Keeper é o mais novo título da sempre criativa Double Fine, estúdio conhecido por suas ideias fora da curva. E aqui eles realmente foram além fazendo o jogador assumir o controle de um farol senciente, uma construção viva, capaz de sentir e se mover.
Logo no início, após uma misteriosa queda, o farol desperta entre os escombros, cria raízes e pernas, e começa a explorar o desconhecido ao lado de um simpático pássaro verde, seu fiel companheiro de jornada.

Esses primeiros momentos são repletos de curiosidade e encanto, despertando o desejo de entender o que há nesse mundo já que tudo à nossa volta parece pertencer a um planeta completamente distinto do nosso.
O ponto mais forte de Keeper, sem sombra de dúvidas, é sua direção de arte. Cada cenário transmite uma sensação constante de deslumbramento. O uso de câmeras fixas é um toque inteligente e a cada nova área, a posição da câmera é cuidadosamente escolhida para realçar o que há de mais bonito em tela.
É aquele tipo de jogo que dá vontade de parar por alguns segundos apenas para apreciar o ambiente. Visualmente, Keeper é uma experiência cativante e de encher os olhos.
O jogo se passa em um universo onde o farol parece ser a única lembrança ou conexão com a civilização humana. Tudo o mais como fauna, flora e arquitetura é completamente original, o que dá uma sensação de frescor e liberdade criativa.

Explorar esse mundo é tentador, já que cada canto parece esconder uma história não contada. Há, inclusive, um pouco de lore para quem quiser se aprofundar ao encontrar e reconstruir monumentos (os troféus do jogo), pequenas descrições são reveladas, trazendo fragmentos da história desse estranho lugar.
Mas a luz de Keeper se apaga rápido
Infelizmente, é aqui que Keeper tropeça e perde o brilho.
Apesar do conceito incrível e da beleza visual, a jogabilidade é extremamente limitada. Durante quase toda a jornada, o jogador faz basicamente uma coisa que é andar.

Há alguns poucos puzzles que utilizam a lanterna do farol onde o jogador pode mirar a luz para interagir com elementos do cenário, mas essas situações são raras e, quando aparecem, são simples e pouco criativas.
Essa limitação acaba transformando Keeper em uma experiência contemplativa que tenta seguir o caminho de títulos como Journey ou Rime, mas sem a mesma profundidade emocional ou o senso de descoberta que esses jogos oferecem.
Um farol sem propósito
Mesmo com tentativas pontuais de mudar o gameplay, Keeper não consegue manter o interesse. A falta de desafios e a monotonia das ações tornam a experiência cansativa e o encanto inicial vai desaparecendo aos poucos.

Como diria uma famosa peixinha do cinema: “Continue a nadar” e foi o que eu fiz até chegar ao fim deste game, mas aqui, a frase se aplica de forma literal sendo do inicio ao fim só andar, andar e andar.
No fim, Keeper é um jogo que tenta emocionar, mas não consegue tocar, tenta envolver, mas não prende, e tenta brilhar, mas sua luz se apaga rápido demais.
Uma obra visualmente deslumbrante, um daqueles jogos que poderiam ser pendurados na parede como quadros. Porém, quando o objetivo é jogar, a beleza sozinha não sustenta a experiência.
Se a intenção da Double Fine era criar um título contemplativo, o estúdio conseguiu mas esqueceu de adicionar substância ao que há por trás das paisagens.
Keeper está disponível para Xbox Series e PC, também disponível para os assinantes do Game Pass.













