Não é difícil admitir que os anos 90 foram a época de ouro para os jogos de luta. E muito disso aconteceu graças ao cenário fértil do mercado e não apenas pelo fator criativo.
Apenas para entendermos, esta era uma época onde os jogadores dividiam sua atenção entre consoles e arcades.
Sem dúvida alguma o grande caça níquel dos arcades eram os jogos de luta e devido a este cenário todas as produtoras buscavam sua fatia no mercado.
Entre Street Fighter, Mortal Kombat e The King of Fighters sempre surgiam novas tentativas de franquias buscando seu espaço que vale-se a ficha do jogador.
Dentro dessas grandes empresas a SNK sem dúvida alguma era a empresa que estava mais aberta a novas propostas, seja para os arcades ou para seu console, o NEO GEO, que tinha foco em trazer para a casa os mesmos jogos que eram encontrados nos fliperamas.
Eis que agora podemos falar sobre a VISCO que foi uma importante empresa third-party para NEO GEO.
Em 1996 eles lançaram então Breakers.
O game seguia tudo que um jogo da época exigia em sua cartilha sendo uma série de personagens caricatos e que se diferenciavam não apenas por suas habilidades especiais mas também por sua nacionalidade.
Por isso é fácil distinguir o personagem chinês, japonês, arabe e até mesmo brasileira por suas vestimentas, comportamentos e cenário de luta.
Está era uma característica muito utilizada por todas as empresas, até mesmo utilizando como pretexto de venda uma vez que os jogos rodariam o mundo.
Assim Breakers surgiu como um jogo muito competente, trazendo poucos personagens se comparado com outros jogos da mesma época mas com diferenciais bem pontuados e uma jogabilidade bem competente.
Dois anos após seu lançamento uma versão aprimorada de Breakers foi lançada com o título de Breakers Revenge.
Nos anos 90 não existiam DLCs e muito menos atualizações por download, então era comum que as produtoras produzissem uma versão aprimorada de um jogo já lançado, fazendo melhorias em seu balanceamento, velocidade e até mesmo incluindo um ou outro personagem para incentivar a nova compra.
Um exemplo desta prática de mercado aconteceu em Mortal Kombat 3 que após um tempo de seu lançamento foi relançado com a versão Ultimate Mortal Kombat 3 exigindo recomprar o jogo para ter a versão mais completa do game.
Devido a grande demanda de jogos de luta, Breakers acabou não tendo todo este destaque na época de seu lançamento, porém acabou virando um título cult dos jogos de luta graças ao competente sistema de batalha que é extremamente recompensador e as lutas dinâmicas e rápidas.
Breakers também conta com combos, especiais que consomem barras e tem uma curva de aprendizado rápida, sendo assim um jogo bem inclusivo.
Como está a Coletânea?
Não é difícil dizer que Breakers Collection é um coletânea fundamental para qualquer amante de jogos de luta.
O trabalho que a brasileira QuByte produziu nesta coletânea está impecável.
Todos os controles e a maneira de se jogar permaneceram intactas como no original, o que é importante não só para aqueles que já conhecem o título como para os que começarão a jogar a partir da coleção terem a experiência real do jogo.
Outra escolha muito assertiva da QuByte também foi a de não apenas trazer a versão Breakers Revenge, que seria a versão mais completa e atualizada, mas também trazer a primeira versão do jogo.
Esta atenção é muito importante principalmente para aqueles que mais admiram jogos de luta poderem experimentar as duas versões e entender suas diferenças.
Além disso Breakers Collection traz a oportunidade de se jogar online contra outros jogadores e ainda tem a possibilidade de Cross Plataforma, ou seja, pessoas poderão jogar juntas não importando a plataforma sendo PC ou Console.
Apenas Breakers Revenge está habilitado para o modo online que pode conter partidas ranqueadas, casuais e até mesmo é possível criar seu próprio lobby de batalhas com senha e assim jogar nesta sala apenas quem for convidado.
Uma outra novidade que foi adicionado no jogo é que é possível jogar no modo de times.
Assim cada jogador poderá escolher até 3 personagens e a luta só termina quando os 3 forem derrotados.
Embora seja uma adição interessante, por se tratar de um jogo que conta com poucos personagens acaba ficando repetitivo ver sempre os mesmos personagens tantas vezes.
E por fim, por ser uma coletânea, também contamos com uma galeria de artes que conta com trabalhos originais do game e também fanarts, o que é uma proposta muito legal já que este tipo de coletânea só existe graças à base de fãs dos títulos.
Os gráficos do jogo são extremamente fiéis ao original e estão rodando perfeitamente bem e por se tratar de um jogo antigo é possível escolher a maneira que você deseja visualizar o game podendo ser centralizado, mantendo seu tamanho original e com imagens de plano de fundo, um pouco maior ocupando o formato 4:3 por toda área vertical ou em tela cheia distorcendo um pouco a imagem mas ocupando toda a tela.
Para os mais puristas, rodar jogos antigos em tela cheia é um pecado já que o game acaba ficando com uma aparência meio achatada, mas no meu caso pelo menos isso não me incomoda em nada.
Além das telas também é possível adicionar filtros para simular a tela borrada ou até mesmo monitores CRT com scanlines e pequenas distorções que nos lembram interferências.
Também é possível adicionar nas laterais o move list do personagens que você está jogando para que não seja necessário ficar pausando para conferir como realizar aquele ataque especial.
Breakers Collection vale a pena?
Sem dúvida alguma Breakers Collection é um jogo necessário na biblioteca de qualquer entusiasta dos jogos de luta.
Seja você um retrogamer ou até mesmo alguém que não seja contemporâneo da época de seu lançamento, o trabalho que a QuByte fez nesta coletânea está primoroso e vale muito a pena.
Agradecemos a equipe da QuByte Interative que nos enviaram uma cópia do jogo para avaliação e criação deste Review.