Dizer que jogos que apelam para nostalgia são raros seria, hoje, uma grande mentira. Todos os meses, vemos títulos que resgatam fórmulas clássicas para agradar veteranos e apresentar gêneros “de antigamente” para uma nova leva de jogadores.
E se tem uma empresa que sabe fazer isso direito, é a Dotemu, responsável por sucessos como Streets of Rage 4, TMNT: Shredder’s Revenge e Ninja Gaiden Ragebound. Agora, ela retorna com mais um mergulho nos “brigas de rua” com Marvel Cosmic Invasion.

O jogo abraça sem medo a estética dos fliperamas dos anos 90, época em que as parcerias entre Marvel e Capcom dominavam os arcades com sprites icônicos e efeitos exagerados. E não é exagero: muitos sprites, poses e golpes dos heróis lembram diretamente aquele estilo, quase como um aceno respeitoso à era de ouro da Marvel nos games ou, dependendo da interpretação, uma pescaria emocional para o jogador nostálgico.
Beat ’em up raiz com tempero cósmico
Marvel Cosmic Invasion segue a fórmula clássica do beat ’em up: siga em frente, esmurre tudo que se mexe e finalize a fase enfrentando um chefão estiloso. A história é simples (e funciona): o Aniquilador tenta dominar o cosmos com suas larvas, e heróis de todos os cantos precisam unir forças para impedir o desastre.

Essa premissa aberta dá liberdade total para formar um elenco diverso, indo dos queridões como Homem-Aranha, Wolverine e Capitão América, até escolhas mais inusitadas como Bill Raio Beta, She-Hulk e Nova. E isso funciona muito bem.
Duas escolhas, múltiplas estratégias
Cada jogador seleciona dois heróis e alterna entre eles com um toque. A lista é bem generosa, e o melhor: os personagens são realmente diferentes entre si.

Os personagens trazem como padrão um ataque normal, um ataque especial e um super ataque. Os ataques especiais se diferenciam bastante entre eles, alguns personagens tem limites de uso, outros recarregam após o uso e até mesmo alguns não tem limites e podem ser usados o tempo todo, como por exemplo no caso de Venom onde seu ataque especial é um agarrão.
Da mesma forma alguns personagens contam com habilidades de esquiva enquanto outros contam com defesa e parry. Além disso personagens que possuem habilidade de voar podem ser uteis voando pelo cenário atacando inimigos que sobrevoam nossas cabeças.
Campanha, Arcade e progressão
O jogo traz dois modos principais:
- Campanha, sem vidas, seguindo em frente e tendo de passar por todas as fases do jogo podendo retornar a alguma delas o tempo que quiser.
- Arcade, mais direto ao ponto e com vibe total de fliperama apenas siga em frente até passar por todas as fases sem poder mudar de personagens.

As fases são curtas e objetivas, com duração média de 8 a 10 minutos — perfeito para jogar em “pílulas” de diversão.
Ao final de cada fase no modo campanha, o herói escolhido ganha XP, evolui e desbloqueia mais HP e vantagens passivas exclusivas. Além disso no modo campanha, há desafios específicos por fase, incentivando o jogador a variar a dupla e buscar 100%.
Estes desafios são totalmente opcionais e no geral consistem em evitar um tipo de dano especifico, eliminar o chefe com um personagem ou acertar algumas vezes um golpe especial.

Multiplayer caótico (no bom e no mau sentido)
O jogo permite até 4 jogadores simultâneos, seja local, online ou com crossplay. Na prática, isso significa que o jogo pode ficar ainda mais divertido e caótico quando jogamos com amigos ou até mesmo encontrando desconhecidos pelo proprio sistema do jogo
O lado negativo é a ausência de seleção de dificuldade. Jogando solo, já não é um jogo difícil. Com amigos, vira praticamente um passeio no parque, sem qualquer tensão ou desafio real. Uma escala dinâmica de dificuldade faria milagres aqui.
Um outro ponto que pode ser negativo é a bagunça visual que temos na tela quanto mais jogadores estiverem dividindo a partida. Em diversos momentos você sequer entende o que esta acontecendo na tela com tantos monstros, heróis e super poderes piscando o tempo todo, o que deixa o jogo ainda mais no automático apenas apertando botões sem se preocupar muito com o que de fato você esteja fazendo.
Preço vs. conteúdo, o grande dilema de Marvel Cosmic Invasion
Marvel Cosmic Invasion é divertido, direto e deliciosamente retrô. Mas é também curto para quem não pretende completar desafios ou upar todos os heróis: algo entre 3 e 5 horas de campanha.
E aí vem o ponto mais sensível: o preço.
- Nos consoles: acima de R$ 160
- Na Steam: acima de R$ 100
Para um jogo tão breve, o valor realmente pesa. É o tipo de experiência perfeita para um final de semana e que fica ainda mais perfeita quando estiver com desconto.

A Dotemu costuma lançar conteúdos extras, como fez em TMNT: Shredder’s Revenge, mas não há confirmação de que isso vai acontecer aqui.
No fim, o que temos é um jogo puramente divertido, consistente e cheio de coração e isso, às vezes, é tudo que precisamos.
Marvel Cosmic Invasion é mais um grande acerto divertido, honesto em sua proposta e cheio de nostalgia. Porém, sua curta duração e baixo desafio podem deixar jogadores mais exigentes querendo um pouco mais especialmente pelo preço cobrado.
Ainda assim, para quem ama beat ’em ups ou cresceu jogando Marvel e Capcom nos arcades, é um prato cheio.
Agradecemos os Amigos da DOTEMU que nos enviaram uma cópia de Steam para que fazermos este review.













