Review

One Piece Odyssey

One Piece Odyssey Review
Uma odisséia de acertos e erros.
Disponível para:
Playstation 4, Playstation 5, Xbox Series S/X, PC
Review escrito por:
Danilo Manzato

One Piece é sem dúvida alguma uma das maiores obras já feitas quando falamos de mangás e animes. 

A criação de Eiichiro Oda já está entre nós a mais de 25 anos e as aventuras de Luffy e seu bando já viveram e continuam a viver aventuras incontáveis e até a publicação deste review sem previsão para que elas acabem e assim possamos descobrir afinal o que é o One Piece.

Entre mangá, anime, filmes e claro jogos existe uma grande quantidade de materiais para aqueles que já são fãs ou para quem queira começar a partir de agora a conhecer melhor este universo.

One Piece Odyssey

Eis que chegamos a One Piece Odyssey, um RPG de que promete ao jogador uma grande aventura revivendo momentos do passado com o bando dos chapéu de palha.

Para entender a história de One Piece Odyssey é importante dizer que o jogo parte do princípio que aqueles que irão jogar o título conheçam previamente a obra original.

Assim os fatos que vemos durante o jogo acontecem inicialmente após o “time skip” um evento na história já avançada dentro do universo de One Piece.

Com isso diversos acontecimentos podem ser spoilers para aqueles que estão começando acompanhar a história!

Já para quem não conhecem absolutamente nada da obra original não ficará completamente perdido uma vez que o jogo traz pequenos resumos para apresentar os fatos e acontecimentos.

Luffy em Water Seven

Na história de One Piece Odyssey os chapéu de palha acabam caindo em uma misteriosa ilha e com o impacto seu navio acaba sendo seriamente danificado e assim o grupo fica preso por lá.

Após uma breve exploração acabam encontrando Lim uma personagem que rouba os poderes de todo o bando, deixando-os fracos com o simples pretexto de que odeia piratas já que a fama de vilões precede qualquer um que ostente este título.

Lim vive na ilha com Adio que oferece ajuda ao bando desde que eles também possam ajudá-lo.

Adio em One Piece Odyssey

Descobrimos então que estamos em uma ilha chamada Waford e nela existem templos onde habitam colossos e ao destruirmos estes haveria uma maneira de recuperarmos as forças que nos foram retiradas sem querer por Lim que também se oferece a nos ajudar.

Somos então apresentados ao lugar estranho, onde através de cubos Lim poderá transportar o bando a antigas memórias e assim ao vivenciá-las novamente eles irão recuperar suas forças.

O Lugar Estranho em One Piece Odyssey

One Piece assim como diversas obras é separada em grandes arcos com inicio, meio e fim que se interligam entre uma história e outra dentro do mesmo úniverso.

Portanto em One Piece Odyssey os personagens irão reviver 4 arcos importantes da história original sendo Alabastra, Water Seven, Marineford e Dressrosa.

Reviver estas histórias pode ter um sentimento nostálgico aos fãs da série mas ao mesmo tempo ser algo completamente novo para quem está conhecendo a obra através do jogo.

Mapa de Water Seven em One Piece Odyssey

Como é Jogar One Piece Odyssey.

Como foi dito, One Piece Odyssey é um JRPG, assim devemos nos preparar para longas horas de história em cenas e textos e claro batalhas em turno.

Embora não tenhamos uma grande oferta de RPGs em turno, One Piece Odyssey chegou em uma boa hora trazendo um sistema de turnos interessante.

Ele não tenta reinventar a roda assim entrega o que a fórmula pede de uma forma competente.

Vale dizer que na obra original, os personagens já possuem uma formação muito semelhante a de um grupo de RPG com cada um do bando tendo características bem específicas como o guerreiro, o ladrão, o médico e por aí vai.

Tudo que é apresentado sobre os personagens em One Piece, seus golpes e características estão presentes durante as batalhas do jogo.

E isso é representado nos nomes e animações de cada golpe além do game utilizar as vozes originais japonesas.

Lutas em turno em One Piece Odyssey

Um diferencial nas batalhas, mas que também não é nada inovador é o sistema de pedra, papel e tesoura.

Cada personagem possui um característica chave que é sua fraqueza ou o ponto forte na hora da batalha, o que deverá trazer uma certa estratégia na hora dos combates e assim montar o grupo específico para cada turno.

Nas lutas teremos até 4 personagens por vez e eles podem ser substituídos por outro personagem do bando a qualquer momento assim, todos os personagens estarão disponíveis o tempo todo para batalhar.

As habilidades também são bem equilibradas, como os personagens perderam suas forças no começo do jogo novas habilidades serão desbloqueadas apenas evoluindo na história o que evitar criarmos personagens muito poderosos e também diminui a necessidade de ficar subindo de nível desesperadamente.

As batalhas não acontecem de forma aleatória, os inimigos estão espalhados no mapa e a batalha se inicia quando tocamos em algum e para ser bem honesto é muito simples desviar e evitar batalhas no jogo.

O que acaba indo de encontro com um dos defeitos do game, One Piece Odyssey é um jogo muito fácil. 

One Piece Odyssey erra em sua dificuldade fácil demais.

Por mais que as batalhas tenham tecnicamente diversas maneiras de se batalhar e a possibilidade de montarmos noss time a cada turno, o game não apresenta desafios e como a evolução real dos personagens depende de evoluirmos na história em vários momentos, enfrentar inimigos pode facilmente se transformar em algo completamente desnecessário e que só nos toma tempo. 

O que é um pecado para um RPG.

Na exploração do jogo podemos controlar qualquer personagem do bando e cada um tem características próprias.

Luffy pode usar seu poder de se esticar para alcançar objetos que estejam fora de alcance e se pendurar como se fosse um cipó ou escalar lugares muito altos, Chopper pode entrar em buracos pequenos e alcançar novas áreas, Zoro destrói portas e corta obstáculos com suas espadas, Usopp pode atingir e derrubar itens que estão no alto com seu estilingue, Nami pode encontrar dinheiro e tesouros escondidos, Sanji encontra ingredientes para novos pratos e Robin documentos e fatos históricos pelos cenários que complementam a história.

Assim acabamos diversificando os personagens que vamos controlando pelas andanças pelo mapa e sempre que passamos por algo que apenas um dos personagens possa encontrar eles interagem para sabermos que existe algo por ali.

Para melhorar os personagens existem cubos de memória que encontramos espalhados pelo mapa, cada cubo encontrado corresponde a um personagem e assim podemos equipa-lo para aumentar a força de uma determinada técnica a nossa escolha.

Por isso é importante explorar bem cada canto de todos os cenários do jogo, seja em memórias ou não.

Sistema de habilidades de One Piece Odyssey

Após finalizarmos uma memória podemos retornar a fim de buscar itens deixados para traz e também encontrar memórias danificadas que funcionam como sidequests no jogo e liberam novos poderes onde personagens que participaram desta memória se unem para dar um golpe poderoso na batalha em forma de trio.

Uma odisséia problemática.

One Piece Odyssey me trouxe um misto de sentimentos, em alguns momentos eu estava gostando muito de jogar e logo em seguida um sentimento de estar tudo muito chato me fazia pensar se deveria continuar jogando.

Esta montanha russa de sentimentos aconteceu praticamente em todos os momentos da longa campanha do jogo, que passa facilmente das 30h.

Usopp e Nami

Não sou um fã assíduo de One Piece embora já tenha assistido uma centena de episódios.

Dos 4 arcos explorados no game eu já conhecia por completo Alabastra e Water Seven, por isso posso dizer que tive a experiência do jogo no papel de dois públicos, aqueles que conhecem e os que desconhecem a obra original.

Dito isto, meu maior problema com a história de One Piece Odyssey é a escolha de explorar memórias.

Veja bem, pelo lado nostálgico de quem é fã pode ser interessante reviver uma saga, rever cenários e personagens que sequer aparecem hoje em dia, afinal estamos falando de uma obra de mais de 25 anos.

Porém no lado narrativo, trabalhar com memórias tira qualquer importância ou relevância para os acontecimentos que virão a seguir.

Afinal, estamos falando de memórias, tudo que aconteceu vai se repetir novamente pois são memórias.

Seria completamente diferente se estivéssemos falando uma nova dimensão ou uma viagem ao passado onde qualquer ação pudesse trazer sérias consequências ao bando e até mesmo ao mundo, porém em memórias nada irá mudar.

Este pretextos para revivermos as memórias se justifica apenas em eliminar novamente um mesmo inimigo poderoso afim de reaver os poderes que nos foram tirados por Lim.

Reviver essas histórias traz uma vantagem ao grupo que por saberem exatamente o que vai acontecer, evitam por exemplo a descoberta de que um amigo na verdade é um vilão e coisas do tipo.

Então vivemos pequenos resumos de momentos importantes de One Piece mas de uma forma chata!

Em Alabastra por exemplo ficamos em um eterno vai e vem fazendo um grande nada e resolvendo pequenas coisas como se fossem sidequests de um RPG qualquer, quando na verdade estamos na missão principal.

Luffy em Alabastra

Uma coisa seria estar vivendo tudo aquilo uma primeira vez, mas a partir do momento que ja sabemos exatamente quem é o vilão, onde ele está e o que devemos fazer tudo se torna uma grande perda de tempo.

E mesmo para aqueles que não conhecem a história ficar resolvendo pequenos casos como a chave de um portão que está perdida e não podemos prosseguir, encontramos a chave, um macaco nos rouba, vamos atrás do macaco, achamos o macaco, vamos voltar ao portão.

Nada disso é interessante, seja para quem conhece a história ou para quem acabou de chegar.

Todos estes momentos nos dão um gostinho amargo de algo que foi feito apenas para encher de horas vazias de conteúdo em um jogo que retrata uma história que vem sendo contada a 25 anos!

Esta quebra de ritmo do que acontece nas memórias e o que de fato esta acontecendo no mundo real fora delas, faz com que a sensação de One Piece Odyssey seja um jogo bem arrastado.

Assim, toda vez que estamos em Waford, explorando as dungeons em busca dos colossos o jogo é interessante, mas toda vez que vamos para as memorias tudo se arrasta e fica repetitivo.

Levando em consideração que no universo de One Piece e suas sagas tudo acontece a partir do momento que eles chegam em novas ilhas a história de Odyssey poderia ter sido melhor explorada como algo original ao invés de reviver o passado.

Lufy em Dressrosa

Uma outra falha acaba sendo enfrentar inimigos do passado.

Agora que estamos mais fortes e habilidosos seria simples derrota-los a partir do momento que ja conhecemos todos os seus truques certo?

Para isso o jogo usa a desculpa de que nem tudo na memória funciona exatamente como aconteceu, desta forma os vilões estão mais fortes.

Embora o sistema de batalhas seja divertido, enfrentar os chefes em One Piece Odyssey é algo tedioso. Os chefes tem de 2 a 3 golpes apenas e eles se repetem durante a batalha o tempo todo. E o que dificulta essas batalhas são o HP alto deles contra nossos personagens que viram esponjas de dano nessas batalhas.

Essa maneira artificial de aumentar a dificuldade faz com que as batalhas contra os chefes que deveriam ser momentos gloriosos ao vermos vilões que tanto gostamos ser algo insuportável. Eles são fortes apenas por que o jogo quis assim.

Nestas batalhas toda a logica de pedra, papel e tesoura é ignorado e tudo funciona infelizmente de forma randômica e artificial.

Visual Impecável

Embora seja chato em alguns momentos ficar indo e vindo pelos mesmos cenários, visualmente é um grande presente aos fãs de One Piece.

A direção de arte é primorosa e tudo é muito bonito no jogo.

Aquela possível estranheza de vermos personagens que estamos acostumados a ver em 2D transportados para o 3D é quebrada rapidamente.

Luffy em One Piece Odyssey

Além disso os cenários e até mesmo alguns detalhes se utilizam de Hachuras uma tecnicas de pequenos traços em conjunto e direções opostas que causam um uma textura que serve para trazer peso e sombra.

Hachuras são uma técnica bem comum nos mangás e foram aplicadas com perfeição em todos os lugares do game.

One Piece Odyssey vale a pena?

One Piece Odyssey com certeza vale a pena para aqueles que já conhecem a obra original.

A ideia original do jogo com certeza foi fazer uma homenagem ao legado que toda essa história vem trazendo nos últimos anos.

Portanto unir a direção de arte impecável, o fator nostálgico misturado a uma história original faz com que One Piece Odyssey seja o melhor jogo já lançado da franquia até então.

Seu sistema de RPG por turno pode espantar quem não está acostumado com o genêro porém sua facilidade é um grande convite ao público.

Assim entre erros e acertos temos um jogo mediano que agrada mas gera algumas frustrações pelo caminho.

Não foi surpresa alguma descobrir que Adio era o vilão e estava utilizando o Luffy e seus amigos para uma causa própria.

No entanto devo dizer que fiquei desapontado mas não surpreso com o final típico do anime onde se exalta o poder da amizade e o vilão simplesmente vai embora sem trazer consequência alguma a toda odisseia que acabamos de viver.

One Piece Odyssey

Disponível para:
Playstation 4, Playstation 5, Xbox Series S/X, PC
Versão que jogamos:
PC
O jogo possui legendas em Português mas não é dublado.

Pontos Positivos

  • Direção de arte impecável
  • Fidelidade a obra original
  • Batalhas por turno fáceis e interessantes de se aprender

Pontos Negativos

  • Repetição e muitas idas e vindas no mesmo lugar
  • Batalhas exaustivas contra chefes
  • Enredo desinteressante
Review escrito por:
Danilo Manzato

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