Para qualquer um que cresceu gostando de jogos de luta nos anos 90 com toda certeza acabou tendo algum contato com a série Versus uma parceria forte entre a Marvel e a Capcom. E a Marvel vs Capcom Fighting Collection: Arcade Classics traz 7 jogos que todo fã com certeza jogou.
Na metade da década os jogos de luta como Street Fighter e Mortal Kombat já eram os grandes nomes quando se falava em pancadaria digital. Ainda existiam outros nomes da SNK como Fatal Fury, Art of Fighting e The King of Fighters que estava ganhando sua primeira versão em 1994.
Todos esses jogos possuiam personagens diferentes, estilos próprios de se jogar mas não tinham um grande diferencial que eram os Herois da Marvel.
Neste momento da história o X-Men estavam em alta não apenas pelas histórias em quadrinhos mas por uma animação que fazia muito sucesso na epoca. Assim unir a paixão por jogos de luta e ainda poder utilizar personagens iconicos que estavam no dia a dia dos jovens e adultos era a formula perfeita para uma série de jogos que iriam ser lançados em sequência, ano após ano.
Contextualizando também o lado da Capcom, eles contavam com novas ferramentas que possibilitaram trazer um jogo diferente dos padrões para a época. Seu carro chefe principal nos jogos de luta ainda eram as versões de Street Fighter 2 que começaram a ser lançadas em 1991 e por isso a apresentação de X-Men Childrens of Atom era completamente diferente e inovadora se comparado ao que a produtora tinha no quesito jogos de luta para sua epoca.
E é importante falar deste jogo pois além dele estar aqui nesta coletânea acabou sendo o inicio de toda a série que viria adiante com suas novas mecânicas.
Além dos jogos de luta a coletãnea também conta com o jogo do Justiceiro que é um Beat´m up e os jogos que foram lançados para Super Nintendo como X-men Mutant Apocalypse e Marvel Super Heros War of the Gems não estão presentes aqui uma vez que apenas os jogos de Arcade fazem parte deste lançamento.
Jogo a jogo de Marvel vs Capcom Fighting Collection
O primeiro de todos como já foi dito é o X-men vs Street Fighter, um jogo lançado em 1994 e que trazia em seu elenco personagens com visuais das histórias em quadrinho e tambem a animação que chegou a passar aqui no Brasil nas manhãs da Globo.
O grande diferencial deste jogo sem dúvida alguma eram os bonitos gráficos que realmente lembravam os herois que já estavamos acostumados a ver em outras midias mas também seu sistema de luta.
Como em Street Fighter contamos com 6 botões de ataques divididos em fraco, médio e forte para socos e chutes.
Os golpes especiais mantinham a movimentação semelhante as que os jogadores já conheciam para disparar Hadoukens e Shoryukens o que facilitaria o aprendizado na hora de jogar.
Junto a barra de energia de cada lutador também foi acrescentada uma barra de especial que ao ser completada permitira um golpe especial poderoso. Esta mecânica também havia sido implementado a pouco tempo no mesmo ano em Super Street Fighter II Turbo, mas aqui erá algo mais simples de ser desferido, bastando ao jogar fazer o movimento de um golpe normal porém pressionando 3 botões de socos ou de chutes ao mesmo tempo.
Outro fator que fazia com que X-men Childrens of Atom não fosse apenas um street fighter com personagens da Marvel é que os cenários eram mais dinâmicos e era possível dar super pulos para escapar ou iniciar uma série de golpes. Combos também faziam parte deste jogo e eram relativamente mais simples de serem concluidos.
Este também era um jogo onde cada personagem se enfrentava em uma luta de 2 a 3 Rounds.
Com o sucesso de X-men a Capcom resolveu aproveitar a parceria e lançou Marvel Super Heroes.
Um jogo que melhorou em tudo o que foi exeperimentado em X-men, trazendo um jogo ainda mais rápido, dinâmico e divertido de se jogar.
Os combos agora poderiam iniciar no chão e após arremessar seu adversário para o alto, um super pulo nos ajudaria a continuar desferindo golpes aéreos o que era um deleite visual com batalhas tão divertidas como as que poderiamos ver nos quadrinhos.
Alguns personagens dos X-men foram reaproveitados aqui e outros classicos da Marvel com Spider Man e Hulk foram adicionados aos personagens selecionaveis.
A história deste jogo se passa na guerra das joias do infinito e pelo menos para mim foi o primeiro contato com o Thanos e as joias.
Um diferencial também para este jogo é que as joias poderiam ser utilizadas durante as batalhas e possuiam habilidades unicas e cada personagem também tinha uma joia da qual teria beneficios extras. Por exemplo o Spider Man que quando utiliza a joia da força fica duplicado.
Marvel Super Heroes é um bom jogo até hoje, como possui poucos lutadores e batalhas rápidas também é um excelente jogo para se passar o tempo. Também foi o último jogo a trabalhar com Rounds entre as batalhas.
E uma nota rapidinha aqui é que este foi o primeiro jogo no qual eu gastei uma fichar para jogar em fliperama.
Em paralelo a este histórico, um jogo que não esta nesta coletânea mas que é importante citar é que a série Street Fighter estava passando por algo semelhante ao Reboot conhecido como série Alpha (ou Zero).
Os gráficos foram reformulados, novos personagens foram apresentados, barras de especiais faziam parte mas ele mantinha a jogabilidade classica bem semelhante ao Street Fighter 2.
E temos de falar sobre este jogo pois em X-men vs Street Fighter, a versão dos personagens dos jogos da Capcom são justamente os sprites, golpes e movimentações dos personagens da série Alpha.
Aqui a jogabilidade adotada foi a mesma de Marvel Super Heroes, trazendo uma nova roupagem na maneira de se jogar com os personagens de Street Fighter, mas algo já semelhante com os personagens da Marvel devido os jogos anteriores.
Do lado de Street Fighter apenas Cammy era uma novidade e os demais vinham de Street Fighter Alhpa 2. Ja do lado dos X-men a maioria voltava do primeiro jogo e de Marvel Super Heroes, mas tivemos boas adições como Gambit, Rogue e Sabretooth.
Mas o que faria um enorme diferencial para a série e tornaria a marca registrada da serie VS era seu sistema de rounds.
O jogo funcionava em duplas, e assim o jogador pode escolher 2 personagens com total liberdade. A batalha não possui rounds e é possível alterar entre cada um dos lutadores a qualquer momento.
Essa alternância é extremamente estratégica ja que o personagem que fica aguardando pode ter seu HP se recuperando aos poucos e a luta só termina quando os dois personagens de um dos jogadores for eliminado.
The King of Fighter na epóca já trabalhava com batalhas em equipe trazendo um trio de lutadores, mas aqui em X-men vs Street Fighter as lutas eram bem mais dinâmicas e desafiadoras, sem dar tempo para o jogador respirar do inicio ao fim, tendo que pensar a todo momento qual seria a melhor estratégia, a melhor dupla, a melhor hora para se gastar uma barra de especial.
As batalhas aqui embora sendo em duplas no geral são bem rápidas e este modelo foi o que traxou o modelo que seguiria até os jogos mais recentes da série VS.
A partir de então, não temos muito o que dizer dos próximos jogos pois foram apenas feitas pequenas mudanças e melhorias dependendo do ponto de vista.
Em Marvel vs Street Fighter basicamente utilizaram o mesmo jogo que o anterior, inclusive repetindo cenários mudando apenas alguns detalhes de cores e trouxeram outros personagens que não foram utilizados anteriormente sem muitas surpresas.
Para mim, este é facilmente o pior jogo da série, o mais preguiçoso e que tem o personagem mais tosco de todos que é o Cyber Akuma.
Já em Marvel Vs Capcom novamente temos uma grande evolução em tudo desde o que foi apresentado la em X-men Children of the Atom.
Aqui temos personagens novos, que nunca participaram de jogos de luta como Capitão Comando, Strider Hiryu e Venom. Adições excelentes diga-se de passagem.
Além disso também era possível sortear em uma roleta um personagen extra que entraria na batalha para soltar algum golpe especial mas que teria uma quantidade limitada de usos.
Os sprites dos personagens que já existiam continuou.
Marvel vs Capcom com certeza se diferencia demais de todos os jogos que existiam até então por trazer um elenco verdadeiramente balanceado, que fazia a total diferença na hora de se montar uma dupla e que exigia um pouco mais do jogador na hora das batalhas.
Foi uma verdadeira evolução na formula que vinha fazendo sucesso ano após ano.
E por último na série versus Marvel vs Capcom 2 inovou em tudo, utilizando uma nova plataforma de desenvolvimento o que mudava não só a qualidade visual dos personagens mas também os cenários que eram 3D enquanto os sprites de cada lutador ainda eram em 2D.
Aqui também mantinha-se o sistema de round unico com alternância dos personagens mas trazedo agora um trio ao invés de duplas.
Um outro detalhe que chama muito a atenção é a quantidade grande de personagens possuindo mais de 50 para a sua escolha. Com esta quantidade era possível trazer todos os personagens já lançados em jogos desde o primeiro lançamento la de 1994 até novos personagens de franquias da Capcom e alguns de jogos que ficaram apenas na promessa sendo exclusivos deste título.
O sistema de lutas também foi alterado pela primeira vez, o que até então se utilizava de 6 botões para golpear agora exigia apenas 4, o que poderia facilitar na hora de dar combos e afastava ainda mais o jogo da série Street Fighter.
Marvel vs Capcom 2 foi feito com base em uma placa da SEGA e após os arcades o jogo acabou sendo lançado para o Dreamcast e apenas muitos anos depois acabou saindo para PS2.
Sua data de lançamento também foi um pouco maior, quebrando a tradição de um jogo por ano e por isso chegou no ano 2000. Confesso que pelo que eu me lembro nesta época os arcades ja não eram encontrados tão facilmente e muito pelo avanço do PS1 e seu fácil acesso a pirataria, por isso pelo menos em minha região era praticametne impossível encontrar algum lugar que possuia este jogo.
Por isso acredito que de todos os jogos aqui este talvez tenha sido mais conhecido pelos brasileiros na versão de console e não de Arcade
De sobra ainda temos um ultimo jogo que na verdade foi o primeiro de todos que é o jogo do Punisher. Ele é um Beat´em up, classico briga de rua e acredito que acabou entrando nesta coletãnea pelo seu fator histórico ja que ele foi o primeiro jogo licenciado pela Marvel produzido pela Capcom.
Um preço alto pela nostalgia
Muito se fala sobre preservação no mundo dos jogos. Desenvolvedoras podem ser extintas e títulos do passado podem nunca mais ver a luz do sol.
Em alguns casos a pirataria é quem acaba de certo modo fazendo o papel desta curadoria, deixando com que jogos que até então estariam mortos se depende-se de seus verdadeiros donos, mas que são imortais nas mãos de quem os ama e joga até hoje.
A Capcom neste caso é uma das empresas que sabe trabalhar com o seu histórico e de tempos em tempos e em todas as gerações sempre lançou obras do passado em forma de coletâneas.
Outras empresas como a Konami e a SEGA também acabam fazendo o mesmo trabalho com suas propriedades intelectuais.
Tudo isso é otimo para quem cresceu jogando tais títulos e também formidável para que novos jogadores possam experimentar de maneira legal jogos do passado sem ter que recorrer a pirataria.
A nostalgia e o sentimento de que no passado as coisas eram melhores e que rejogar tais jogos possam trazer novamente este gostinho pode ser algo que de fato aconteça mas também podemos cair em uma armadilha que é o preço pelo qual as empresas nos cobram por isso.
E este é um problema recorrente na indústria e não é de hoje.
Quando fizemos o review do Capcom Fighting Collection também falamos sobre isso, as coletâneas de jogos do Sonic também foi um problema e recentemente a Konami lançou uma coletânea com jogos da série Castlevania com os jogos do Nintendo DS que o preço tamém está acima dos 3 digitos.
Ainda existem casos como o de Mega Man, onde ao invés de ser lançado uma coletânea com todos os jogos, a Capcom optou por dividir em duas partes apenas pelo motivo de “eu quero assim” uma vez que daria para vender tranquilamente tudo em uma única mídia, o que ja era feito por exemplo na epoca do PS2.
Por isso eu acabo achando injusta esta formula em que a indústria trabalha com a nostalgia e a preservação de sua própria história com um público que ja ama.
Cobrar um valor não tão distante do que é cobrado em um jogo novo, sabendo que o que temos aqui é basicamente um jogo emulado e que na maioria das vezes um emulador daria mais suporte é algo complicado de se defender. E é muito triste dizer isso.
A coletânea está incrível, poder jogar ela online com amigos e de forma oficial também é bem interessante, além de trabalhar com o netcode que nos permite jogar com qualquer pessoa do mundo sem ter problemas de lag.
Mas sera que isso é um bom motivo e justo para se cobrar um preço tão alto em uma coletânea de jogos que tem praticamente 30 anos desde seu lançamento.
Acredito que as desenvolvedoras deveriam repensar com mais carinho no seu publico e entender que este trabalho em manter aceso seus antigos jogos é algo fundamental, mas que querer cobrar um valor alto só por que é algo que mexe com o coração de seus jogadores não é algo legal de fazer.
Marvel vs Capcom Fighting Collection vale a pena?
A resposta direta é sim e não.
O que temos aqui são 7 jogos mais do que clássicos, 7 jogos que mudaram o genêro dos jogos de luta, 7 jogos que mostram a importãncia de algo bem feito quando uma desenvolvedora série tem em suas mãos o direito de usar personagens tão queridos pelo público, 7 jogos que uniram amigos, 7 jogos que continuaremos vendo e falando sobre eles com carinho por muitos e muitos anos.
E sim, por esse fator nostalgico, por gostar destes jogos de luta, pela coletânea ter bons títulos, ter extras como galerias e um fator replay infinito. Marvel vs Capcom Fighting Collection vale e vale muito a pena.
O jogo roda bem, o online não apresenta problemas e tudo está funcionando de maneira muito satisfatória e por isso eu o recomendo tranquilamente.
No entanto pelo valor que o jogo está em seu lançamento eu não posso recomendar sua compra agora. Seria melhor esperar uma promoção, agora se dinheiro não é problema para você e deseja muito voltar a pancadaria em duplas, esta não é uma escolha dificil.
Agradecemos os amigos da Capcom Brasil por nos enviar uma cópia do jogo pra a criação deste review.
Marvel vs Capcom Fighting Collection: Arcade Edition já está disponível para PlayStation, Nintendo Switch e PCs. Em 2025 o jogo será lançado também para os consoles Xbox.
