Começo este review sendo bem honesto, eu não sabia o que esperar de Scorn.
Não acompanhei todos estes anos de desenvolvimento e acabei conhecendo o título nos últimos meses, no entanto não fiquei procurando muitas informações ou assistindo vídeos e quis ter uma experiência crua com o jogo.
Acredito que assim como a maioria das pessoas, achei que Scorn seria um jogo FPS comum ambientado em um cenário bizarro, porém Scorn é o inverso disso.
Primeiro que ele está longe de ser um jogo comum, Scorn traz uma ambientação única e de certo modo magnífica na proposta que o jogo traz.
O ambiente é repleto de bio-máquinas e tudo tem um ar insalubre, sujo, grotesco.
A história de Scorn
Nosso personagem acorda em meio a esse caos desolado, um ser vivo que tem semelhança com os humanos no entanto sem pele, nu e com músculos expostos.
Assim sem explicação sabemos apenas que devemos seguir em frente, sem histórico, sem uma meta, sem sequer saber os motivos, apenas seguimos em frente.
Uma das propostas do jogo é justamente essa, nos jogar dentro do desconhecido e por lá fazer o jogador simplesmente se virar, continuar e sobreviver neste ambiente decadente e perturbador.
Tudo em Scorn parece estar abandonado a anos, as máquinas ainda funcionam mas facilmente as encontramos em estado precário, muitas vezes presas a algum tipo de biomassa de algo que já foi vivo, cresceu e se misturou ao metal dos equipamentos abandonados.
No jogo, não encontramos uma gameplay frenética como em outros jogos em primeira pessoa ou de terror, o espaço aqui é cheio de quebra-cabeças e desafios para que os caminhos se abram e você siga em frente. Mesmo sem saber o motivo devemos seguir, apenas o instinto e a curiosidade é algo que nos move.
Scorn é um jogo silencioso, vazio e perturbador ao mesmo tempo. O terror não está baseado em sustos inimigos horripilantes ou cenários macabros mas sim na vontade de simplesmente sair dali o quanto antes.
Estes cenários causam uma sensação estranha na gente e como não existem mapas e diversas vezes os lugares são semelhantes, é agoniante ficarmos perdidos por lá e libertador quando percebemos que conseguimos enfim progredir ainda mais no jogo.
Os cenários por mais que tragam uma estranheza ao jogador é possível tentar reconhecer algo ali da antiga civilização, como fábricas, prisões e até o ápice da civilização onde vemos corpos, sexo e imagem daqueles seres sendo cultuadas e reproduzidas.
Também é comum ver pelos cenários objetos e situações que lembrem de certa forma órgãos sexuais, já que a ideia deste universo é unir maquinas e objetos vivos. Por isso é normal ouvir barulhos, inserir seus dedos, braços entre outras coisas em diversos tipos de orifícios durante a jornada.
Tudo dentro da normalidade neste cenário nada normal para nós.
Essas estranhezas nos cenários e bizarrices acabam de certa forma encantando o jogador, não é difícil você parar alguns minutos e ficar apenas olhando e tentando entender o que já foi aquilo e qual o motivo disso existir.
O game de fato não apresenta uma história clara, mas também não é aquele tipo de jogo filosófico onde vemos uma mensagem oculta. Scorn acaba falando muito sobre a sobrevivência neste cenário e como vamos nos virar para tentar sair dali.
Talvez o mais próximo de uma história acontece a partir de uma determinada parte do jogo onde um parasita invade nosso corpo e passa a nos atormentar e devorar nossas entranhas.
Agora além de sobreviver ao caos deste ambiente perturbador também devemos encontrar um meio de nos separar deste ser que nos invadiu. Mas isso é muito mais uma consequência, um motivo a mais para se seguir do que uma história.
Embora o foco do jogo não seja enfrentar inimigos, Scorn apresenta algumas feras espalhadas pelo mapa.
Basicamente são 3 tipos de inimigos mais comuns e dá para se dizer que é um pequeno, um médio e um grande.
Enfrentar estes inimigos é a parte mais chata do jogo. O personagem se movimenta de forma lenta enquanto os inimigos são ágeis, e podem te atacar até mesmo de longe.
As armas do jogo também não ajudam muito. Inicialmente pegamos uma arma para ataque físico, dando uma “cutucada” em coisas pelo cenário e capaz de deter alguns inimigos menores, porém os de médio porte exigem de 4 a 5 estocadas e facilmente você irá morrer antes de matá-los.
Diversas vezes durante o jogo eu preferi apenas correr, fugir, ou esperar os inimigos passarem de um lado para o outro e assim liberar meu caminho para prosseguir.
No jogo até é possível pegarmos novas armas, porém as munições são escassas, sendo possível adquiri-las apenas 1 vez por cada estação no jogo, da mesma forma itens para recuperar nossa vida também são bem escassos, dai vem minha opção de simplesmente evitar o combate.
Mas confesso que na minha primeira vez jogando Scorn eu sequer encontrei onde estava a primeira arma do jogo, segui com a arma de ataque físico até próximo ao fim do jogo onde encontrei uma nova arma.
Ao mesmo tempo que os cenários do jogo são o maior trunfo do jogo ele por muitas vezes é confuso já que equipamentos e coisas a se interagir se escondem no meio desse caos.
Não ter encontrado esta arma inicial me dificultou bastante a jornada em certas partes porém é possível joga-lo por completo sem a necessidade de armas.
Scorn é um jogo que vai dividir muitas opiniões daqueles que desejem experimentar o game até o final.
A ausência de história, a troca da ação frenética por um jogo mais contido e exploratório, o visual grotesco e violento com certeza não é algo para se atender ao grande público.
Vale a pena jogar Scorn?
Agora dizer se Scorn vale a pena, eu acredito que sim.
De certa forma é gratificante ver um jogo explorando de forma tão original um cenário tão batido com os de FPS.
Ele é um jogo bem diferente, com uma direção de arte, cenários e sensações únicas. No entanto ele pega de surpresa muitos jogadores já em seu primeiro puzzle que de certa forma é desafiador.
Talvez minha maior crítica quanto ao jogo é que achei desnecessário ter inimigos espalhados pelos pontos do mapa. O jogo e seus quebra-cabeças já trazem um desafio interessante e com a mecânica ruim das batalhas, muitas vezes eu acabei ficando frustrado pelo caminho que o jogo tomou e não pela forma que eu estava jogando.
Portanto se você é um jogador que gosta de desafios, exploração com uma pitada de terror Scorn é um prato cheio, porém se busca um jogo de tiros com muita ação, talvez seja melhor buscar outro jogo.
SCORN foi gentilmente enviado pela produtora para a criação deste review.