O metroidvania é um dos gêneros mais amados e saturados da atualidade, mas Pipistrello and the Cursed Yoyo consegue se destacar com personalidade e originalidade.
Com visual e jogabilidade que remete a A Link to the Past e uma estrutura clássica de exploração em múltiplos níveis, o jogo combina ação acessível, puzzles inteligentes e uma narrativa excêntrica sobre dívida, monopólio e ioiôs.
Neste universo urbano e distópico, controlamos Pippit, um jovem apaixonado por campeonatos de yoyo e sobrinho da poderosa Madame Pipistrello, CEO de uma megacorporação que monopoliza a geração de energia.

Durante uma visita à tia, quatro invasores atacam e utilizam uma arma experimental, rejeitada pela própria empresa, capaz de transformar almas humanas em energia.
A alma de Madame Pipistrello é dividida em quatro baterias, espalhadas pela cidade. Pipitts, usando seu yoyo como arma, salva parte de sua alma que fica presa no objeto e agora inicia uma missão para recuperar todas as baterias e retornar a alma de sua tia para seu corpo original.
Um ioiô amaldiçoado, mas cheio de estilo
A mecânica central gira em torno do yoyo: ele é usado tanto em combate quanto para resolver puzzles e acessar novas áreas. O combate é simples, com ataques rápidos e especiais, e os movimentos se expandem à medida que habilidades são adquiridas.

Todas as habilidades têm como base técnicas reais de yoyo, adicionando estilo e identidade à jogabilidade.
Durante a jornada, é possível equipar duas habilidades ao mesmo tempo, uma para ataque principal e outra para ataques especiais que consomem uma barra de energia invisível (com tempo de recarga). A variedade de inimigos é um pouco limitada, mas o design dos encontros, às vezes com elementos de puzzle, mantém o ritmo interessante.

O mapa da cidade é dividido entre superfície e esgotos, com bairros que funcionam como biomas conectados. A exploração funciona de forma orgânica, com barreiras ambientais que exigem novas habilidades e decisões que afetam a ordem de progressão. Logo no início, o jogador pode escolher entre dois caminhos distintos que não interferem na progressão.
Os puzzles são bem integrados ao design e usam o yoyo de forma criativa — desde ativar botões até interagir com elementos em tempo e espaço. O mapa ajuda muito: marca salas não visitadas, puzzles resolvidos e itens que foram vistos, mas ainda não coletados. Tudo isso convida a revisitar áreas e observar os detalhes com atenção.

Bottons, upgrades e contratos financeiros
A evolução do personagem acontece em dois sistemas principais: os bottons e os contratos com sua prima contadora.
Os bottons funcionam como equipamentos passivos, que melhoram aspectos como HP, força, defesa ou habilidades especiais. Eles ocupam espaço nos slots de BP, que podem ser expandidos ao encontrar itens escondidos. Os bottons só podem ser equipados nos esconderijos, pontos de descanso espalhados pelo mapa.
Dentro dos esconderijos, encontramos os dois primos de Pipitts. Um deles cuida da fabricação e melhoria dos bottons, usando projetos coletados na cidade. A outra é sua prima contadora, responsável por um dos sistemas mais criativos do jogo: a evolução por dívida.

Sempre que você deseja desbloquear uma nova habilidade da árvore de progresso, deve fechar um contrato com ela. O valor da habilidade é pago em parcelas automáticas, com uma porcentagem de todo o dinheiro ganho a partir daquele ponto. Durante esse período, você sofre punições temporárias, como ataque reduzido, menos corações ou menos espaço de bottons, o que torna o timing de cada contrato algo estratégico. Caso fique difícil prosseguir, é possível cancelar o contrato, mas a habilidade também será perdida.

O dinheiro aqui é fundamental. Além de comprar bottons e pagar contratos, ele também serve para reviver instantaneamente no local da morte, evitando o retorno ao esconderijo, o que reforça a ideia de que, neste mundo, o dinheiro realmente é poder (e vida).
Dificuldade justa e história divertida
O jogo não é difícil, mas também não é fácil demais. É natural morrer em chefes ou até durante a exploração. Felizmente, o ciclo de morte e retorno é ágil, e o combate, mesmo simples, continua recompensador com o tempo.

A história é leve, excêntrica e divertida. Não tenta ser grandiosa, mas cumpre bem seu papel: amarrar a progressão com curiosidade e humor.
Os vilões, os contratos e os diálogos criam um universo único, meio nonsense, meio crítica ao capitalismo selvagem e empresários sem escrúpulo.
Vale a pena jogar Pipistrello and the Cursed Yoyo?
Pipistrello and the Cursed Yoyo é altamente recomendado para quem gosta de jogos de exploração com puzzles bem integrados, progressão significativa e combate estilizado.

Seu diferencial está na mistura entre narrativa inusitada, evolução baseada em contratos e mecânicas que mantem constante evolução e não deixam o ritmo do jogo se perder.
É uma experiência leve, com cerca de 10 horas de duração, mas que deixa uma impressão duradoura. Seja pela alma presa no yoyo, pelos contratos com a contadora ou pelos bottons colecionáveis, essa é uma aventura que vale a pena e nós recomendamos.
Agradecemos os amigos da PM Studios que gentilmente nos enviarem uma cópia de Pipistrello and the Cursed Yoyo para Steam.
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