Se existe um jogo que nos últimos anos soube como criar o hype em seu público sem dúvida alguma foi o Black Myth: Wukong.
Apresentado desde o seu primeiro vídeo com cenas de batalha e gameplay em seu trailer, o jogo chegou a trazer dúvidas se era real ou não já poderia se tratar de algo produzido apenas para impressionar e não necessariamente ser de fato um jogo.
Muitos anos se passaram até que finalmente o jogo que parecia ser um mito provou ser realidade e o que sobra agora é analisar e entender se tudo que foi apresentado e prometido foi entregue.
Black Myth: Wukong faz parte da crescente indústria asiática de jogos que deixa de ter apenas o Japão como uma enorme potência mas coloca também Coréia do Sul e China dentro deste mercado competitivo que vem entregando jogos de qualidade.
Desenvolvido pela Game Science que até então desenvolvia jogos para celulares espanta a qualidade que foi entregue em seu primeiro jogo para consoles e PCs.
Em sua história Black Myth: Wukong também chamou atenção por ser um derivado da famosa Jornada ao Oeste, um conto clássico Chinês que inspirou também outras tantas histórias como a de Dragon Ball por exemplo.
A história de Black Myth: Wukong
Os fatos em Black Myth: Wukong passam após os contados na Jornada ao Oeste, assim Su Wukong já assume seu posto como um lider dentre os grandes e vive em sua montanha.
No entanto esse deboche e desprezo que ele tem com aqueles que seriam seus superiores faz com que o imperador Jade ordene sua eliminação.
Assim durante uma batalha entre Su Wukong e Erlang Shen, o Rei Macaco acaba sendo morto e seu corpo selado em uma rocha no Monte Huagou, porém antes do selamento sua alma foi fragmentada e espalhada em varias partes da China.
Este mito vem sendo contado a séculos e reza a lenda que um predestinado resgataria todos os fragmentos trazendo assim a volta de Wukong o Rei Macaco.
Uma nova jornada se inicia com nosso personagem, um macaco sem nome que deverá ser o predestinado a viajar e encontrar todas as partes espalhadas pelo mundo.
O protagonista desta história não fala como a maioria dos RPGs mais tradicionais mas podemos acompanhar toda a evolução da história com os objetos que encontramos, NPCs, companheiros e com as belissimas cenas que acontecem após o final de cada capítulo.
Estas cenas finais que contam um pouco mais da história deste universo são trabalhadas e criadas com muito esmero e ainda mudam seu estilo podendo ser uma animação em formato de anime, animação 3D ou até mesmo Stop Motion.
Como é Jogar Black Myth: Wukong
Black Myth: Wukong acaba sendo um grande compilado de várias coisas que deram certo e fazem sucesso, assim é dificil apontar um estilo para este jogo.
Hoje é comum apontar para qualquer jogo que tenha chefes desafiantes e dizer que ele é um Soulslike e embora existam algumas situações simelhantes, Black Myth: Wukong estaria mais próximo de um jogo de ação e aventura hack´n Slash.
No controle do predestinado o jogador terá um botão para combos leves e um outro para finalizar o combo ou desferir um golpe carregado mais poderoso.
Os combos no geral são simples, bastante apenas apertar o botão em sequência e no final apertar o botão do golpe mais poderoso.
Para os golpes mais fortes é necessário preencher os pontos de foco que se carregam automáticamente enquanto acertamos inimigos ou caso seja necessário segurando o botão do golpe até que fiquem todos os pontos preenchidos.
No total serão 4 golpes poderosos que funcionam como posturas, não alteram o combo básico mas fazem a total diferença na finalização e função deles durante as batalhas.
Estes golpes ganhamos no decorrer da história logo no início, porém é necessário habilitar eles e suas melhorias na extensa arvore de habilidades que o jogo proporciona.
Em suas intermináveis lutas o predestinado poderá usar também magias que são habilidades especiais que utilizam sua barra de mana para auxiliar nas batalhas.
Ao todo poderemos equipar 4 destas habilidades que são totalmente distintas entre si e que podem ter um valor decisivo na hora das batalhas. Além de utilizar sua barra de mana ao utilizar uma magia ela terá um tempo até ser recarregada e liberada para utilizarmos novamente.
Confesso que eu esperava um número maior destas habilidades mágicas e o jogo acaba por entregar praticamente todas já nos primeiros cápitulos do jogo o que é bom por um lado pois o jogador terá mais tempo para praticar e aprimorar o uso de cada uma delas, mas é ruim pois todo o gostinho de surpresa ao ganhar uma nova habilidade acaba nas primeiras horas de jogo.
As magias também possuem pontos a serem ativados na arvore de habilidades, aprimorando assim cada uma delas.
Black Myth: Wukong conta com 6 capítulos que acontecem em biomas completamente diferentes trazendo inimigos temáticos e que não se repetem de um capítulo para o outro.
Ao explorar cada mapa o jogador se depara com inimigos comuns, inimigos especiais e grandes chefes espalhados pelos mapas.
Os chefes podemos categorizar como opcionais, secretos e obrigatórios.
Os opcionais são alguns espalhados pelos mapas que podemos simplesmente passar adiante sem nenhum problema caso a dificuldade esteja alta. Já os secretos geralmente fazem parte de alguma quest relacionado a personagens que poderão nos recompensar com armas, armaduras e até mesmo magias.
As quests do jogo podem ser confusas de se seguir mas nada muito absurdo, porém perder algum chefe secreto pode ser fácil e dependendo do seu avanço no jogo os chefes secretos podem ser perdidos.
Já os chefes obrigatórios geralmente impedem o avanço pelo mapa ou até mesmo da história e entregam grandes recompensas ao eliminar cada um deles.
A qualidade e quantidade de chefes de Black Myth: Wukong fazem deste jogo algo grandioso. Por não reutilizarem moveset e visual a maioria deles acaba sendo memorável, do tipo em que poucas palavras ditas sobre um destes te fara lembrar da luta.
O nível de dificuldade do jogo é bem fluido, alguns chefes o jogador deverá vencer com apenas uma tentativa enquanto outras batalhas poderão levar horas e horas.
Por ser um jogo que utiliza arvores de habilidade para a evolução do personagem, Black Myth: Wukong trabalha com sistema de níveis. Sempre que um novo nível for alcançado o jogador poderá escolher onde quer utilizar o ponto adquirido que aqui é chamado de Faísca.
São muitas possibilidades entre melhorias de magias, habilidades, exploração, sobrevivência, entre outras coisas.
Estes pontos são utilizados nos santuários, locais espalhados pelo mapa onde podemos não só evoluir o personagem mas também comprar itens, criar armas e equipamentos e descansar para recuperar nosso HP e itens de cura em troca de todos os inimigos do mapa, com excessão dos chefes de area, retornarem a vida.
Algo que é muito bom aqui, é que por possuir um número muito grande de pontos a serem preenchidos na arvore de habilidades, o jogo permite que o jogador possa alterar estes pontos a qualquer momento.
Isso fica a total escolha de cada um, podendo jogar com as consequências de suas escolhas ou mudar o caminho da evolução do personagem de acordo com os desafios encontrados.
Por exemplo, você está sofrendo em um dos chefes pois ele é imune a uma de suas magias. Assim, nada te impede de retirar os pontos desta magia da qual ele é imune e utilizar para fortificar outra magia da qual ele seja mais fraco ou até mesmo melhorar os status do seu personagem.
Do inicio ao fim, Black Myth: Wukong dará total liberdade para o jogador montar o personagem a sua maneira, podendo montar suas builds com habilidades, equipamentos que tragam benefícios, espiritos que possam ser invocados e tonicos que tragam melhorias durante as batalhas.
Black Myth: Wukong funciona totalmente Offline, assim não é possível chamar nenhum amiguinho ou invocar algum espirito para ajudar nas batalhas mais complexas.
Um vasto mundo a ser explorado
Os mundos explorados em Black Myth: Wukong são no geral vastos e bem equilibrados na quantidade de inimigos e chefes a serem derrotados.
Cada um dos cenários remete bem aos diferentes biomas que são possíveis serem encontrados na China. Florestas, desertos, campos cobertos por neve, cavernas são alguns dos cenários em que passamos nas dezenas de horas que o jogo vai exigir em sua primeira jornada.
Se havia alguma dúvida sobre os cenários do jogo serem tão exuberantes e bonitos como os apresentados nos trailers que antecederam o jogo posso afirmar que cumpriram com as promessas porém com algumas ressalvas.
Os cenários são realmente deslumbrantes e na maioria das vezes gigantescos, trabalhando muito bem a direção de arte do jogo, mas esbarramos aqui com dois problemas, paredes invisíveis e falta de identidade.
Não costumo reclamar de paredes invisíveis, mas em Black Myth: Wukong elas realmente incomodam pela maneira em que elas impactam em nossa exploração e pela grande quantidade que o jogo possui.
É comum os desenvolvedores criaram barreiras em seus cenários para que não hajam paredes invisíveis, porém aqui as paredes muitas vezes são identicas a caminhos comuns do jogo. Existem situações onde você pula em um abismo ou entra em um caminho para prosseguir e em outras identicas simplesmente existe uma parede invisível te bloqueando.
Agora a falta de identidade nos cenários dificulta um pouco pois os cenários na maior parte do tempo são muito parecidos trazendo os mesmos elementos, paletas de cores e inimigos da região. Como não contamos com um mapa e muitas vezes existem 2 ou até 3 caminhos a serem seguidos é facil se perder ou esquecer por onde já andou quando não existem muitas informações que identifiquem uma determinada região.
A direção de arte dos cenários também sofre com esta variação, em alguns momentos por mais que sejam bonitos acaba sendo basicamente pedra, mato, areia se repetindo, mas quando entramos em alguma area mais fechada ou encontramos pontos de interesse pelo mapa o jogo brilha. Cada informação visual, madeira, objetos, tudo tem uma qualidade impecável em sua criação.
É possível viajar entre os cenários de capitulos que já passamos e isto pode ser bem comum até mesmo para buscar áreas que não foram descobertas na primeira vez em que estivemos por la, caçar itens para upgrade ou até mesmo quests de um personagem de uma região que precise de algo que esteja em outro.
Explorar todos os níveis de Black Myth: Wukong fazem parte da jornada e é algo bem agradável de se fazer.
Repetitivo mas não é enjoativo
Para mim, um dos maiores problemas em Black Myth: Wukong foi sua repetição de gameplay.
Mas claro isso é algo que aconteceu comigo mas pode ser que não aconteça com você.
Digo isso pois achei que a variedade de combos do jogo basicamente não existe.
Por mais que tenhamos uma dezena de armas, todas são basicamente variedades de uma primeira arma e por isso mudam-se os status mas não a movimentação.
Uma ou outra arma até tem o visual de seus movimentos, que são bem bonitos e funcionam quase que como uma dança sendo apresentados de formas diferentes, mas na jogabilidade isso praticamente não muda em nada.
Aliado a está falta de mudanças e de conquistarmos todas as habilidades principais do jogo ja em suas primeiras horas faz com que Black Myth: Wukong acabe sendo um jogo muito repetitivo.
Em outros jogos do genêro Hack´n Slash é possível alterar a jogabilidade ou fazer novos combos mudando nossos equipamentos, mas infelizmente isso não acontece por aqui.
Alterar a arvore de habilidades muda nossos status mas não acrescenta ou altera movimentações, quantidade de golpes ou adciona novos combos.
Um problema disso foi que por estar tão habituado a movimentação, aos combos e magias que eu sempre utilizava acabou tirando logo no inicio todo o fator surpresa que o jogo poderia ter reservado ao decorrer de toda a jornada.
Esta repetição pode ser frustrante para algus jogadores, e pessoalmente senti sim a falta de experimentar novas movimentações e armas que me fizessem adaptar melhor a uma batalha o outra.
Black Myth: Wukong vale a pena?
É bem complicado de dizer qual seria o perfil para um jogador de Black Myth: Wukong justamente por ser um jogo que traz tantos detalhes de outros jogos.
Detalhes estes que vi amigos abandonando o jogo por esperar que ele fosse uma coisa e outros amando justamente por ele ser outra coisa.
Assim eu tiraria qualquer rótulo de Black Myth: Wukong para dizer que ele tem de certa forma seu estilo próprio.
Eu gostei muito da minha jornada e recomendaria facilmente para qualquer um que deseja uma ótima aventura e um jogo com um desafio na medida perfeita. Batalhas que vão te deixar satisfeito e se sentindo poderoso e outras que irão te frustrar por horas e horas até eliminar seu oponente.
É um jogo que o visual sem sombra de dúvidas vai agradar a qualquer um, mas que seu problemas técnicos como quedas de performance e as já citadas aqui paredes invisíveis poderão incomodar.
Em um mercado que vem apostando suas fichas nos lançamentos de uma industria que busca sufocar os jogadores em uma jornada de micro transações sem fim, Black Myth: Wukong vai contra esta maré e entrega video game puro, ação, qualidade, jogabilidade e arte.
Agradecemosos amigos da Nuuvem por nos enviar uma cópai de Black Myth Wukong para a criação deste review.
