Review

Sand Land

O jogo expande e traz todo o carisma da obra original de Akira Toriyama
Disponível para:
Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series S/X, PC
Review escrito por:
Danilo Manzato

Sand Land é uma obra original de Akira Toriyama, criador do mundialmente conhecido Dragon Ball. 

O mangá foi publicado em 2000, trazendo uma história original e em apenas uma única edição trazendo os traços tão característicos do icônico mangaka que na data em que escrevo este review nos deixou a pouco tempo após sua morte.

Antes de jogar Sand Land, optei por adquirir e ler o mangá para ter referências e saber o que esperar do jogo, pois não sabia ao certo se o jogo seria uma adaptação da obra ou apenas uma aventura dentro deste universo.

Para minha grata surpresa o mangá trazia tudo que Toriyama sempre sobre trabalhar nos apresentando personagens carismáticos em uma aventura leve mas com diversas lições a serem aprendidas. 

Em sua proposta original o autor mesmo comenta que a sua ideia com Sand Land era de nos contar uma história de um velho e seu tanque de guerra e que somente após ter iniciado este processo acabou descobrindo o quão trabalhoso seria desenhar estas máquinas mas que não poderia mais voltar atrás.

E claro, só podemos agradecer por ele não ter desistido e entregue mais um excelente trabalho que agora com o jogo poderá chegar a mais pessoas.

A história de Sand Land

No universo desta história, Sand Land é um vasto reino desértico, onde após algum tipo de cataclismo junto a burrice humana fez com que a água do mundo tenha sumido, não existindo mais chuvas e a única fonte é comandada pelo rei de Sand Land que provém água a todos que a possam comprar.

Beelzebub é o príncipe dos demônios que habitam a terra e compartilham deste mundo com os humanos e assim sem arrependimentos sempre que possível rouba água para que seu povo também possa beber.

Um dia chega a vila dos demônios o Sherife Rao que busca a ajuda deles para então ir atrás de um lendário lago onde ele acredita ter água. Suas suspeitas são fundamentadas que passáros que migram em direção a agua teriam sido vistos após muitos anos desaparecidos.

E claro é importante ressaltar que humanos e demônios não são amigáveis e vivem em lugares totalmente separados deste universo. Assim Rao acaba ganhando atenção até mesmo do Rei dos Demonios e pai de Beelzebub, Lucifer, que admira a coragem do humano em procurar ajuda dos humanos e ve sinceridade em sua busca.

Encontrar este Lago Lendário seria benéfico tanto para Humanos como Demonios e assim Beelzebub e Thief se juntam a Rao e partem em busca da agua.

Durante a jornada o trio ira descobrir cada vez mais sobre suas diferenças e modos de viver. Mostrando que os demônios não são essas criaturas maléficas que os humanos acreditam ser, trazendo muitas lições sobre convivência, preconceitos, consequências e responsabilidades.

E claro, estamos falando de uma história de Akira Toriyama que irá nos entregar pitadas de humor e pancadaria em diversos momentos.

O Universo Expandido de Sand Land

A obra original na qual o jogo se baseia neste ano de seu lançamento completa 24 anos e é um mangá relativamente curto de se ler e em poucas horas qualquer um consegue contemplar toda a história. 

Por isso a proposta do jogo foi trazer um ambiente onde o jogador pudesse explorar todo o reino de Sand Land em um ambiente de mundo aberto que nos convide a explorar os cantos arenosos e cidades.

Enquanto o mangá vai direto e reto na busca por agua, o jogo nos dá uma abertura para visitarmos cidades, ajudar pessoas, selecionar missões secundárias que expandem o universo.

Uma das maiores adições sem entrarmos em spoilers é justamente a personagem Ann, que aparece logo no inicio do jogo e acaba fazendo parte do nosso grupo.

Ann não existe no mangá, foi criada originalmente para esta história expandida apresentada no jogo da Bandai Namco.

Sua criação não só é interessante mas também fundamental para o desenvolvimento e gameplay proposto. Isso por que enquanto no mangá contamos apenas com o velho tanque de guerra para enfrentar os desafios do deserto, no jogo de Sand Land contaremos com outros tipos de veículos que poderão ser construídos por Ann.

Assim a justificativa da personagem não só é bem vinda como acrescenta e muito na história.

Além disso enquanto a história no mangá termina em aberto, o jogo serve como uma continuação, por isso para aqueles que conhecem as aventuras de Sand Land irão receber uma grande expansão que finaliza a história e entrega muito conteúdo.

Confesso que não imaginava que teríamos todo este conteúdo novo e quando terminei a história original pensando que estava no final do jogo recebi a surpresa de que sequer estava na metade do que viria. 

Como é Jogar Sand Land

Sand Land funciona como um grande Sandbox para aproveitar o trocadilho sem graça. É um grande jogo de mundo aberto que o jogador terá a liberdade de explorar cada canto usando as máquinas que serão criadas no decorrer do jogo. 

Durante a jornada controlamos Beelzebub que embora seja um demônio velho com centenas de ano, para sua raça ele ainda é um adolescente que facilmente fica maravilhado com as máquinas que os humanos podem criar. 

Como personagem Beelzebub pode pular, dar socos, correr por aí enfrentando inimigos humanos e monstros espalhados pelo mundo. Para ficar mais forte a cada inimigo derrotado ganhamos experiência e sempre que um novo nível for alcançado ganhamos pontos para espalhar pela árvore de habilidades.

Enquanto Beelzebub evolui ganhando novas técnicas e melhorando sua força e vida, Rao e Thief também contam com árvores menores que também consomem pontos, fazendo com que o jogador escolha qual utilizar. Enquanto Rao tem habilidades que auxiliam Beelzebub nas batalhas, Thief tem habilidades que auxiliam na exploração e coleta de itens. 

Sand Land conta com um número absurdo de itens coletáveis, a cada derrota de monstros, inimigos humanos e até mesmo máquinas destruídas existe uma infinidade de itens que são espalhados no mapa que podem ser utilizados para melhorias e construções de novos equipamentos.

Além de Beelzebub, também controlamos os veículos deste universo que contam com carro, tanque de guerra, robôs, motos entre outros que vão liberando durante a jornada do jogo que apenas para a história leva mais de 15h.

Cada tipo de veículo traz características e controles diferentes, assim como suas funcionalidades. O tanque é ótimo para batalhas com uma mobilidade agil e armas poderosas enquanto o robo saltador nos ajuda a alcançar locais verticais e a moto é a maneira mais rápida de explorar o mundo. 

Trocar as máquinas que iremos utilizar é muito rápido e fácil e em alguns momentos faremos estas trocas entre elas de forma natural durante exploração e batalhas. E caso esteja usando algum maquinário e ele for destruído em uma batalha teremos o fim do jogo.

Todos os itens que pegamos são úteis para construir melhorias já que as máquinas são customizáveis e podem ganhar novas armas, itens de defesa, estruturas entre outras alterações. 

Além das batalhas durante o caminho, missões secundárias contam um pouco mais da história deste universo e basicamente se resumem em ir buscar algum objeto para alguém, caçar e derrotar fugitivos e a maior sidequest de todas é repopular uma cidade que está à beira do abandono. 

Esta cidade conhecida como Spino ganha população a cada sidequest concluída e cada novo cidadão acaba por liberar novas missões ou lojas que liberam novos itens e customizações. 

A jogabilidade muda um pouco em algumas missões onde devemos invadir bases inimigas sem sermos notados, o que exige uma jogabilidade mais furtiva do jogador.

Um grande deserto sem novidades

Sand Land como jogo não reinventa a roda e com exceção dos veículos e o carisma dos personagens e sua história original não entrega nada de novo que já não tenhamos visto em outros jogos. 

Contando com isso o jogo pode sofrer um pouco com seu tamanho e ambição. 

Enquanto a obra original vai direto ao ponto e não enrola na hora de nos contar sua história, a ideia de trazer um jogo de mundo aberto em um mundo no deserto pode ser entediante em alguns momentos. 

O mapa do jogo se apega a outros mapas parecidos com o gênero onde teremos diversos ícones indicando viagem rápida, cidades, dungeons, missões, objetivos entre outras situações. No entanto, tudo é muito vazio e em vários momentos sem graça.

As missões secundárias na maior parte do tempo exigem as mesmas coisas e a variação de inimigos é ínfima. 

Iremos sempre encontrar os mesmos escorpiões, dinossauros, cobras e felinos no decorrer do jogo que basicamente mudam sua cor e tamanho mas sem surpresas. Suas movimentações também não se alteram e a dificuldade só é medida com a quantidade de dano que causam ou de vida que temos de tirar de nossos inimigos. 

Além destes ainda existem os soldados que e bandidos que são os inimigos humanos que podem ser encontrados também em veículos. Estes apresentam a mesma lógica de dificuldade dos monstros sem trazer desafios reais ao jogador.

Quanto às dungeons destes mundo temos dois tipos, as pequenas cavernas que geralmente contam apenas com baus e itens sem ter inimigos e outras onde a exploração é um pouco maior mas também sem desafios que exijam resolver puzzles ou enfrentar oponentes valorosos. 

E este para mim é o maior defeito do jogo, expandir uma história que vai direto ao ponto para um universo onde o jogador possa explorar e conhecer mais sobre tudo que temos ali é uma ideia interessante, mas aqui foi desenvolvido de forma rasa, desinteressante para quem está jogando. 

Quando seguimos direto para a história o jogo flui melhor, ainda que existam momentos em que vemos que estamos apenas repetindo situações para aumentar o tempo de jogo. Fazer essas missões secundárias ao menos para mim foram totalmente desinteressantes.

Sand Land vale a pena?

Se você é fã do trabalho de Akira Toriyama, Sand Land será uma grata surpresa e mesmo para aqueles que não conhecem o mangá o jogo retrata muito bem todos os acontecimentos.

A direção de arte do jogo traz uma qualidade impecável em seu visual, com cores vibrantes e um efeito que gosto muito em jogos que são as hachuras, pequenos traços que trazem volume e sombra aos desenhos. Este mesmo efeito foi visto no jogo One Piece Odyssey que também foi publicado pela Bandai Namco e temos review aqui no site.

Embora o jogo tenha este mundo aberto que ao meu ver é um tanto quanto vazio, o jogador não será punido caso queira apenas seguir e conhecer a história. 

Por se tratar de uma das últimas obras de seu criador e com todo o arco exclusivo do jogo que expande e nos entrega mais detalhes deste mundo dividido por humanos e demônios Sand Land é puro carisma e vale a pena conhecer esta obra. 

Agradecemos os amigos da Bandai Namco por nos enviarem uma cópia do jogo para a criação deste review.

Sand Land

Disponível para:
Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series S/X, PC
Versão que jogamos:
Playstation 5
O jogo possui legendas em Português mas não é dublado.

Pontos Positivos

  • Expansão do universo do jogo trazendo uma nova história
  • Direção de arte
  • Variedade de veículos

Pontos Negativos

  • Missões secundarias desinteressantes
  • Situações repetitivas
  • Mundo vazio
Review escrito por:
Danilo Manzato

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