Como de costume em jogos de RPG antes mesmo de uma introdução no mundo temos nossa aba de criação de personagem. Então porque não trazer a mesma experiência na nossa review de Dragon Age Veilguard?
Infelizmente todas as suas horas de jogo serão recheadas de simplicidades até de mais e com nosso personagem não é diferente.
Podemos criar 3 classes (arqueiro, mago e cavaleiro) que por mais que tenham seus nomes e características próprias, é a base de todo jogo de RPG já alguns anos. Talvez uma falta sentida por conta do seu antecessor ser tão recheado de escolhas que deixa tudo aqui um pouco pior.
Passando isso ainda temos uma customização rasa, onde por mais que seja sua vontade fazer um corpo mirabolante e diferenciado, você não vai conseguir. Aqui todo personagem que criamos tem um tipo de tronco muito parecido, todos muito retos e sem volumes.
Essa falta de silhuetas pode ser sentida até mesmo em personagens secundários, já que a maioria dos NPCs são sempre com o mesmo formato de corpo, falta novamente aquele primor com corpos que vimos em outros jogos da franquia.
E por fim nosso caminho já percorrido até ali, é completamente ignorado. Eu realmente queria trazer aqui uma visão otimista para um fã de Dragon Age, com seus mais de 10 anos de espera para continuar no mundo rico de Inquisition, mas todas as escolhas, amizades e caminhos tomados nos jogos passados são simplesmente trocados por um texto que resume a atual situação do mundo.
Entendo a falta de conexão com jogos da sétima geração, mas a falta de respeito com os fãs de Inquisition foi sentida nessa escolha.
Ainda me pego pensando, que essa atitude foi direcionada para mirar em um publico leigo e sem nenhuma bagagem da franquia, o que confirma questões da gameplay também, mas ainda é feio por parte da equipe da Bioware não pensar em quem já tem seu save com mais de 100 horas no seus ultimo jogo.
Amigos antigos, novos problemas!
Mais uma aventura em Thedas se inicia e como de costume, é bem no meio da confusão.
Logo no início do jogo após escolher nossa classe e configurar o personagem, seremos jogados no mundo com já um spoiler do final de Dragon Age Inquisition onde teremos que derrotar nosso então aliado Solas.
Seu plano aqui é tentar uma abordagem mais conciliadora junto com Varric (também personagem do jogo anterior) mas o plano nem sempre sai como imaginado e com o fracasso na missão nos vemos forçados a assumir o lugar de Varric para liderar a Guarda do Véu que da nome ao jogo e se torna agora a única salvação do mundo contra as entidades Élficas libertadas por Solas.
A história tenta nos trazer um ar de urgência que de fato comove a primeiro momento já que temos aqui uma carga emocional grande com esses 2 personagens da inquisição, porem esse clima esfria com a escolha de uma ambientação mais cartunesca e leve para tudo ao nosso redor.
Não me entenda errado, acho sim que o estilo artístico do jogo pode funcionar para um RPG mas introdutório da franquia, mas não era isso que esperava de uma aventura de Dark Fantasy que já se inicia com um grande Plot Twist do jogo anterior.
Por mais que o mundo tenhas suas áreas degradadas e até mesmo complemente destruídas pela corrupção (tipo de mofo das entidades élficas) sentimos sempre aquele ar de Guardiões da Galáxia e Fortnite onde tudo precisa apelar para uma comédia situacional e um estilo de animação leve para um publico 16 anos ou menor.
Ainda temos grandes conflitos por conta das suas escolhas e um terror gerado em personagem particularmente afetados pelas mesmas, mas sempre com uma nuvem de simplicidade, ideal para um novato na franquia, mas insuficiente para algumas pessoas mais apaixonadas pelo jogo anterior.
Tecnicamente Dragon Age Veilguard não comete erros, mas também joga no seguro!
Do ponto de vista gráfico, podemos ver uma nítida evolução em tudo que tínhamos antes, é simplesmente absurdo cada efeito no jogo, cada acerto com efeitos de Status fará você se sentir um mago de verdade.
Ainda temos uma expressão facial digna de nova geração mesmo com a opção artística destoante. É realmente um jogo bonito que transmite isso em sua velocidade em momentos de ação e muito bem executado em momentos narrativos para trazer a sensação correta para o jogador.
Mesmo que fique difícil separar a escolha tomada pelos artistas em ter um jogo mais teen temos que admitir que ele transmite o que gostaria de transmitir nos momentos que gostaria.
A Simplicidade dos combates de Dragon Age Veilguard é algo bom até o momento em que ela se torna a única opção.
Depois de criar os 3 personagens para essa review, que por sinal fez com que o jogo já atinja o limite de personagens, pude atestar o que sentia jogando minhas 60 horas de mago.
O combate simplificado se torna raso e maçante quando o jogo não entende a qual gênero ele quer pertencer. É realmente muito divertido ter mais de uma arma para cada personagem, fazendo assim que você seja autossuficiente em qualquer confronto, mas a falta de outros equipamentos é desanimadora.
Como mago então, temos um cajado e uma adaga para atacar em sequencias rápidas, podemos então sempre optar por ter uma abordagem conservadora a média e longa distancia ou uma alternativa mais direta, porem toda essa liberdade se limita em diferentes efeitos que podemos aplicar sendo fogo, gelo, raio, entre outras.
Podemos trocar sempre nossas habilidades o que faz com que o momento de pensar sua build seja totalmente sem compromisso e permite diversas experimentações. Particularmente falando gostei do combate ágil como mago, sinto falta sim de um elemento para diversificar seu combate mas contorno isso testando diversas posturas na arvore de habilidades
A simplicidade elimina desse jogo uma das melhores alternativas de gameplay que já vi em um RPG. Para quem não jogou Dragon Age Inquisition, o game foi lançado a mais de 10 anos e tinhamos a oportunidade de alterar constantemente nosso personagem jogável do grupo, então depois de algumas horas explorando como mago, eu tinha a liberdade de simplesmente controlar um integrante aleatório que me acompanhava no momento, aqui não temos essa oportunidade.
Temos sim como controlar nossos amigos e companheiros, mas apenas pela câmera tática, que assim como todo o resto, foi simplificada.
Com 2 personagens em party mais o seu personagem, temos aqui uma gameplay bem mais direta e fácil para lançar nossas magias e ações que demandam um tempo de recarga, podendo inclusive ‘combar’ ações caso tenha escolhido personagens que tenham uma habilidades que combinem entre eles.
Imagino que trazer um elemento de sinergia através de escolhas e relacionamentos entre eles para um efeito ainda maior do combo de magias seria uma boa adição, mas como já vimos nessa review, o foco do jogo é um publico iniciante então entendo a escolha.
Por fim não podemos falar de Dragon Age sem nos lembrar das opções que ramificam a história e suas relações com membros da equipe. Sim, podemos ainda ter relacionamentos com membros da party mas de uma forma muito mais simples e sem muitos respaldo de resultado, já que alguns companheiros apenas nos é permito um flerte constante mas sem nunca surgir uma oportunidade de fato de um romance, enquanto outros personagens são mais fáceis de serem conquistados.
Temos também nosso nível de ‘Elo’ que seria seu “relacionamento” com o integrante em questão, esse elo faz não apenas que esse personagem crie mais intimidade com você, mas como melhora seus atributos em combate e pode até simbolizar um aliado mais resistente para o final do jogo.
O contrário ainda se faz presente quando temos escolhas entre A ou B. Em um momento da campanha devemos escolher qual cidade proteger dentre 2 que estão sendo atacadas, quando escolhemos uma delas podemos perder esse companheiro que não concorda com sua escolha e até mesmo perder habilidades de ‘suporte’ desse personagem já que ele agora carrega uma certa mágoa pela sua ação.
Sentimos o peso de nossas escolhas em conversas e ações da história, mas nada parecido com perder definitivamente um membro da equipe ou algo do tipo. Aqui toda escolha tem sim um peso, mas um peso muito menor que as escolhas de jogos anteriores.
De forma isolada é um bom RPG e um jogo muito competente, como sequencia deixa a desejar.
Seria ilógico não falar que Veilguard não é um bom jogo, ele inclusive é um bom RPG, mesmo com suas ressalvas. Mas infelizmente, o que fez Dragon Age Inquisition ser um jogo memorável não encontramos aqui.
Apesar de muita qualidade técnica em sua exploração e seu combate, ainda temos que lembrar que por ser um RPG de ação, alguns momentos podemos sentir um conflito das suas identidades, onde não conseguimos nem traçar estratégias mais detalhadas em confrontos e nem fazer com que apenas nossa habilidade pessoal seja suficiente.
Digo isso pois como o jogo faz questão de mostrar, ele não é ágil como gostaria. Isso se torna particularmente frustrante no terceiro ato quando temos batalhas mais desafiadoras e percebemos que todos os oponentes tem olhos apenas para seu personagem, fazendo assim o jogo não ser suficiente mesmo com seus pontos fortes.
Dragon Age Veilguard ainda é um RPG bem construído e com seu charme próprio, mas teve o azar de lançar depois de um dos melhores jogos do gênero.
Consigo me ver recomendando Veilguard para jogadores novatos em Dragon Age e até mesmo novatos no mundo de RPG, mas sempre com a ressalva que seu titulo anterior continua sendo o melhor Dragon Age já lançado.
Agradecemos os amigos da Nuuvem que nos enviaram uma cópia de Dragon Age Veilguard para a criação deste review.