Não é difícil uma pessoa despercebida que veja Kena e não pense que é uma animação.
A primeira aposta do estúdio EMBER LAB que até o momento trabalhava apenas com animações e agora se aventura no mercado de jogos é um deleite visual para qualquer um que goste de animações.
Me lembro que na primeira vez que o jogo foi apresentado, no mesmo showcase que mostraria o Playstation 5 pela primeira vez ao mundo, Kena foi o jogo que mais me chamou atenção. Tudo nele parecia encantador.
Mas e ai, será que este encanto realmente foi correspondido?
A principio diria que sim.
Para um jogo indie, Kena consegue alcançar uma qualidade não tão distante de jogos de estudios maiores.
Tudo que foi apresentado em trailers acabou sendo entregue em suas devidas proporções, Kena é sim um jogo com visual extraordinário.
Claro que se você exige gráficos realistas pode não ser o que mais lhe agrada, porém todo aquele visual de animação que o jogo prometia de certo modo foi entregue.
É nitida a diferença de gráficos se compararmos momentos de gameplay com animações das cenas onde a história se desenvolve, porém tudo mantem uma harmonia a ponto dessa diferença não interferir em nada a experiência.
No entanto vale ressaltar que Kena sim se destaca por seu estilo visual, mas ele é muito mais que isso.
O Universo de Kena Bridge of Spirits.
Começamos nossa aventura no escuro. Kena, a protagonista da história, inicia sua jornada chegando em uma caverna, sem sabermos os motivos ou como ela foi parar ali.
Estes primeiros minutos servem muito bem para explicar os primeiros movimentos que o jogador deve aprender e ira utilizar por todo o jogo.
A principio Kena é capaz de jogar sua energia pelo ambiente para que ele ative cristais ou interaja com o ambiente e aprendemos os movimentos básicos de luta sendo um golpe rápido e um mais forte porém lento.
Acredito que os produtores decidiram iniciar o jogo dentro de uma caverna para que o impacto assim que sairmos pela primeira vez para o mundo colorido no meio de uma floresta seja maior.
Kena logo encontra duas crianças que estão tentando capturar uma criaturinha, um Rot. Os rots são bichinhos absurdamente carismáticos que vivem na floresta. Eles tem o poder de juntos purificarem áreas que estejam corrompidas, liberando assim o ambiente daquela região.
O objetivo de Kena é chegar ao templo da montanha sagrada e as crianças aceitam ensinar o caminho desde que ela os ajude a encontrar seu irmão Taro.
Durante a jornada Kena deverá encontrar Rots para que eles assim a ajudem a avançar em seu caminho e também evoluir seus poderes já que os Rots também podem ser utilizados em batalhas como armas ou até mesmo para segurar e atrapalhar os inimigos.
Vale falar que embora o jogo traga cenários vividos e grandes, os mesmos são vazios. A viagem de Kena por esse mundo acaba sendo bem solitária.
Os cenários do jogo são divididos em grandes áreas que vão sendo liberadas no decorrer que a história evolui. A cada nova área o jogador sempre terá a liberdade de explorar em busca de coletáveis e Rots ou simplesmente seguir adiante para continuar sua história. De qualquer forma estão espalhadas vários checkpoints que servem de teleporte, desta forma você poderá ir e voltar rapidamente de um ponto a outro.
Como é Jogar Kena Bridge of Spirits
A princípio no jogo você terá poucos movimentos limitando-se apenas a ataque rápido e forte. Com a evolução da história não demora muito e novas habilidades serão adicionadas a lista de possibilidades, Kena poderá usar Arco e Flecha, bombas e novos movimentos, todos úteis no jogo.
Algo a se destacar é que Kena divide muito bem seus momentos de jogo.
As batalhas acontecem em locais pontuais, sendo assim quando você esta explorando dificilmente vai ser surpreendido por algum inimigo, o jogo é até bem previsível nesse sentido.
Os momentos de exploração e plataforma foram os que eu mais gostei no jogo. Alguns momentos exigem combinar movimentos com tiros certeiros usando seu arco por exemplo, ou resolvendo alguns quebra-cabeças utilizando um poder ou outro para avançar.
Geralmente quando você estiver em um desses momentos de plataforma poderá ver o ambiente ficando diferente, a corrupção tomou conta daquele lugar e nesses momentos aparecerão inimigos se você avançar por ali.
A minha critica ao jogo vão para as batalhas.
Como as batalhas são de certa forma pontuais não existe uma curva de aprendizado, você simplesmente sai de um inimigo normal e na próxima batalha pode ser que venha um inimigo muito mais forte ou um mestre de área. É normal você simplesmente morrer por que o jogo não te deu experiência suficiente para passar por isso.
Muita gente reclama da dificuldade do jogo e Kena não é um jogo difícil, só acho que ele não respeita a evolução do jogador.
O jogo possui muitos mestres de áreas e geralmente suas batalhas são bem diferentes uma das outras, mudando sua estratégia. Aprender como usar suas habilidade e Rots de forma perfeita na batalha são fundamentais.
Conforme você acerta golpes nos inimigos os Rots vão criando coragem e ganhando pontos para que você os utilize em batalha. Eles são fundamentais pois podem segurar o inimigo, realizar uma habilidade e ate mesmo recuperar o HP de Kena.
No jogo não encontramos itens de cura, apenas em algumas arenas existem pontos específicos que se mandarmos os Rots até la eles recuperam nossa energia, porem são consumíveis e bem limitados, por isso seu uso também deve ser bem estratégico, assim que a batalha termina o HP é restaurado.
No decorrer do jogo Kena irá aprender novas habilidades que ajudarão não somente nas batalhas mas também a passar pelas fases utilizando seu arco ou movendo objetos.
Além das habilidades liberadas ao decorrer da história o jogo apresenta uma arvore de evolução, bem simples se compararmos com outros jogos, quanto mais Rots conquistamos novas habilidades surgem para ser adquiridas.
Em cada pedaço do game da para ver que a equipe da Ember Lab teve um carinho muito grande durante o desenvolvimento, por isso o jogo surpreende bastante mesmo sendo o primeiro da empresa.
O jogo não é muito longo, em aproximadamente 10h você poderá terminar a missão principal, porém caso queira completar tudo ou buscar a platina pode adicionar muitas horas extras ao jogo.
Problemas no Playstation 4
Um dos motivos pelo qual não lançamos este review do jogo próximo do lançamento foi devido alguns problemas que ele apresentou, principalmente na versão de Playstation 4.
Alguns eram sérios, como quando Kena vestia uma máscara o jogo ficava em primeira pessoa e era impossível o jogador continuar sem reiniciar o jogo.
Um segundo problema que durou por muito tempo era uma espécie de travamento que a personagem tinha enquanto se movimentava pelos cenários. Kena estava correndo e parecia que algo a segurava, isso quando a personagem simplesmente não parava de correr de maneira abrupta.
Estes problemas estragaram um pouco da minha empolgação com o jogo em um primeiro momento, porém a Ember Lab foi responsável e sanou os principais problemas já nos primeiros dias.
Portanto hoje Kena Bridge of Spirits já pode ser jogado tranquilamente tanto nos consoles como no PC.
Vale a pena Jogar Kena Bridge of Spirits?
Se você gosta de um bom jogo de plataformas com doses de batalha vale sim.
Confesso que esperava um pouco mais da história da guia espiritual, no final da Jornada não parece que Kena evoluiu como personagem, as histórias dos demais personagens que encontramos pelo caminho são mais importantes que a dela, deixando um gosto de uma protagonista que mais parece uma coadjuvante naquele mundo.
Assim como o jogo parece uma animação, aquele filme despretensioso que você vai fazer uma pipoca e assistir numa tarde preguiçosa, Kena nos entrega este tipo de entretenimento, um jogo sendo um jogo e não precisa ser mais do que isso.