Não é segredo que Sea of Stars era um jogo aguardado em um ano com tantos títulos de peso como foi 2023
Porém, um RPG com visual das antigas e batalhas por turno chamar atenção e criar expectativas não é algo muito comum atualmente onde a disputa por frames e qualidade gráfica muitas vezes parecem ter mais valor que a diversão ou experiência que um jogo entrega.
Sea of Stars chega sabendo seu lugar, como deve se comportar e o que deve fazer.
O jogo é uma produção dos mesmos criadores de The Messenger, game que também chegou com esta proposta de trazer visual e características de jogos antigos para contar sua história.
Mas se tem algo que diferencia ambos os jogos da Sabotage é que enquanto outros estúdios buscam na maioria das vezes o apelo por sentimentos nostálgicos em forma de gráficos e músicas dos anos 80 e 90, aqui temos não só o visual mas sim toda uma experiência.
Embora sejam jogos completamente distintos em tudo, The Messenger e Sea of Stars, os dois títulos do estúdios compartilham do mesmo universo mas com séculos de diferença entre uma história ou outra.
Além das referências, poucas mas marcantes entre os jogos, é notável o carinho que o estúdio tem em fazer jogos com esta personalidade retrô.
Assim como em The Messenger, Sea of Stars pode parecer apenas um jogo inspirado na era de ouro dos RPGs na geração 16 e 32 bits, no entanto o que temos é um jogo cheio de personalidade e com vida própria onde este sentimento de nostalgia vai sumindo a cada minuto em que exploramos seu universo.
Em Sea of Stars escolhemos entre dois protagonistas que dividem sua história. Não importa qual personagem você escolha, esta é mais uma questão de estética ou preferência do personagem, tanto que durante o jogo você poderá alternar entre ambos a qualquer momento.
Valere e Zale são duas crianças do solstício, Valere nasceu no solstício do inverno enquanto Zale nasceu no de verão.
Assim, ambas as crianças foram entregues em Berçolunar pela grande águia, para que um dia após passarem por um treinamento serem os novos Guerreiros do Solsticio.
Mesmo predestinados a um futuro glorioso como guerreiros, Valere e Zale cresceram na vila normalmente e tem como grande amigo Garl, um garoto comum e sem poderes mas que não abre mão de estar junto de seus amigos.
Após um contratempo, Garl se fere e os outros dois jovens são levados para a academia separando assim os amigos.
Dez anos se passam e agora estão prontos para seguir seu destino, enviados em sua primeira missão acabam reencontrando seu velho amigo Garl que diz a eles que durante todos estes anos também treinou e que mesmo sem poderes quer seguir junto em sua jornada.
A principal missão dos guerreiros do Solstício é enfrentar os residentes, criaturas extremamente poderosas que servem ao seu mestre, o Fleschmancer, e segundo as profecias apenas Guerreiros do Solstício poderiam derrotá-lo.
No quesito história Sea of Stars navega no seguro quando falamos de RPG, trazendo uma história bem contada, com algumas reviravoltas e o mais importante trazendo muita fantasia para este universo.
Como é jogar Sea of Stars?
A jogabilidade dele não foge do que era esperado quando falamos de um RPG à moda antiga.
A exploração em visão isométrica junto ao belo visual em pixel art chama o jogador para a aventura.
Os personagens se movimentam livremente pelos cenários podendo ainda pular, escalar e até mesmo usar equipamentos que vamos ganhando ao decorrer da história que nos ajudam nesta exploração.
Por contar com estes equipamentos é normal voltarmos a cenários já visitados justamente para ir atrás de itens ou situações após conseguir algo que nos ajude alcançar uma nova área
As batalhas acontecem em turno, mas felizmente elas não surgem de forma aleatória. Você irá avistar o inimigo e poderia ir de encontro a ele ou desviar para evitar as lutas.
Durante a batalha cada personagem terá magias, habilidades e ataques específicos o que traz dinamismo às batalhas e também nos obriga a revezar e escolher bem quem usar a cada turno.
Ainda é necessário apertar o botão de ação em momentos específicos, acertando a hora exata de atacar ou defender para que possa tirar o máximo de HP dos inimigos e reduzir o dano na hora em que você for atacado.
Para dar uma pitada mais estratégica nas batalhas alguns inimigos ativam um status onde ele ativará alguns slots que deverão ser desativados com habilidades específicas.
Para exemplificar, digamos que um inimigo ative 3 slots de fogo, assim você terá de usar golpes de fogo para eliminá-los. Caso não faça isso a tempo do turno acabar ou do ataque dele chegar o inimigo deverá dar um golpe poderoso.
Por isso ficar atento a estes slots e destruí-los o quanto antes faz parte da melhor estratégia para ter sucesso nas batalhas em Sea of Stars.
Um detalhe que não vemos muito hoje em dia também e que particularmente eu gosto muito são os mapas do mundo e Sea of Stars utiliza este conceito onde os personagens ficam pequeninos e andam entre uma cidade e outra e devemos explorar todos os cantos atrás de novos locais.
Ainda dentro de Sea of Stars existem 2 mini games, o primeiro é o jogo de Rodas, um jogo que é um pouco difícil de se explicar sem jogar, mas em toda cidade do jogo geralmente nas tavernas você irá facilmente encontrar uma mesa de Rodas para jogar.
E o segundo mini game como qualquer bom JPRG é o de pescaria, e existem dezenas de pontos de pescaria pelo jogo com peixes diversos.
Os itens comestíveis como peixes, carnes e frutas também podem ser convertidos em itens para cura e status dos personagens.
Porém nem tudo são lindas estrelas por aqui.
Sea of Stars acaba sendo um jogo bem fácil e poucos serão os momentos em que o jogador sentirá que está em perigo ou dificuldade.
E embora seja considerado um RPG não existem momentos chaves onde uma decisão real deverá ser tomada assim só resta ao jogador simplesmente seguir em frente.
Outra ausência que senti foi na questão de equipamentos e habilidades que de fato façam a diferença. Não existe uma espada incrível ou uma armadura fabulosa pela qual devemos viajar o mundo ou passar por uma sidequest para conquistá-la e isso pode ser um pouco frustrante para quem esperava um desafio maior.
The Messenger e Sea of Stars
Ambos os jogos fazem parte do mesmo universo mas em eras totalmente distintas.
Em The Messenger havia apenas um tipo de totem que revelava um pouco sobre antigos heróis do passado se referenciando a Zale e Valerie.
No entanto em Sea of Stars por se passar a séculos atrás, as referências são nítidas principalmente em alguns cenários e claro com a excelente trilha sonora que partilham.
Assim quem não jogou The Messenger consegue tranquilamente aproveitar perfeitamente todo jogo e sua história, mas pelo trabalho apresentado neste novo jogo fica nítida a pretensão do estúdio em expandir ainda mais este universo.
Logo a experiência ficará ainda melhor para quem jogar ambos os jogos e ficamos na espera do que virá no futuro e fará a ligação de um jogo ao outro.
Sea of Stars Vale a pena?
Sem dúvida alguma é um excelente título para quem gosta de RPGs e também para quem é curioso com o gênero e queira experimentar algo no estilo dos jogos que eram lançados nos anos 90 sem toda essa loucura de cenas onde a preocupação é mais visual do que a experiência em jogar.
Embora seja cheio de referências, temos aqui um jogo com identidade própria, mostrando que o estúdio mais uma vez acertou quando deseja se inspirar no passado e entregar algo original atualmente.
Assim vale a pena experimentar Sea of Stars e claro The Messenger junto.
