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Ghost of Yotei: A lenda renasce sob o Monte da Vingança

Ghost of Yotei - Review e Análise
Retornamos ao Japão com uma nova protagonista, um novo cenário e a mesma excelência que consagrou Ghost of Tsushima, mas sem arriscar tanto quanto poderia.
Disponível para:
Playstation 5
Review escrito por:
Danilo Manzato

Ghost of Yotei é o novo título da Sucker Punch e, por enquanto, exclusivo de PlayStation 5. O game dá continuidade espiritual ao legado de Ghost of Tsushima, mas se passa 300 anos depois, na região de Ezo, tendo o Monte Yotei como o grande cartão postal deste local.

A desenvolvedora decidiu transformar o universo “Ghost of” em uma espécie de antologia, unindo os jogos não por suas histórias, mas por suas mecânicas e semelhanças, uma decisão que, sinceramente, funciona muito bem.

Dessa vez, não vestimos a armadura de Jin Sakai. Em vez disso, controlamos Atsu, uma guerreira marcada por um passado trágico. Sua família foi brutalmente assassinada por um grupo chamado Os Seis de Yotei, e ela própria foi deixada para morrer, presa à árvore de sua família em chamas. Sem explicações, Atsu sobrevive e dezesseis anos depois, retorna em busca de vingança.

O elefante branco: a história

Antes de qualquer coisa, é impossível ignorar as comparações entre dois jogos. Poucos meses antes do lançamento de Ghost of Yotei, a Ubisoft lançou Assassin’s Creed Shadows, que também gira em torno de uma trama de vingança contra um grupo mascarado responsável pela morte da família do protagonista. A semelhança é evidente e inevitável.

Mas o problema não é a falta de originalidade no tema mas sim a falta de carisma da maioria dos personagens que encontramos pelo caminho. Com exceção da própria Atsu, os NPCs de Ghost of Yotei são facilmente esquecíveis, e isso é uma pena, já que em Tsushima muitos coadjuvantes eram tão interessantes quanto o protagonista, trazendo histórias fortes que e faziam parte real da história daquele local, já que a ilha de Tsushima era praticamente uma personagem em todo este enredo.

Essa ausência de personagens marcantes torna a narrativa o ponto mais fraco do jogo. É uma história funcional, que cumpre seu papel, mas raramente emociona ou entrega algo realmente bom. Enquanto escrevo este review após ter feito a platina do jogo e ter passado dezenas de horas em Ezo, digo com sinceridade que sequer me lembro o nome dos NPCs importantes da história, só consigo lembrar de Atsu, os vilões e um ou outro que não posso dizer aqui para evitar spoilers.

Claro, isso reflete também a uma percepção pessoal, quem não jogou Assassin’s Creed Shadows talvez sinta a trama de Yotei com mais impacto. Ainda assim, entre os elementos do jogo, a história é o elo mais frágil que temos aqui.

O combate em Ghost of Yotei continua impecável

Se a história não empolga tanto, o mesmo não pode ser dito do combate, que continua sendo o grande destaque da franquia. A Sucker Punch manteve a base sólida de Tsushima e expandiu suas possibilidades.

Agora temos cinco armas principais, cada uma com movimentos, habilidades e vantagens únicas. O jogo estimula o jogador a alternar entre elas de forma estratégica, já que cada tipo de inimigo exige abordagens diferentes. Usar katanas duplas contra lanceiros, por exemplo, ou a Kusarigama (aquela corrente com foice e bola de ferro) para quebrar escudos e abrir vantagem para atacar inimigos.

Essa dinâmica mantém as batalhas intensas e imprevisíveis, com emboscadas acontecendo a qualquer momento, seja durante uma simples cavalgada ou ao invadir um acampamento inimigo.

Você escolhe o estilo de abordagem podendo agir na furtividade, eliminando inimigos silenciosamente, ou entrar com tudo, desafiando todo o acampamento. Ambos os caminhos são válidos e igualmente divertidos.

Importante também notar que Atsu não é uma samurai. Ela não segue código algum de honra; sua moral é regida apenas pelo instinto de sobrevivência. Isso torna o combate mais visceral, mais brutal e menos “romantizado” que o de Jin Sakai.

Explorar Ezo é um deleite

A exploração em Ghost of Yotei segue o mesmo formato minimalista de Ghost of Tsushima. Não há marcadores espalhados pelo mapa. Tudo deve ser descoberto naturalmente ouvindo rumores em vilarejos, conversando em pousadas ou até poupando inimigos em troca de informações.

O jogo traz de volta os pontos de interesse que tanto marcaram o primeiro título, como as fontes termais, os cortes de bambu e os santuários das raposas. Cada um deles contribui para o aprimoramento de Atsu, seja aumentando sua vida, ampliando o número de pontos espirituais, que são responsáveis para utilizar habilidades e recuperar sua vida, ou desbloqueando novas habilidades.

A novidade fica por conta dos Altares de Reflexão, que concedem pontos de técnica que serão utilizados divididos em categorias como melhorar ou adcionar novas funções as armas, habilidades de Onryo ou exploração e até melhorias para o cavalo.

Além disso, o jogador pode comprar pequenos mapas com o cartografo do jogo que, quando encaixados no mapa principal revelam a localização de pontos de interesse, uma mecânica simples, mas muito satisfatória para os caçadores de segredos.

Para chegar a todos estes itens do mapa continuamos contando com a ajuda do vento que nos guia em direção do ponto que marcamos e desejamos chegar. Outro detalhe que voltou em Yotei é a viagem rápida que nos leva a qualquer ponto visitado do mapa de uma maneira realmente veloz.

Outro charme é o uso do shamisen, um instrumento tradicional japonês. Conforme Atsu aprende novas melodias, o vento que guia o jogador pode ser ajustado para indicar templos, itens estéticos e outros segredos do mapa, uma forma poética e orgânica de navegação.

O jogo também conta com algumas funcionalidades do controle Dual Sense. Nos acampamentos podemos acender fogueiras e cozinhar utilizando o controle de movimento e o touch pad. Confesso que no começo essa mecânica é legal de ser feita, mas após algumas vezes eu simplesmente apertava o botão para ir direto para a ação escolhida.

Personalização e estética

O sistema de armaduras está de volta, permitindo customizar o visual e as habilidades de Atsu. Cada traje traz bônus específicos para diferentes estilos de jogo e pode ser aprimorado com materiais obtidos durante a exploração.
Os amuletos retornam também, oferecendo ainda mais variedade e possibilidades táticas.

Visualmente, Yotei se destaca pelo apelo estético. Há diversos itens cosméticos como faixas, chapéus, bandanas e adornos que podem ser encontrados, comprados ou até desenhados por Atsu em momentos de contemplação chamados Sumie, quando ela cria uma arte inspirada na paisagem ao redor. São pequenos instantes de paz em meio à brutalidade em busca de sua vingança.

Um espetáculo visual e sonoro

Falar de Ghost of Yotei sem mencionar a direção de arte seria um pecado. A Sucker Punch mais uma vez entrega um mundo absurdamente belo, onde cada frame parece uma pintura viva. Um contraste de beleza em meio ao caos e brutalidade.

A fauna e flora de Ezo dão vida a um Japão clássico, vibrante e repleto de natureza. A trilha sonora acompanha essa beleza com perfeição, subindo e descendo em intensidade conforme o ritmo das batalhas e dos momentos de introspecção.

E é importante dizer que o jogo roda com bom desempenho no PS5, mantendo 60 FPS estáveis no modo desempenho, sem bugs, crashes ou quedas perceptíveis. Foram mais de 50 horas de gameplay em meu console base sem qualquer problema técnico.

Uma aposta segura

Ghost of Yotei é um ótimo título para o PlayStation 5, e também um lembrete do talento da Sucker Punch em criar mundos cativantes.

No entanto, é impossível ignorar que a Sony vem lançando poucos títulos originais, e isso torna o sucesso de Yotei uma faca de dois gumes: ele é um ótimo jogo, mas também conservador não se arriscascando tanto quanto poderia.

Em um ano em que Assassin’s Creed Shadows explora o mesmo tema, Yotei perde parte de seu impacto narrativo. Ainda assim, são dois grandes jogos e este continua sendo uma aventura que honra o legado de Tsushima mas que não chega la com o mesmo impacto.

Se você amou Ghost of Tsushima, a compra é certa. Já para quem nunca jogou o primeiro, Yotei é uma excelente porta de entrada e caso queira explorar o anterior, ele está disponível na PS Plus e também no PC.

No fim, a Sucker Punch cumpre o prometido entregando mais uma jornada de batalhas pelo Japão, unindo jogabilidade refinada, direção de arte deslumbrante que irá encantar qualquer um que resolva se aventurar por Ezo nesta busca por vigança.

Agradecemos os amigos da PlayStation Brasil que gentilmente nos enviaram uma cópia de Ghost of Yotei para a criação deste review.

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A minha maior decepção com Ghost of Yotei é sem dúvida alguma com sua história. Tudo aqui é muito raso o jogo não se preocupa em contar o que aconteceu com Atsu nesses 16 anos longe de Ezo e até mesmo a motivação pelo qual a sua família foi morta sequer é explicada de uma forma em que o jogador tenha algum tipo de impacto com essa informação.

Por isso essa vingança perde força no decorrer da história. Enquanto em Tsushima defender a ilha e ainda salvar seu tio traziam consequências reais, Atsu não tem essa mesma força. Os moradores de Ezo não parecem estar assim tão incomodados com Lorde Saito tentando comandar a ilha ou até mesmo com os metodos que os 6 de Yotei usam para dominar tudo por ali.

No final de toda essa jornada, terminar a história com tantas lacunas, dúvidas e um gostinho de que o jogo poderia ter sido algo mais foi uma pequena decepção para mim.

Ghost of Yotei: A lenda renasce sob o Monte da Vingança

Disponível para:
Playstation 5
Versão que jogamos:
Playstation 5
O jogo é dublado e legendado em Português.

Pontos Positivos

  • Combate dinâmico, estratégico e divertido

  • Direção de arte deslumbrante

  • Trilha sonora envolvente e sensível

  • Excelente desempenho técnico no PS5

Pontos Negativos

  • História previsível e sem personagens marcantes

  • Falta de ousadia em relação ao antecessor

  • Comparações inevitáveis com Assassin’s Creed Shadows

Review escrito por:
Danilo Manzato

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