Embora A Plague Tale Innocence estivesse em meu radar e eu já possuísse o jogo a um certo tempo, apenas com o lançamento de sua sequência, Requiem, resolvi jogar o título.
Portanto comecei a joga-lo agora, mas como se fosse em seu lançamento, totalmente em branco, sem saber absolutamente nada da história a não ser que haveriam ratos pelo caminho.
A Plague Tale Innocence começa justamente com este ar de Inocência.
Ambientado na França, Amicia passeia pelo bosque com seu pai que parece ser alguém que viaja muito por ai e acaba sendo uma pessoa ausente em seu lar.
Não demora muito e este clima é encerrado quando o cachorro de Amicia parece ser engolido por um buraco estranho perdido no meio deste bosque tão cheio de vida.
Ambos retornam com urgência para casa. A família de Amicia os De Rune parecem fazer parte de uma certa nobreza francesa e contam com posses e alguns empregados que ali trabalham.
Cabe a Amicia buscar sua mãe para relatar o que ocorreu a pouco no bosque e diferente de como age com seu pai, Amicia parece não ter um bom relacionamento com a mãe que parece ficar trancada por horas em seu quarto cuidando de seu filho mais novo, Hugo.
Não temos tempo para respirar e vemos a propriedade dos De Runes sendo atacada por cavaleiros que estão em busca de algo e não pensam duas vezes em matar a todos que ali estão, incluindo seus pais.
E assim Amicia deve tomar o protagonismo para si e salvar não só sua vida mas a de seu irmão.
Devo dizer que a princípio é fácil para qualquer um ver o jogo e pensar que ele seja um The Last of Us ou até mesmo um God of War genérico devido a mecânica de alguém mais velho protegendo um outro personagem vulnerável e frágil.
No entanto basta poucos minutos de jogo para ver que o título da Asobo Studio tem uma personalidade única e não cabe este tipo de comparação com outros títulos.
Enquanto Joel e Kratos são verdadeiras máquinas de combate, Amicia é uma jovem que mal sabe se defender e embora saiba usar sua atiradeira, que até então usava para acertar objetos nas brincadeiras com seu pai, não é isso que a faz uma guerreira.
Neste momento entendemos a complexidade da história de A Plague Tale, controlando duas crianças despreparadas que em meio ao caos devem simplesmente sobreviver como for possível.
Mesmo sendo irmãos, Amicia e Hugo não tiveram muitos contatos. Hugo sempre foi um garoto doente e superprotegido pela sua mãe que não o deixava sair do quarto.
Hugo é uma criança, cheia de perguntas, se impressionando com tudo que está vendo pelo mundo, falador, inocente e esperançoso e Amicia como irmã mais velha dá suporte e realmente protege seu irmão custe o que custar.
Como é Jogar A Plague Tale Innocence.
Como dito anteriormente, jogamos com duas crianças, por isso os desenvolvedores de A Plague Tale decidiram usar e abusar do modo furtivo.
Seria incoerente uma personagem que acabou de acordar no meio do caos descobrir quase mágicamente que é uma guerreira, que sabe lutar, empunhar armas antes nunca utilizadas e sair por aí matando todos os inimigos que ficassem em seu caminho.
Sendo assim o estúdio foi muito feliz em fazer boa parte do jogo ter de ser resolvido furtivamente.
Amicia consegue sim derrotar soldados, passar por grandes áreas e proteger seu irmão com inteligência e usando o que sabe fazer da melhor forma possível.
Atirar na cabeça de um soldado sem capacete é letal, mas e contra um inimigo de armadura?
Da mesma forma, o jogo não conta com uma barra de HP, caso Amicia seja descoberta ou capturada ela morre e o jogo reinicia.
Em alguns casos você até pode tentar fugir correndo e se esconder novamente, porém em certas situações são tantos inimigos que a partir do momento em que um deles for alertado todos irão atrás dos jovens protagonistas e os encontrarão com facilidade.
Um outro ponto forte e marcante do jogo são os ratos e sim são milhões e milhões de ratos espalhados pelo jogo.
A Plague Tale Innocence tenta de forma figurativa ilustrar um dos maiores desastres da Europa medieval que foi a peste, no caso ela foi provocada por ratos e no jogo eles usam os ratos fisicamente como sendo a praga.
Tudo que os ratos tocam é morto e devorado e apenas a luz e o calor do fogo é capaz de conter eles.
Desta forma além do modo furtivo os ratos acabam funcionando muitas vezes como quebra-cabeças do jogo.
Passar de um ponto A ao ponto B ao meio de um grupo imenso de ratos nos obriga a olhar pelo cenário em busca de soluções, pontos que possam ser incendiados ou tochas que possamos empunhar para atravessar.
As soluções devo dizer não são as mais criativas, não existem também diversas formas de resolvê-las, tudo acaba sendo bem simples e rápido de ser feito sem maiores desafios.
E por último, Amicia também pode aprender algumas técnicas de alquimistas, podendo assim aprimorar disparos com sua atiradeira ou preparar jarros com alquimias.
Sendo assim é possível atirar uma pedra com fogo por exemplo, ou usar um jarro com uma essência que atraia os ratos para outros lugares ou até mesmo atirar esta essência no corpo de algum inimigo para que os ratos o eliminem e fiquem distraídos enquanto você avança pelo cenário.
A exploração do jogo é bem linear, embora as áreas tenham um pouco de exploração para que o jogador possa ir atrás de recursos é impossível ficar perdido nos mapas do jogo.
Assim é possível por exemplo, diminuir o barulho de sua arma ou aumentar a bolsa de recursos, tudo utilizando itens que você encontra explorando os cenários e os utilizando em algumas estações de trabalho.
Mas devo dizer que não faz muita diferença fazer ou não estes aprimoramentos, podem facilitar um pouco, ajudar aqui ou ali, mas são dispensáveis caso queira apenas seguir em frente pela história.
Sem dúvida alguma o ponto mais forte do jogo é sua história e a maneira que os personagens se relacionam.
É emocionante ver os dois irmãos tentando sobreviver em um mundo cruel, rodeado de morte.
Amicia se mostra uma das protagonistas mais fortes do mundo dos games levando todo o peso e responsabilidade que caiu sobre suas costas e ao mesmo tempo não deixa de ser uma pessoa normal, com dúvidas, falhas, medos.
Os personagens secundários que entram na história ao decorrer acabam ganhando um certo protagonismo e assim como os irmãos são pessoas comuns que buscam apenas sobreviver nesse caos sem explicação.
A história de A Plague Tale pede uma certa urgência conforme vamos descobrindo os motivos e verdades, e talvez um dos poucos problemas que vemos na história do jogo é justamente a forma que os capítulos finais acabam dando mais atenção para a ação do momento e deixa um pouco de lado a relação entre os irmãos que tanto nos encantou na primeira parte do jogo.
Um outro ponto que também não me agrada no jogo é a presença de chefes durante a jornada.
Eles buscam mostrar a fragilidade dos dois irmãos, porém em alguns momentos parar para matar um grande cavaleiro ou até mesmo um boss final, não parece ser muito coerente.
Entendo que isso faz parte já que não deixa de ser um jogo, mas tira bastante da imersão desta fragilidade e sobrevivência que o jogo busca trazer.
Interpretações impecáveis
Se tem algo que brilha e traz ainda mais preciosismo ao jogo são as interpretações dos personagens.
Claro que com destaque para as vozes de Amicia e Hugo.
As nuances que ocorrem nos tons dos diálogos e os sussurros trazem uma grande imersão a atmosfera do jogo.
É possível sentir o medo na respiração e a maneira que a Amicia fala por exemplo.
Alias, recomendamos altamente que A Plague Tale Innocence seja jogado com fones de ouvido.
A Plague Tale Innocence vale a pena?
A mistura de uma história cativante, personagens coerentes e uma gameplay honesta fazem parte desta obra.
Embora em alguns momentos possa parecer repetitivo ficar apenas se escondendo ou desviando de inimigos o jogo não é longo, em média com 10h você deve finaliza-lo sem muitas dificuldades.
Se você é fã de jogos furtivos e com uma ótima história a ser contada A Plague Tale Innocence é indispensável em sua biblioteca.
Por isso em nossa opinião o jogo vale sim a pena.