Falar de “melhores jogos do ano” nunca é simples. Não porque faltem bons jogos, mas justamente pelo contrário. 2025 foi daqueles anos em que a gente terminou mais jogos do que conseguiu digerir, discutiu mais do que concordou e, em vários momentos, percebeu que videogame continua sendo uma das formas mais interessantes de contar histórias, testar ideias e provocar sensações.
Ao longo do ano, jogamos de tudo. Dos grandes lançamentos cercados de expectativa e orçamento gigantesco, até projetos menores, feitos longe dos holofotes, mas cheios de personalidade. E é justamente esse contraste que define 2025: um ano onde o mercado mostrou seus excessos, mas também sua criatividade.
Aqui no Review de Jogos, a proposta continua sendo a mesma, mas o olhar amadurece a cada ano. Nosso conteúdo não nasce de press release nem de promessa de marketing. Ele nasce do tempo investido jogando, errando, insistindo, zerando e às vezes abandonando jogos que mereciam ser discutidos com mais cuidado do que um simples “vale a pena”.
Em 2025, publicamos quase 60 reviews, sendo cerca de 50 delas de lançamentos do próprio ano. Foi um ritmo intenso, muitas horas de gameplay e textos escritos com a preocupação de ir além da superfície, entendendo o que cada jogo realmente queria ser.
Para montar esta lista, cada pessoa que escreveu no site escolheu cinco jogos que mais marcaram seu ano. A partir desse recorte coletivo, chegamos ao top 10 títulos que melhor representam o que foi 2025 para nós, não necessariamente os mais populares, mas os mais significativos.
Essa lista não é um consenso absoluto, nem pretende ser. Ela é um retrato honesto do nosso ano jogando videogame. E agora, é hora de descobrir quais jogos conquistaram esse espaço.
10 jogos melhores jogos de 2025
10° Ghost of Yotei
A Sucker Punch transformou sua franquia em uma antologia e nos levou para Ezo, 300 anos após os eventos de Tsushima. Aqui, deixamos o código de honra dos samurais de lado para assumir o controle de Atsu, uma protagonista movida puramente por instinto de sobrevivência e vingança.

Se a narrativa perde um pouco do brilho por conta de NPCs esquecíveis, especialmente quando comparada à força dos coadjuvantes do jogo anterior ou até mesmo à trama recente de Assassin’s Creed Shadows, o título compensa onde realmente importa: no gameplay. O combate continua impecável, agora mais visceral e expandido com novas armas, como a Kusarigama, exigindo estratégia real do jogador.
Visualmente, é um espetáculo à parte. A direção de arte entrega “pinturas vivas” a cada frame, rodando de forma fluida no PS5. Pode ser uma sequência conservadora e uma aposta segura da Sony, mas é impossível não se encantar ao explorar a região do Monte Yotei guiado apenas pelo vento e pelo som do shamisen.
9° Borderlands 4
Após a recepção mista do terceiro jogo, muitos temiam pelo futuro da franquia. Felizmente, Borderlands 4 prova que nunca foi tão bom estar errado. A Gearbox não apenas trouxe a saga de volta aos trilhos, mas entregou o que pode ser considerado o “Looter Shooter definitivo”.

Desta vez, deixamos Pandora para explorar Kairos, um planeta oprimido pelo sádico Guardião do Tempo, um vilão que finalmente traz de volta a presença ameaçadora e carismática que faltava desde Handsome Jack. A grande revolução, no entanto, está na estrutura: adeus às zonas separadas por loading, olá ao primeiro mundo aberto real da série. Essa mudança vem acompanhada de uma mobilidade inédita, com ganchos e planadores que tornam o combate mais vertical, frenético e estrategicamente rico.
É preciso ser honesto: a otimização no lançamento deixou a desejar, com texturas demorando a carregar e desempenho instável em alguns momentos. Mas, mesmo com esses tropeços técnicos, a diversão do gameplay supera os problemas. Com um endgame robusto e uma jogabilidade viciante, Borderlands 4 é a injeção de adrenalina que o gênero precisava em 2025.
8° Arc Raiders
ARC Raiders
Lançado no final de outubro, ARC Raiders chegou para provar que o gênero de extraction shooter ainda tem muito fôlego quando executado com maestria. A Embark Studios entregou não apenas um jogo de tiro, mas uma fábrica de tensão onde a decisão de puxar o gatilho ou se esconder pode custar horas de progresso.

A premissa é simples: sair do refúgio subterrâneo de Speranza, enfrentar a superfície dominada pelas máquinas ARC, saquear e sobreviver. Porém, a execução é o que brilha. A mistura de PvP e PvE cria uma “narrativa emergente” fantástica, cada incursão é uma história única de alianças frágeis, traições inesperadas e fugas por um triz. As máquinas não são apenas alvos; elas possuem uma IA tática que flanqueia e pressiona, forçando o jogador a pensar rápido.
Tudo isso é embalado em visuais deslumbrantes na Unreal Engine 5 e um design de som que te deixa paranoico a cada passo. Mesmo com pequenas oscilações de performance em momentos de caos extremo no PS5, a fluidez do combate e a adrenalina do risco constante garantem a ARC Raiders um lugar merecido entre os melhores do ano.
7° Battlefield 6
Depois do polêmico 2042, a missão da EA não era apenas lançar um jogo, mas reconquistar a confiança. E Battlefield 6 consegue isso voltando ao básico que funciona: guerra moderna, sistema de classes clássico e a escala massiva que define a série.

Ambientado num futuro próximo (2027), onde a OTAN colapsa e PMCs como a “Pax Armata” dominam, o jogo brilha no multiplayer. A introdução do “Kinesthetic Combat System” trouxe uma fluidez necessária para a infantaria, permitindo movimentos táticos sem transformar o jogo num arcade frenético demais. Os mapas, como Mirak Valley, voltam a oferecer aquele sandbox caótico onde tanques, jatos e infantaria colidem de forma orgânica.
Porém, é um Battlefield em sua essência, inclusive nos defeitos. O lançamento em outubro veio acompanhado dos tradicionais problemas de hit registration e bugs visuais, e a campanha single-player é genérica o suficiente para ser esquecida em horas. A destruição, embora visualmente impressionante, às vezes parece mais scriptada do que a prometida “destruição total”. Ainda assim, quando a poeira baixa e o caos da partida flui, é inegável: a sensação de “só no Battlefield” está de volta e mais forte do que nunca.
Nossa review de Battlefield 6 ainda está em produção
6° Absolum
Quando a Dotemu entra em cena, a expectativa sobe. Responsável por reviver o gênero beat’em up com clássicos modernos, a publisher agora aposta suas fichas em Absolum, um híbrido autodenominado “Rogue’em Up” que mistura a pancadaria de rua com a progressão cíclica e viciante dos roguelikes.

Apesar de o mercado estar cheio de títulos do gênero, Absolum se destaca pela execução primorosa. O combate tem o “peso” certo, os controles são responsivos e a estratégia de montar builds aleatórias funciona muito bem para manter o fator replay. Tudo isso envelopado numa direção de arte belíssima (feita pelo mesmo estúdio de animação da Supamonks) e uma trilha sonora de peso, com compositores que trabalharam em obras como Elden Ring e Doom.
Ele pode não reinventar a roda, mas faz o básico com uma maestria rara. Seja jogando sozinho ou no modo cooperativo caótico (local e online), Absolum é aquele jogo acessível, bonito e divertido que prova que a boa e velha pancadaria nunca sai de moda.
5° Hades 2
Após um bom tempo em Acesso Antecipado, Hades 2 finalmente foi lançado em sua versão final e provou que a espera pela sequência do aclamado Roguelike valeu a pena.

Agora no controle de Melinoe, uma filha de Hades que todos desconheciam buscamos vingança contra Cronos que matou seu filho e usurpou o seu reino.
Tudo que já era bom em seu antecessor conseguiu ser expandido e melhorado em Hades 2. A experiência continua sendo desafiadora e sentimos que avançamos em nossas habilidades a cada nova tentativa. Desta vez ainda contamos com dois mapas a serem explorados e assim podemos ir até o submundo, lar de Hades ou subir ao monte Olimpo, ambos cenários que irão garantir horas e horas de desafio e tentativas.
Como destaques a direção de arte, gameplay responsiva e as excelentes interpretações de cada um dos Deuses e seres mitológicos completam a incrível experiência que este jogo proporciona.
Nossa review de Hades 2 ainda está em produção
4° – Split Fiction
Josef Fares e a Hazelight Studios provaram mais uma vez que ninguém entende o gênero cooperativo como eles. Superar o sucesso de It Takes Two parecia impossível, mas Split Fiction aceita o desafio e entrega uma obra-prima que eleva a cooperação a um novo patamar de criatividade.

A premissa é genial em sua execução: duas escritoras com visões opostas, Mio, a cética amante de ficção científica, e Zoe, a otimista fã de fantasia, acabam presas em uma simulação que entra em colapso. O resultado é uma fusão caótica de mundos, obrigando as duas a navegar por cenários onde a tecnologia futurista e a magia medieval colidem. A jogabilidade reflete essa dualidade, alternando mecânicas o tempo todo para garantir que a experiência nunca fique repetitiva.
Além de ser um espetáculo visual e de design, o jogo traz uma narrativa madura que critica a exploração comercial da arte e celebra o processo criativo. Mantendo a tradição do estúdio, é uma experiência obrigatoriamente cooperativa (com o excelente “Passe de Amigo” incluso), ideal para duplas que buscam uma jornada emocionante, engraçada e que exige sincronia perfeita.
3° Kingdom Come Deliverance 2
A Warhorse Studios não apenas entregou uma sequência, mas refinou sua fórmula a ponto de estabelecer um novo padrão para RPGs históricos. Acompanhar Henry e Sir Hans Capon nesta nova jornada pela Boêmia do século XV é mergulhar em uma narrativa de vingança e política que flui organicamente entre dois mapas gigantescos. O destaque absoluto vai para Kuttenberg: uma metrópole medieval tão vasta e vibrante que faz a Rattay do primeiro jogo parecer um pequeno vilarejo.

O grande triunfo de KCD2, no entanto, é equilibrar complexidade com acessibilidade. O combate foi simplificado para quatro direções, tornando as batalhas mais intuitivas e agressivas, especialmente com a adição das letais bestas e armas de fogo primitivas. A imersão é elevada por uma IA assustadoramente reativa, NPCs notam portas abertas, investigam barulhos e conectam pontos de crimes, obrigando o jogador a agir com inteligência real, não apenas mecânica.
Apesar de carregar alguns “fantasmas” técnicos da CryEngine, como texturas que demoram a carregar, o visual é deslumbrante. Kingdom Come: Deliverance II é uma experiência densa, que trata o jogador como adulto e recompensa a paciência com uma das aventuras mais autênticas da geração.
2° Dispatch
Dos mesmos veteranos da Telltale Games (agora sob a bandeira do AdHoc Studio), Dispatch chega para provar que o gênero narrativo não precisa de grandes franquias licenciadas para brilhar, mas sim de alma e criatividade. É o “sopro de novidade” que esperávamos há anos.

Esqueça a jornada do herói tradicional. Aqui controlamos Robert Robertson III, um ex-herói falido e sem armadura que, para recuperar seu legado, aceita trabalhar como dispatcher numa agência de ex-vilões reformados. O roteiro é uma mistura genial de The Office com a violência e o tom adulto de Invincible, entregando uma comédia ácida sobre burocracia, egos inflados e a desconstrução do mito do super-herói.
O gameplay vai além dos diálogos, exigindo que você gerencie crises e despache a equipe certa para cada missão, equilibrando atributos e, pior, as rixas pessoais dos personagens. Com atuações de voz impecáveis e uma direção de arte cinematográfica, Dispatch é uma experiência densa e viciante que mostra como recomeçar um gênero do zero.
1° Clair Obscur: Expedition 33
Em um ano marcado por sequências de franquias colossais, a coroa de Melhor Jogo de 2025 vai para uma estreia. A Sandfall Interactive, um estúdio pequeno, fez o que parecia impossível: provou que o RPG de turnos não só está vivo, como pode ser o gênero mais emocionante do mercado.

Clair Obscur: Expedition 33 é uma obra-prima melancólica e visualmente deslumbrante. Acompanhamos Gustave e sua expedição em uma marcha suicida para destruir a Artificie, uma entidade que, anualmente, pinta um número em um monólito e apaga da existência todos que têm aquela idade. O roteiro, apoiado por atuações de peso (Charlie Cox, Andy Serkis), cativa pela originalidade e pela dor de um mundo acostumado ao luto.
Mas é no gameplay que ele brilha. O sistema de “Turno Reativo” exige que o jogador participe ativamente de cada defesa e ataque, misturando a estratégia clássica com reflexos de ação. É punitivo, flertando com mecânicas Soulslike onde errar um parry pode ser fatal.
Custando metade do preço de um blockbuster e entregando o dobro de alma, Expedition 33 é um tapa na cara da indústria moderna. É a prova de que direção de arte, paixão e respeito ao jogador valem mais do que orçamentos inflados. Uma lição, uma viagem inesquecível e, sem dúvida, o Jogo do Ano.









