Armored Core VI Fires of Rubicon é o novo jogo da maior franquia em número de jogos da From Software.
Embora a mais de 10 anos sem nenhum lançamento, o jogo chega em uma excelente fase da empresa principalmente com número de fãs que só cresceram na última década com o sucesso do gênero Souls Like e com títulos como Sekiro e Elden Ring que acabaram furando a bolha.
No entanto é importante dizer que Armored Core foge do estilo Souls Like e se mantem nas raízes da franquia, o que pode agradar ou desapontar por quem esperasse que este jogo fosse um Dark Souls com robos gigantes.
Particularmente fico feliz por terem mantido a base e nos entregarem um dos melhores jogos de ação do ano.
A história de Armored Core VI Fires of Rubicon
Antes de falarmos sobre a história é importante dizer que mesmo sendo um jogo numerado, Armored Core VI não é uma sequência, sua história começa e termina neste jogo e pode assim ser o primeiro que você venha a conhecer da franquia.
A história se passa no planeta Rubicon 3, um dos planetas do sistema Rubicon, que é rico em um material conhecido como Coral, um importante combustível para a humanidade.
Assim o planeta outrora explorado no passado sofreu uma grande explosão e este material absurdamente inflamável acabou por queimar por anos fazendo com que Rubicon 3 ficasse isolado e inabitável.
Após um longo período, sinais de que Rubicon 3 poderia novamente ser acessado e com reservas de Coral fizeram com que grupos e corporações voltassem a explorar o planeta mais uma vez.
Por terem objetivos distintos a guerra logo surgiu e Rubicon 3 vive hoje uma verdadeira luta pelo poder de quem controlará todo este Coral.
Em meio a isso, nosso personagem entra na história como um mercenário, que chega no planeta para servir as missões dadas por Walter que nos faz ir atrás de uma credencial válida, roubada de alguém que padeceu em meio aos destroços da guerra e através desta identidade poderíamos traçar nosso caminho e nos destacar com mercenário no meio de tantos outros dentro deste planeta caótico.
Um jogo caótico.
Se tem algo que Armored Core VI: Fires of Rubicon tem de sobra é o caos.
Este cenário destruído onde a vida parece não existir mais está repleto de máquinas bélicas onde você sempre estará no alvo principal.
O foco da jogabilidade de Armored Core com certeza é em sua ação, algo que fará parte de cada minuto em que o jogador passe com o controle em suas mãos.
Entre mísseis, tiros, rajadas de laser e até mesmo ataques físicos você passará o tempo todo preocupado de como desviar de tudo isso e contra-atacar a altura.
Para isso o nosso Armored Core possui 4 armas e um botão para ativar cada uma delas que se dividem entre as mãos e os ombros.
Embora seja possível equipar armas duplicadas, ou seja o mesmo tipo de equipamento em ambos os lados, a mão esquerda é capaz de utilizar equipamentos únicos como espadas para ataques aproximados e escudos para tentar diminuir o dano que podemos sofrer.
No geral também podemos dizer que enquanto as armas que carregamos nas mãos são focadas em ataques rápidos e com foco direto no inimigo, as armas equipadas nos ombros podem ter um foco maior em área, apresentando desde canhões que acertem uma grande região até pequenos foguetes teleguiados que perseguirão o alvo ou por que não uma chuva de lasers que poderá diminuir a defesa do inimigo.
O que mais impressiona em Armored Core é essa quantidade gigantesca de possibilidades!
São centenas de possibilidades de armas e equipamentos a disposição de seu Armored Core para que ele se adapte a sua maneira de jogar.
Estas armas e peças você conquista enfrentando inimigos únicos dentro das fases e também na loja do jogo que ganha novos itens para compra ao fim de cada capítulo.
Montar um arsenal adequado é uma das coisas mais interessante a se fazer em Armored Core VI.
Além disso o jogador também deverá estar atento no momento certo para apertar o botão de esquiva ou de impulso.
As munições são finitas, cada arma começa com um número especifico de tiros que podem ser realizados e se por algum motivo a munição acabar a arma será jogada fora ja que não é possível reabastece-las, salvo em pequenos momentos de fases que sejam muito longas e contem com chefes.
Os jogos da From Software sempre se destacaram pela sua jogabilidade, onde a dificuldade muitas vezes está em você aprender a como enfrentar um inimigo ou como se adaptar melhor a uma batalha e aqui não é diferente.
Talvez o que mais se diferencie seja justamente essa necessidade real de testar, testar e testar novamente novas armas e configurações para osso mecha.
Se estiver enfrentando dificuldades para enfrentar um chefe ou perceber que seus ataques não causam o dano necessário, não perca tempo, experimente uma nova configuração e veja os resultados.
Ainda no quesito customização o jogo brilha e é o sonho para qualquer criança que cresceu brincando e sonhando com robos gigantes.
É possível escolher a cabeça, tronco, pernas e braços, montando o tipo de AC que melhor vai te atender.
Cada uma dessas partes tem especificações próprias e funcionalidades, como por exemplo escolher uma cabeça que proporciona maior estabilidade nos momentos de voô e as pernas que alteram drasticamente a forma que você irá se comportar na hora de jogar.
Digo isso pois existem diversos tipos como pernas mais pesadas que aumentam sua estabilidade, pernas leves que são mais fracas porém auxiliam com agilidade e voô, os quadrupedes que são um pouco mais lentos na hora de andar porém superiores nas habilidades de voô permitindo o AC planar e por fim os tanques que aumentam de maneira bem agressiva os pontos de força, permitem carregar um numero maior de peso em equipamentos mas entrega um controle mais lento em troca desta força maior.
Todas essas formas de customizar acabam sendo bem equilibradas e vai de fato do jogador entender qual atende mais suas expectativas, controles e adaptação em batalhas especificas.
Durante a minha jornada pelo jogo que durou cerca de 25h eu devo ter mudado o formato do meu AC uma dezena de vezes até chegar a uma que atendia melhor o que eu esperava do jogo.
O jogo é dividido em dezenas de missões separadas por 5 cápitulos onde você será recompensado pelo valor oferecido no final, porém um detalhe importate é que os custos de cada operação irão sair do seu bolso. Por isso se morrer muito em uma fase, ou gastar munição em excesso poderá receber bem menos do que era esperado.
É possível também refazer as missões para ganhar mais dinheiro e enfrentar inimigos na arena do jogo onde outros Armored Core especiais ao serem derrotados darão pontos de upgrade que podem ser trocados para melhorar a recuperação de HP, defesa, melhorar algum tipo de ataque entre outras coisas.
Os velhos problemas da From Software
Embora Armored Core VI seja um game com controles precisos, ação frenética e este DNA da From Software onde tudo depende do quanto os jogadores irão se dedicar a aprender e treinar para evoluir e prosseguir no jogo, este título traz um problema que ao meu ver pode estragar a experiência.
Para quem jogou algum título como Dark Souls ou Elden Ring, deve ter sentindo uma certa dificuldade extra devido a câmera do jogo que em vários momentos se comporta de uma forma descontrolada.
E infelizmente aqui não é diferente.
Enquanto em fases comuns este não seja um grande problema, as batalhas onde enfrentamos chefes secundários e em especial os principais, a câmera vira um segundo inimigo nestas batalhas.
Estes problemas podem ser por ela se posicionar em um local não adequado, pela velocidade absurda que inimigos possam ter ou a quantidade de tiros rápidos que devemos evadir e a câmera nem sempre nos da um bom suporte contra tudo isso para tomarmos melhores decisões.
Em diversos momentos eu simplesmente largava o controle pois ficava inviável rodar a câmera utilizado o direcional analógico do controle e a tempo hábil procurando o inimigo que ficava rodando, voando, ou pulando por todo o cenário.
Um segundo problema que eu sempre achei que a From Software nunca soube resolver muito bem são as batalhas contra inimigos gigantescos.
O problema aqui é que tudo em Armored Core é gigantesco, principalmente quando falamos de chefes.
Então por mais que seja um jogo muito divertido e desafiador, esteja ciente que a câmera será seu inimigo em diversos momentos do jogo.
Um ótimo e confuso roteiro
Confesso que a história de Armored Core VI – Fires of Rubicon me impressionou. Todo o universo criado para o jogo, a trama e personagens são de fato interessantes.
A forma como a história vai escalando e as revelações vão acontecendo me prenderam e me deixaram curioso para entender qual seria o desfecho neste planeta nada aconchegante.
O problema aqui é a maneira pela qual os personagens são introduzidos e se comunicam.
Tudo é em formato de áudios e falas via rádio e como somos um mercenário no meio de tantos grupos esta forma nada visual fica confusa.
São muitos nomes, de pessoas e grupos, que se diferenciam através de sua voz e simbolo porém com a quantidade de situações e reviravoltas não é nada fácil entender o que está acontecendo, principalmente nos primeiros capítulos do jogo.
Está forma também onde recebemos apenas informações através de áudio me distanciou completamente de qualquer tipo de carisma ou empatia que eu pudesse criar com os personagens do jogo.
Eu senti um pouco da falta de humanização de personagens, entendo que é a proposta porém em momentos chave do jogo onde devemos escolher qual caminho seguir para irmos até um determinado final eu escolhia apenas focado a recompensa ou na dificuldade que a missão iria me propor, sem me importar nas consequências de roteiro por trair um aliado ou criar uma aliança inesperada.
Ainda sobre as escolhas, Armored Core VI possui 3 finais, sendo que as suas escolhas durante o jogo é que determinarão qual será o final, com exceção do terceiro que só estará disponível após ter terminado o jogo duas vezes.
Essa maneira de finais alternativos também já é uma característica dos jogos da From Software, e assim que terminar o jogo ele reiniciará automaticamente para que posso fazer novamente todas as missões do jogo porém com os equipamentos que possui.
No entanto, rejogar essas novas partidas não entregam apenas um novo final, mas também traz mudanças nas fases, podendo executar escolhas no meio de uma missão por exemplo.
Além disso, no NG+ e NG++ existem diversas missões novas que podem ser habilitadas de acordo com as suas escolhas.
Confesso que eu não gosto muito desta opção onde só poderei entender a história por completo se jogar ele 3 vezes, mas essas novas jornadas acabam sendo ligeiramente mais rápidas trazendo apenas dificuldade quando escolhemos um caminho que era diferente na jornada anterior fazendo assim uma nova experiência a cada jogada.
Armored Core VI – Fires of Rubicon vale a pena?
Esta resposta vai depender muito da sua expectativa com o jogo.
Se está esperando mais um jogo souls like apenas por ser um game da From Software poderá sair frustrado desta experiência.
O game tem um certo nível de dificuldade que poderá espantar os jogadores já no primeiro capítulo.
Porém se você gosta de jogos de ação frenética e a temática de robos gigântes, Armored Core é perfeito para você.
As possibilidades de se experimentar novos equipamentos, testar montagens e ainda enfrentar amigos no PVP entregam uma das melhores experiências do ano nesses quesitos.
E embora eu tenha tido problemas com a câmera ou até mesmo com a falta de empatia com os personagens, o jogo me entregou uma história interessante de se acompanhar e não só recomendo ele como espero que não demore mais 10 anos para termos um novo título para a franquia.
Agradecemos aos amigos da Bandai Namco que gentilmente nos enviaram uma cópia do jogo para PlayStation 5 sendo assim possível a criação deste review.
