Atualmente quando a Dotemu anuncia um novo jogo, já dá pra esperar algo especial. Responsável por revitalizar o gênero beat’em up com títulos como Streets of Rage 4 e Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge, a publisher agora aposta em um novo híbrido: Absolum, um roguelike que se autodenomina “Rogue’em Up”, mesclando combates frenéticos de briga de rua com a progressão procedural típica do gênero rogue.
E o resultado? Um jogo que, apesar de seguir fórmulas conhecidas, entrega uma experiência envolvente, digna do selo Dotemu de qualidade.

Confesso que já perdi a conta de quantos roguelikes joguei nos últimos anos, de Rogue Legacy a Hades, o mercado está cheio de ótimos exemplos e também de muitos jogos genéricos tentando repetir a fórmula, até mesmo já fizemos review de um jogo chamado TUNCHE que traz a mesma proposta de Rogue com Beat’m Up. Por isso, sempre encaro um novo título desse tipo com certo ceticismo.
Mas Absolum me conquistou rápido. Ele prova que, com as escolhas certas, ainda é possível fazer um roguelike empolgante, acessível e com personalidade, especialmente quando a base em que o jogo se inspira é bem feita.
Direção de arte de encher os olhos
A primeira impressão que Absolum causa é visual. Sua direção de arte é excelente, com personagens, inimigos e cenários criados com muito bom gosto.
Não há nada exatamente inovador aqui, mas o capricho e a consistência visual tornam o jogo agradável aos olhos de quem esta jogando e o mais importante: não enjoa, mesmo após horas repetindo situações típicas do gênero.

A trilha sonora acompanha com qualidade inquestionável todo este visual, trazendo em sua equipe compositores de peso que trabalharam em jogos como Dark Souls, Elden Ring, Bloodborne, Doom e Ori.
Um detalhe sobre o seu visual é de que uma série animada de Absolum foi anunciada e será produzida pela Supamonks, estúdio responsável pela criação e animação originais do jogo.
A boa e velha pancadaria esta presente em Absolum
Antes de ser um roguelike, Absolum é um beat’em up de qualidade.
Os controles são precisos e responsivos, algo essencial quando hordas de inimigos tomam conta da tela. Cada golpe, esquiva ou combo tem o peso certo, o que torna o combate fluido e prazeroso.

No início, o jogador pode escolher entre dois personagens jogáveis, cada um com diferenças notáveis em velocidade, força e estilo de luta. Experimentar ambos é essencial para encontrar aquele que melhor se adapta ao seu jeito de jogar e durante a progressão e tentativas novos personagens serão desbloqueados também trazendo características únicas.
Além disso, há ataques especiais e melhorias adquiridas na área inicial, antes de cada run (como chamamos cada nova tentativa), o que aumenta a profundidade e o fator replay do jogo. É um sistema simples, mas viciante, e que dá um toque de identidade a cada personagem.
Nesta espécie de Lobby antes de cada run é possível encontrar NPCs que podem nos dar novas missões, conferir conquistas e itens que encontramos em tentativas passadas. Assim é sempre importante conferir tudo de novo que existe nesta área antes de partirmos para uma nova jornada.

Exploração e progressão
A estrutura de Absolum é clássica do gênero: a morte não é um fim, mas sim um novo começo.
Cada vez que você cai, retorna à área inicial, podendo investir em melhorias fixas e traçar novos caminhos no mapa.
O mapa é um dos elementos mais interessantes: ele registra o progresso de cada run, adicionando pontos de referência que permitem escolher rotas diferentes em tentativas futuras.
Durante a exploração, NPCs oferecem sidequests que podem ser concluídas em novas runs, rendendo recompensas ou liberando novos caminhos. Vale dizer que você não poderá voltar a um ponto que já passou pelo mapa, assim as missões em aberto deverão ser realizadas em uma próxima run e até onde joguei elas não expiram.

A cada área vencida, o jogador recebe recompensas variadas como dinheiro para gastar em lojinhas, cristais para upgrades permanentes, ou habilidades temporárias que transformam a run em curso.
Essas habilidades surgem de forma aleatória, e escolher entre as duas opções apresentadas é um dos momentos mais estratégicos do jogo.
Os bônus variam desde ataques elementais até melhorias raras de status que são perdidos ao morrer, como manda a tradição rogue. Assim a sorte é algo fundamental para o sucesso de cada jornada, ser apresentado a habilidades ou itens que não são interessantes para o jogador, podem fracassar uma tentativa desde o início.
No mapa, ainda é possível encontrar fogueiras para recuperar vida, companheiros contratáveis e lojinhas para comprar itens que nos ajudem daquele ponto adiante, por isso o dinheiro do jogo é um aliado importante e saber quando comprar ou economizar faz parte da estratégia. Além disso ainda encontramos inimigos mais desafiadores, incluindo mini-bosses e grandes chefes que nos aguardam ao final de cada área.

Absolum também oferece modo cooperativo, tanto local quanto online, prometendo momentos ainda mais intensos (e caóticos) ao lado de um amigo.
Infelizmente, não consegui testar essa funcionalidade durante minhas horas de jogo, mas é fácil imaginar o quanto o modo coop pode elevar a diversão afinal, beat’em up bom é aquele que dá pra jogar a dois no sofá.
Absolum vale a pena?
Absolum é mais uma prova de que a Dotemu vem sabendo o que faz na escolha de seus jogos.
Ao lado da Guard Crush Games, o estúdio entrega um roguelike sólido, acessível e com alma de arcade moderno, equilibrando repetição, desafio e diversão na medida certa.
Mesmo em um mar de jogos do gênero, Absolum consegue se destacar não por reinventar a roda, mas por entender o que realmente importa: controles precisos, arte bonita e a sensação de que cada partida tem algo novo a oferecer.

Se você gosta de beat’em ups e curte a dinâmica roguelike ou está buscando um jogo para se divertir de maneira coop, este é um jogo que com toda certeza merece sua atenção.
Agradecemos os amigos da DOTEMU que nos enviaram uma cópia de Absolu de PlayStation 5 para a criação deste Review.
Absolum está disponível para PC, PlayStation 4 e 5 e Nintendo Switch.