilhante. O loop de extração é viciante, a atmosfera é absurda de boa e o mundo tem personalidade suficiente para te empurrar para mais uma incursão, mesmo quando seu stash grita para você parar.

Então… Arc Raiders vale a pena?

Se você curte experiências onde cada sessão gera histórias, se ama o caos organizado e não se importa em abraçar um jogo que aposta mais no emergente do que no narrativo, a resposta é um sim bem firme. Ele não é perfeito, ainda tem arestas técnicas e uma narrativa mais tímida do que poderia, mas a diversão bruta que ele entrega cobre essas falhas. Para quem quer emoção, risco e a sensação deliciosa de escapar vivo por centímetros, vale e vale muito.

Sem spoilers para Arc Raiders

Arc Raiders: Onde Risco, Loot e Traição Criam a Melhor Desordem Possível

Disponível para:
Playstation 5, Xbox Series S/X, PC
Versão que jogamos:
Playstation 5
O jogo não possui tradução para o Português.

Pontos Positivos

  • Loop de jogo muito bem estruturado, viciante e com risco real.
  • Mistura PvPvE bem equilibrada, que dá espaço tanto para furtividade quanto para tiroteio.
  • Ambientação sólida, com mundo que “respira” e várias histórias emergentes a serem contadas.
  • Multiplayer social com potencial: alianças, traições, momentos memoráveis que geram boca-a-boca.

Pontos Negativos

  • A narrativa “de base” é meio rasa: faltam cutscenes mais fortes ou personagens memoráveis com profundidade.
  • Interface e experiência solo podem gerar atrito, se você entrar sozinho, prepare-se para aprender “na marra”.
  • Como live-service, depende de atualizações para sustentar o interesse a longo prazo.
  • Monetização/custos cosméticos
Review escrito por:
Felipe Oliveira

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