Final Fantasy VII Rebirth é a segunda parte de uma trilogia que promete recontar os acontecimentos de Final Fantasy VII o RPG que mudou a história do gênero para nós ocidentais sendo um grande sucesso nos anos 90.
O jogo é uma continuação direta de Final Fantasy VII Remake que em seu lançamento causou uma certa desconfiança e polêmica por trazer apenas uma pequena parte do jogo original de forma expandida.
Para efeitos de comparação, todo o conteúdo de Final Fantasy VII Remake, que passa na cidade de Midgar, leva em média 5 a 6h para ser completado no jogo original, enquanto no remake pode-se levar de 25 a 30h.
Claro que muito desse alargamento tem fillers e momentos desnecessários, mas no conjunto da obra o saldo acabou sendo bem positivo, principalmente para quem já era fã do jogo que pode ver lugares que antes se resumiam em cenários pré renderizados e muita imaginação de uma maneira mais viva, personagens que também passavam rapidamente por toda essa história ganharam um protagonismo e um plano de fundo que nos fez criar apreço e atenção a todos do enredo.
é importante reconhecer que Final Fantasy VII Remake foi um experimento e o que parecia ser grandioso, hoje em comparação ao que Rebirth nos entrega faz com que o primeiro jogo desta trilogia se assemelhe a uma versão DEMO do que a Square Enix tinha como proposta final.
Dito isto, Final Fantasy VII Rebirth expande por completo a experiência e agora sim entrega uma visão e de certa forma uma celebração de um mundo no qual os fãs deste título em especial esperaram por tantos anos vivenciar.
Final Fantasy VII Rebirth, uma história recontada.
Importante dizer que assim como no Remake, o primeiro capitulo desta trilogia, algumas coisas mudaram não apenas na forma em que acontecem mas também no sentindo em que essa história está sendo recontada.
Por isso, mesmo que assim como eu, você já tenha jogado o game original algumas vezes e conheça a história de cabo a rabo e de traz pra frente, Rebirth será um jogo novo para você.
Sim, muita coisa canônica se mantem intocada, mas pequenos detalhes são retrabalhados e em sua maioria achei que funcionam de forma mais coesa e melhoram a narrativa deste RPG. Entretanto outras desaprovo totalmente por achar que fazem personagens poderosos serem grandes paspalhões, vilões que deveriam impor pavor ao mundo sendo rebaixados a uma posição patética onde só faltou dizer que “Venceram hoje, mas não vencerão a próxima”.
Se comparado ao jogo anterior onde muita coisa teve de ser enxertada na história para fazer do título algo maior, em Rebirth estas pontas extras acabam se resumindo em missões secundárias e o foco da história fica por conta do desenrolar do enredo principal.
Final Fantasy VII Rebirth começa em um Flashback onde Cloud conta aos outros do grupo seu passado com o Sephirot. Exatamente o que fazemos no jogo original quando saímos de Midgar e vamos até Kalm a cidade mais próxima da Shinra.
Todo o desenrolar dali em diante para quem conhece o jogo original atende o conteúdo do primeiro disco (que no PlayStation era dividido em 3 cds).
No jogo de 1997 este era o momento em que era liberada a exploração do mapa do mundo onde poderíamos conhecer novas cidades em busca de encontrar Sephirot. No passado os RPGs utilizavam este momento explorando um mapa que simbolizava aquele mundo e ao entrarmos em algum ponto a tela mudava para a cidade ou nova região.
Com os jogos de mundo aberto sendo bem comuns atualmente, Final Fantasy VII Rebirth aproveita e utiliza este recurso para contar sua história.
Assim boa parte do que acontece no jogo original está aqui com cidades e pontos que fazem parte deste universo e sua história, com exceção de uma das cidades que era obrigatória originalmente e não está neste remake.
Claro que este é um detalhe que apenas os que jogaram o game original percebem, para quem está conhecendo a trama por agora as alterações neste sentido são bem vindas, trazem um dinamismo maior ao desenvolvimento do roteiro e não estragam em absolutamente nada a experiência, podendo ser apenas um preciosismo tolo dos mais críticos.
A maneira que a Square-Enix trabalha a história, personalidades de cada um dos personagens e a maneira que eles interagem entre si fazem algo que já era grandioso no passado escalar de uma maneira incrível. Tudo é tratado com um carinho e respeito imenso ao jogo e também aos jogadores.
Alguns pontos e decisões me desagradam, mas mesmo assim fico curioso para saber o caminho que será tomado na parte final desta nova história.
Como é jogar Final Fantasy VII Rebirth
Por ser uma continuação vou levar em consideração que os interessados por este review já tenham jogado Final Fantasy VII Remake. Ao meu ver é obrigatório joga-lo antes de embarcar em Rebirth.
Assim, como referência ao primeiro jogo o combate se mantem ágil e muito gostoso de controlar, combinando ação com pitadas estratégicas e tomada de decisão como se fosse um RPG de turno.
Aqui ainda foram acrescentadas novas habilidades em duplas e ataques especiais que deixaram as batalhas do jogo ainda mais divertidas e intensas.
Estas combinações podem ser estratégicas em diversos momentos e para cada dupla teremos uma combinação de ataques e ações diferentes. As combinações são adquiridas durante a evolução da história fazendo sidequests onde através de nossas escolhas laços entre os personagens são fortalecidos.
Escolher o melhor personagem e ataque para cada tipo de inimigo resulta em aumentar a barra de Stagger fazendo com que o adversário fique mais vulnerável e tome mais dano. Por isso é comum que durante as batalhas seja feita a alternância de personagens com uma certa frequência.
Também existem inimigos que personagens do nosso grupo possuem mais facilidade, como Barret para inimigos voadores utilizando suas armas de fogo.
Durante toda jornada o grupo mantem Cloud, Tifa, Aerith, Barret, Red XIII, Yuffie e Cait Sith como personagens jogáveis com habilidades e características próprias. Cid e Vincent entram para o grupo mas não são personagens que podemos controlar.
Os monstros estão espalhados pelo mapa e basta se aproximar para dar inicio a batalha que a depender do seu nível e equipamentos na maioria são das vezes rápidas e dinâmicas, principalmente quando se sabe a fraqueza e qual melhor personagem para cada tipo de inimigo.
Já as batalhas contra os chefes e summons são longas e sofrem alterações de estratégia o tempo todo.
Infelizmente a progressão do jogo anterior não é mantida e começamos novamente do nivel zero e sequer existe uma forma de importar equipamentos, armas e matérias.
O sistema de evolução continua semelhante ao Remake tendo de evoluir as matérias para conquistar melhores habilidades e status quando equipadas.
Por isso no quesito batalha e evolução de personagens Final Fantasy VII Rebirth não reinventa muito do que já havia sido criado, no entanto consegue deixar tudo melhor.
Um grande playground a ser explorado
A principal diferença entre Rebirth e o Remake fica por conta da exploração do mapa.
Confesso que como um grande fã da série, por mais que eu ache Final Fantasy VII Remake um ótimo jogo a exploração muitas vezes é linear demais. O que de fato reflete a Midgar no jogo original e pode ficar cansativo na proposta de esticar o jogo.
Mas explorar o mundo livre de Final Fantasy VII Rebirth é uma deliciosa experiência.
O jogo brinca com a ideia de grandes regiões exploráveis que funcionam como mini mundos abertos.
Dentro destes cenários gigantescos existem dezenas de atividades a se realizar. Seja desvendar puzzles, enfrentar inimigos, fazer sidequests, coletar itens para produção de outros itens e matérias e por ai vai.
O que pecou no passado como um jogo fechado demais em sua exploração acertou em cheio por aqui.
A integração do que é uma area selvagem com regiões urbanas e centros de cidade funciona com pura fluidez, sem necessidade de loadings, tudo direto ao ponto.
Neste quesito como alguém que jogou e ainda joga o original de tempos em tempos, devo dizer que a Square-Enix mostra o cuidado e atenção que ela teve em fazer este remake.
Não é possível transcrever o sentimento e a emoção de ver certos locais na sua frente, mesmo que de forma digital, algo grandioso que no passado muitas vezes só era possível utilizando nossa imaginação. Uma comparação talvez seria a de uma criança, ou até mesmo um adulto, chegando na Disney e vendo que o castelo que sempre viu pela TV é real.
Foram inumeras vezes em que simplesmente fiquei parado contemplando cenários, vendo pontos e locais que eram impossíveis de serem interpretados com as tecnologias da época.
Me sentia como ter um parque de diversão dos sonhos em minhas mãos, tudo tão familiar e lindo como se eu já conhecesse estas terras.
Cada nova área é liberada conforme avançamos nos capítulos do jogo e estas não ficam 100% interligadas e recebem o nome de alguma grande cidade como Junon ou Gongaga. E o mais importante é que você não sente que está sendo enrolado, poucos são os momentos em que você percebe que o jogo foi esticado artificialmente apenas para ser maior.
Como um bom RPG o jogo vai exigir sim que você jogue, evolua, fique mais poderoso para assim continuar sem sofrer nos mapas seguintes, mas é tudo muito natural e faz parte do genêro.
Os mapas são grandes e merecem ser explorados, querer jogar Final Fantasy VII Rebirth correndo ou de forma apressada poderá estragar em muito sua experiência.
Mini Games para todos os lados
Algo que com certeza vai chamar a atenção em quem for experimentar este jogo é a grande quantidade de mini games.
Para quase tudo que vamos fazer no jogo existe algum tipo de mini game, seja abrir um báu ou liberar segredos pelo mapa.
Também existem mini games focados na história e cidades como Costa Del Sol e Gold Saucer onde basicamente vamos para aproveitar estes jogos dentro do jogo.
Embora possa parecer que o jogo tenha extrapolado na quantidade, vale lembrar que o jogo original também possuia diversos mini-games relacionados a história, evolução de personagens, itens secretos e passa-tempo.
Queens Blood
Os jogos de carta em Final Fantasy começaram em Final Fantasy VIII e em Rebirth eles trouxeram o Queens Blood que é um jogo viciante.
Até mesmo esse mini game está envolvido na história tendo um capítulo onde ele tem uma certa relevância.
A verdade é que Queens Blood é aquele tipo de jogo viciante que poderia facilmente ser lançado como um jogo solo que faria sucesso.
Chocobos amigos
Os mapas de Final Fantasy VII Rebirth são extensos de se explorar mas podemos contar com a ajuda de Chocobos.
No original existia um mini game onde deveriamos cruzar os animais a fim de conseguir espécies de outras cores cada qual com sua habilidade especial como escalar paredes e andar por terrenos especificos.
Neste remake cada area possui um chocobo diferenciado e com cor própria trazendo habilidades para a exploração daquela região.
Para libera-los obviamente será necessário vecer um mini game de caça.
Ainda existem chocobos filhotes que ao segui-los abrimos checkpoints no mapa que servirão como pontos de viagem rápida.
Liberar os chocobos e os checkpoints é de real necessidade principalmente para aqueles que almejam completar 100% de cada mapa do jogo.
Batalhas Virtuais e summons.
Chadley foi um personagem introduzido em Final Fantasy VII Remake. A função dele é basicamente cuidar do sistema de batalhas virtuais, arenas onde é possível conquistar melhorias, itens, criar novas matérias e em especial os Summons do jogo.
A cada novo mapa do jogo liberado, Chadley ira ter a disposição um novo summon para desbloqueio e para utiliza-lo basta vencer a batalha no sistema virtual. Porém essas batalhas não são nada fáceis de se conseguir.
No entanto o jogo irá recompensar aqueles que decidem por explorar o mapa.
Existem alguns pontos onde encontramos “monumentos” com um mini jogo e cada um destes quando resolvidos diminui o poder do summon daquela região. Desta forma basta encontrar todos os monumentos de uma área para facilitar sua vida na batalha contra estes deuses.
Um detalhe é que aqueles que jogaram Final Fantasy VII Remake e a DLC Intermission terão disponível como conteúdo extra dois summons Ramuh e Leviatan
Fort Condor
O mini game de batalha tática está de volta. Este jogo surgiu na DLC intermission e aqui faz parte da história para uma sidequest que vale a pena realizar para a liberarmos um chefe secreto de Final Fanasy VII Rebirth.
No jogo você deverá posicionar personagens com diferentes habilidades e defender suas torres enquano ataca as areas inimigas.
A trilha sonora perfeita para sua viagem
Final fantasy VII Rebirth é um sonho realizado para qualquer fã que sempre desejou uma imersão maior neste universo.
Uma quantidade gigantesca de diversas tarefas a se fazer e que não cansam, no geral são divertidas de se fazer e cada jogador pode realiza-las com liberdade e no seu ritmo sem estragar a experiência.
E tudo isso acompanhando com um rearanjo maestral da trilha sonora clássica do jogo original.
O trabalho com a música foi feito com tanto carinho e qualidade por aqui que a mesma trilha tem nuances que muita vezes nem percebemos o momento em que ela mudou devido a grande imersão que estamos na jornada.
A mésma música pode alterar para um ritmo mais intenso, rápido, alégre e tudo de forma natural e harmonica.
Visual de Final Fantasy VII Rebirth decepciona no modo desempenho
Talvez o maior ponto negativo em Final Fantasy VII Rebirth sejam os gráficos quando colocamos o jogo em seu modo desempenho.
Confesso que quando joguei a versão demo já havia achado estranha a forma que o jogo estava aparecendo em meu monitor, me causando uma sensação de que algo estava errado com meus olhos.
Infelizmente o jogo não foi corrigido para a versão final e mesmo após alguns upgrades ele ainda não está rodando de forma completamente satisfatória.
Não tive grandes quedas de FPS, mas o visual em um jogo que é tão lindo e bem construido graficamente me fez optar por joga-lo a 30FPS o tempo todo.
Não que isso seja o fim do mundo ou algo que vá estragar sua experiência, mas confesso que após terminar e rejogar alguns momentos a 60FPS tive a conclusão que o jogo rodando de maneira mais fluida é bem mais interessante.
Final Fantasy VII Rebirth recebeu uma versão aprimorada para PlayStation 5 PRO e tudo indica que este problema de qualidade de imagens no modo desempenho foi solucionado, porém não temos este console para testar.
Em Janeiro o game será lançado para PCs e acredito que nesta versão os problemas gráficos do modo desempenho também devem ser solucionados trazendo a melhor experiência para os jogadores.
Final Fantasy VII Rebirth é uma aula de como um remake deve ser feito.
Todo santo ano existem discussões em cima de jogos que são remakes. E na maioria das vezes essas discussões fazem muito sentido trazendo críticas válidas quando falamos de remakes que buscam apenas explorar o bolso dos mais nostálgicos, entregando experiências aquém da obra original.
Posso não estar sendo justo, mas honestamente o primeiro grande remake que de fato soube fazer jus em como aprimorar a experiência se comparado ao seu game original talvez tenha sido a franquia Resident Evil.
Quando o primeiro remake de Resident Evil 1 para Game Cube aprimorava a experiência e ainda dava um banho gráfico em seu jogo.
Com toda a experiência da Capcom, provavelmente o segundo melhor remake da história dos jogos tenha sido justamente Resident Evil 2 Remake que melhora e atualiza a maneira que jogamos o título respeitando a obra original e a importância que ela tem para os fãs da série.
Final Fantasy VII Remake foi ousado em seu lançamento, trazendo uma pequena área do jogo original em um novo formato, uma nova experiência onde o visual não era o mais importante a ser alterado, tudo dentro daquele universo era novo e diferente.
Rebirth aumenta a escala da inovação de como um Remake deve ser feito, usando referências do material original e trazendo novidadades e experiências que devem agradar e respeitar os fãs.
Tentar rebaixar este jogo dizendo que ele é um remake, como se fosse algo sem valor ou apenas uma cópia de algo feito no passado é a maneira mais boba e preconceituosa de se tratar os profissionais envolvidos aqui.
É nitido que o carinho com este jogo antes de mais nada é o carinho e atenção de pessoas que cresceram e são fãs do título original em um nível que cada detalhe foi pensado da maneira que eles próprios gostariam de vivênciar. De algo que poderia ser a ideia original em suas fantasias e imaginações, mas obviamente por questões técnicas não eram possíveis no passado.
A maneira que este jogo expande experiências, visuais, exploração, jogabilidade, batalhas, inimigos, chefes e prontos cruciais elevam a industria a um nível que qualquer remake deveria pensar duas vezes antes de ser lançado.
É impressionante como áreas que antes eram minúsculas ou funcionavam apenas como passagem de um local para outro como Mithrill Mine e a travessia do mar dentro do Navio ganham qualidade, histórias e atividades que são interessantes de fazer e enriquecem ainda mais o enredo.
Dito isso, compreendo aqueles que reclamam de remakes e na maioria das vezes estão com razão. Em uma indústria que a cada ano parece esar mais preguiçosa, este projeto de recontar um dos maiores e mais importante jogo da história dos vídeo games está sendo realizado de uma forma tão profissional que merece sua atenção.
Final Fantasy VII Rebirth Vale a pena?
Rebirth é o jogo que fica no meio de uma trilogia, superior ao seu antecessor, expandindo seu universo e entregando um jogo denso, cheio de coisas a se fazer e com uma história interessante a se seguir.
Se você conheceu o jogo a partir do REMAKE e gostou do que viu por la, Final Fantasy VII Rebirth sem dúvida alguma é uma escolha certa e vai trazer horas e horas de conteúdo pro seu histórico.
Agora se no seu caso, você é um jogador que gostava do game original ira ficar encantado com tudo que a Square-Enix trouxe aqui e entrega nos detalhes de cada local do jogo.
Final Fantasy VII Rebirth é grandioso, uma jornada que mesmo para aqueles que já conhecem a história, outros jogos da série, animações e filmes, podem se surpreender e se decepcionar.
Da mesma forma que o jogo marcou uma geração no passado, este jogo tem tudo para nos deixar marcados novamente.
Como fã de Final Fantasy VII, jogo que inclusive joguei novamente no comecinho de 2024 antes do lançamento de Rebirth, essa é uma escolha mais que acertada e necessária de se ter em um sua biblioteca.
Para quem ainda não jogou o remake, recomendo que comece por ele mesmo hoje sendo uma experiência mais fraca se comparado a este.
Não sei ainda o que esperar do capítulo final e do que a Square-Enix está planejando entregar para os fãs, mas da mesma forma que Rebirth foi um dos meus jogos mais aguardados para este ano, a próxima aventura ja me deixa cheio de esperanças de que será um fim apoteótico.
AGRADECEMOS OS AMIGOS DA SQUARE-ENIX LATAM POR NOS ENVIAREM UMA CÓPIA DE FINAL FANTASY VII REBIRTH PARA A CRIAÇÃO DESTE REVIEW.
Uma resposta
Um dos melhores do ano sem dúvida!