Monster Hunter Wilds é o novo título da franquia Monster Hunter que começou lá no PS2 no ano de 2005 e que já teve muitas inovações e modificações desde sua jornada e o novo título traz isso mais uma vez.
Este novo jogo é o caminho certo que a franquia deve ir porem nesse caminho ele tropeça e cai algumas vezes sem perder seu brilho!
História boa para a serie mais clichê demais
Toda série Monster Hunter sempre sofreu com sua história rasa, a maioria de seus jogadores sempre focou em sua gameplay, na exploração e nos monstros, pois a história de quase todo jogo é que um novo monstro apareceu e acabou com a ordem natural naquele lugar e os caçadores devem impedir que isso continue acontecendo.
Aqui temos isso outra vez, porém com o foco aprofundado na história dos novos personagens como o Nata que é um garoto que tem sua aldeia atacada por um Monstro chamado pelos locais como Espectro Branco, e após este evento Nata é mandado para procurar ajuda.
A história de nosso caçador começa quando somos enviados em uma expedição para uma terra desértica onde se acredita que a mil anos não existem rastros de civilização e nessa exploração encontramos Nata desmaiado em meio ao deserto. Após o resgate nos é dado uma expedição para saber mais sobre o acontecido e poder estudar esse novo monstro e o que ele é.
Os novos personagens são bem vindos, porem outros funcionam melhor nesse universo, como nossa amiga Ferreira, a assistente que é bem simpática e divertida ou até mesmo a comandante da missão que é casca grossa, já Nata e outros personagens não tem um vínculo tão grande com o que a serie deseja que é a coragem de enfrentar os desafios que parecem impossíveis. São personagens que demoram demais para amadurecer e crescer na trama e quando se tem alguma coisa mais profunda ou surpreendente na história são coisas clichês que já vimos várias vezes em outras mídias ou até em próprios jogos da Capcom.
Gameplay rebuscada e com inovação na medida certa
Gameplay sempre foi a parte principal de todo Monster Hunter por ser um jogo que traz uma liberdade muito grande oferecendo quatorze armas diferentes a sua escolha dando uma grande variedade nas batalhas.
Podemos contar com espadas gigantes, berrantes que podem dar buffs a seus amigos, lanças com ataques explosivos e muito mais, e o legal de Wilds é que podemos levar duas armas a qualquer lugar, uma fica na posse do caçador e outra guardada em sua montaria chamada Seikret.
Seikret poderá ser chamado a qualquer momento e assim trocamos nossas armas com muito dinamismo, isso faz com que a jogabilidade nunca perca a graça. Se com uma arma lenta você está tendo dificuldade, talvez utilizando uma mais rápida ou com longo alcance seu problema possa ser resolvido.
Para mim isso foi um dos maiores acertos do jogo pois nos antigos você tinha que criar uma configuração exclusiva mas em Wilds você pode mesclar a hora que quiser se adaptando muito melhor aos desafios.
Cada arma possui algum movimento novo exclusivo e isso foi muito bem recebido pois algumas armas eram pouco utilizadas pois não tinham o mesmo carinho e atenção como as mais populares, já aqui todas ficaram bem divertidas. Como exemplo eu nunca me interessei pelo berrante de caça e aqui em Monster Hunter Wilds eu achei muito legal o que trouxeram de novo para a arma e assim um jogador veterano como eu pode se divertir com uma arma que nunca me despertou interesse em outros jogos da franquia.
As feridas são uma nova mecânica onde se o jogador bater muito em certas áreas, feridas serão abertas que podem ser acertadas com o modo foco, um novo método de mirar livremente com todas as armas.
Essa nova mecânica foi muito bem vinda pois certas armas pesadas tinham problemas para conseguir acompanhar o monstro e aqui com o modo foco você tem a oportunidade de durante um combo poder virar a câmera e acertar o monstro com seus ataques mais fortes sem ele ter a chance de fugir. E um desses ataques fortes são as feridas que eu tinha mencionado, acertando elas com o ataque de foco todas as armas tem animações próprias que podem ser benéficas para cortar ou destruir certas partes do monstro ou para nocautea-lo.
Isso é muito divertido pois o jogador tem a recompensa de poder causar um dano bem grande e ainda curtir animações ou combos bem legais de se ver, estou com mais de cinquenta horas de jogo eu não me canso de fazer esses movimentos.
Os monstros continuam incríveis porem a dificuldade pode estragar o brilho de alguns
Como o título do jogo explica nós estamos aqui para caçar monstros e Monster Hunter Wilds traz uma variedade boas deles. Porém os novos sofrem de um problema que a facilidade que eles apresentam.
Pela proposta do jogo em introduzir mais jogadores novos a série eu entendo essa facilitação mas acho que isso se estende muito pela campanha, fazendo com que o jogador mate uma vez o monstro e não tenha necessidade de voltar a enfrenta-lo já que as recompensas que são ganhas pela caçada não fazem tanta diferença na build que o caçador está criando.
Isso faz com que o brilho da novidade do monstro com seus ataques e design únicos não tenham importância, no entanto isso é deixado de lado quando chegamos na metade da campanha quando neste momento sim enfrentamos um monstro com proporções grandes e uma vasta variedade de ataques que podem facilmente matar o jogador com apenas um golpe.
Mas este desafio traz boas recompensas dando a vontade de enfrenta-lo várias vezes estudando melhor o monstro e aprendendo como evoluir nossa maneira de jogar e aproveitar tudo que a gameplay pode oferecer.
Multiplayer brilha porem não é nada intuitivo
Monster Hunter sempre foi pensado para ser jogado com os amigos, mesmo que funcione muito bem solo e aqui temos um multiplayer mais rebuscado e arriscado com lobbys que suportam até cem jogadores. Esse número alto de jogadores pode ser bom pois deixa o jogo vivo, mas por outro lado a quantidade grande pode ser muita informação.
Monster Hunter World possuía um sistema de S.O.S que quando utilizado faria sua missão aparecer disponível no quadro de missões para que todos os jogadores do mundo possam entrar e aqui temos isso outra vez. Porém com uma novidade bem simples e interessante, enquanto o jogador não recebe os players humanos em sua missão os caçadores controlados pela IA entraram para não deixar você enfrentar sozinho sua caçada e isso faz o jogo ficar vivo e dinâmico já que a IA brilha muito fazendo golpes, buffs e curas precisas.
Infelizmente o jogo para se jogar com os amigos não é tão intuitivo e simples, a HUD não te ajuda a entender como fazer para convidar outro jogador para uma caçada, onde está o código de um amigo ou onde eu tenho que inserir esse código, fazendo com que tudo fique complicado.
A mesma coisa acontece com o Grupo de Elo que é para você poder ficar na mesma área que seu amigo ou vice-versa, isso é bom e divertido porem te limita em certas caçadas ou durante a história principal causando uma certa confusão pois o jogo não te explica isso trazendo muita perda de tempo para resolver coisas que eram simples em outros títulos da série.
Mapas Grandes de biomas incríveis com exploração fraca
A variedade de Mapas em Wilds é satisfatória, ainda mais com o ciclo natural de dia e noite podendo afetar a gameplay. O primeiro mapa é onde notamos mais esta variedade tendo tempestade de raios e de areia fazendo com que a vida natural modifique seu padrão.
A quantidade de biomas e mapas são de encher os olhos com a arte e a paleta de cores aplicada, a floresta é incrível de se ver muito bem feita e a mesmo se repete nas montanhas geladas ou cavernas industriais cheias de fogo.
No entanto o jogo tendo mapas tão grandes e diversos faz a exploração ser deixada de lado com excessão de situações onde o monstro acabe fugindo para uma parte nova do mapa. Sem estes momentos muito provavelmente o caçador não irá achar aquele lugar por si só.
Eu tive essa experiência mesmo com dezenas de horas em Monster Hunter Wilds onde pude me deparar com lugares do mapa que sequer imaginava sua existência. Não dá para compreender o porquê disso pois o mapa é detalhado passando as dimensões onde o mapa chega verticalmente e horizontalmente e mesmo assim não temos essa vontade de explorar locais desconhecidos.
O simples é eficiente porem sem graça
Uma novidade que traz qualidade de vida a Monster Hunter Wilds é o novo método de cantina ou comer que temos no jogo. Agora nos alimentamos uma vez e temos o buff dessa comida por um tempo determinado, dependendo de cada ingrediente isso pode aumentar ou diminuir a duração e buffs que o caçador terá em sua jornada.
Temos também a possibilidade de se alimentar no meio da batalha ou do mapa fazendo a qualidade de vida ser bem melhor, porem a quantidade de alimentos é limitada, sendo carne para ataque, peixe para defesa e vegetais para defesa elemental e tendo complementos para auxiliar esses buffs.
Durante as horas de jogo eu me vi fazendo a mesma escolha de pratos na maior parte do tempo uma vez que a defesa elemental é muito boa, não que os outros sejam escolhas ruins porem podendo selecionar apenas uma opção eu preferia esse, enquanto no World nós tínhamos a opção de misturar carne com peixe e legumes, aqui ficamos limitados a escolhas mais simples e eficazes mas que tiram o brilho de uma parte tão marcante da série que são as comidas.
Vale dizer que as animações são lindas e muito bem feitas, porem quando eu tenho o incentivo de só comer vegetais essa qualidade fica meio de lado pois sempre tenho a mesma animação quando vou cozinhar.
Onde estão os gatos na cantina que faziam pratos mirabolantes?
Com animações bem-feitas e divertidas, onde o caçador fazia missões para a cantina e assim vislumbrava uma quantidade de refeições em seus pratos, está mecânica foi modificada dando assim uma renovada desse aspecto.
Em Wilds ainda temos a cantina de gatos porem ela foi reduzida a te dar rações prontas enquanto comer nos jogos antigos era uma coisa que podíamos fazer com os amigos aqui é reduzido a simplicidade solitária que tira esse brilho porem é eficaz.
A mesma crítica tenho a dizer a botânica que foi apresentada no jogo muito tarde fazendo com que os itens importantes para caçada como Lampejo ficassem em falta e só nos é apresentado depois de terminar o jogo e isso no meu ponto de vista foi uma falha grande.
O jogo é bonito quando as texturas carregam
E aqui temos mais um exemplo de má otimização de jogos no PC o e nos consoles, Monster Hunter Wilds falha grotescamente tendo uma otimização porca fazendo com que placas da série novas da Nvidia como 5080 não consigam chegar a mais de 60 frames sem usar o frame generation, não me leve a mal o jogo é bonito mais não é tudo isso.
Para mim o grande problema é a engine da Capcom a RE engine que se sai muito bem em jogos lineares como o RE4 Remake que é leve e tem gráficos bonitos, porem em jogos de mundo aberto ela falha como foi no caso de Dragons Dogma 2 que rodava mau em todos as plataformas que foi lançada e aqui em Wilds temos isso acontecendo mais uma vez.
Para quem joga no PC somos obrigados a usar frame generation para passar a casa dos 60 frames, as texturas no alto em sua maioria não carregam fazendo com que o jogo tenha texturas baixas dignas de dez anos atrás e mesmo nos consoles o modo performance usa tecnologias ultrapassadas de suavização de imagens como FSR1 fazendo com que a imagem fique embaçada e sem nitidez.
Em anos jogando Monster Hunter eu nunca peguei um jogo da série tão mau otimizado assim realmente foi decepcionante o resultado disso e espero que futuramente eles possam corrigir esses erros pois isso prejudica o fantástico trabalho artístico e as paletas de cores.
Monster Hunter Wilds vale a pena?
Monster Hunter Wilds é uma caminhada certa para franquia dando dois passos pra frente e um para trás, porem o futuro tem tudo para fazer com que essa caminhada seja só para frente.
Mesmo com seus tropeços e falhas o jogo traz muitas novidades na gameplay e em seu mundo, fazendo com que os tropeços sejam esquecidos e com o empenho da equipe do jogo sendo forte com certeza esse vai ser um dos melhores jogos da série.
Recomendo demais o jogo pois ele é diversão garantida pra quem gosta de uma boa aventura com uma gameplay bem diversificada.
Agradecemos os amigos da Capcom Brasil por nos enviar uma cópia de Monster Hunter Wilds.
