Em 2080 a humanidade já começou sua colonização em Marte e em um dia comum no planeta vermelho um sinal de emergência surge de Fort Solis e então devemos ir até lá descobrir o que está acontecendo.
Com essa premissa começamos a nossa aventura neste game que promete ser um thriller cinematográfico em forma de jogo.
Nosso personagem é Jack, um trabalhador que está no seu dia a dia em Marte e recebe o sinal de alarme dizendo que algo aconteceu em Fort Solis, próximo de sua localização atual.
O que podemos entender é que esta base já não está mais em uso como antigamente e que de tempos em tempos este tipo de alarme acaba disparando mas que no fim das contas não é nada, porém resolve ir até lá apenas para conferir e certificar o que aconteceu e pretende voltar rápido já que estamos na época de tempestades onde fortes ventos e areia dominam a região.
Embora seja uma base antiga e atualmente fora de uso, Fort Solis ainda conta com poucos residentes que pelo tamanho de sua estrutura pode ser que não sejam encontrados facilmente já que cada um ocupa seu posto e tem suas tarefas a serem realizadas.
Assim devemos investigar e procurar onde estão estes que vivem lá para ter certeza de que o sinal foi apenas mais um erro como já aconteceu outras vezes.
Como é jogar Fort Solis.
O jogo é dividido em quatro capítulos e os criadores trazem esta proposta onde você poderá jogar tudo de uma vez ou curtir como se fosse uma série já que cada uma destas partes leva em média 1h para ser desenvolvida.
Embora seja um jogo focado em narrativa, Fort Solis se distancia bastante de outros games do mesmo estilo como Detroit Become Human e Until Dawn.
O que de fato acaba sendo uma pena para o título que tinha um grande potencial.
Digo isso pois basicamente a jogabilidade de Fort Solis se resume em andar, andar e andar.
Faremos isso durante todo o jogo, andando pelos corredores, quartos e diversas áreas da base tentando entender o que aconteceu com a tripulação.
E quando digo andar é realmente andando que vamos passar por todas as áreas uma vez que nosso personagem não corre.
No começo, não correr até fazia sentido, já que ele está tranquilo andando pela base tentando entender o que ativou o alerta.
Sem preocupações ou nada a temer, realmente não existem motivos para o personagem correr por aí, mesmo que seja um jogo.
Assim, além de andar, devemos explorar os quartos e salas de Fort Solis encontrando computadores e gravadores onde poderemos ler as trocas de e-mail entre a equipe, gravações e assistir vídeos de seu dia a dia.
No entanto conforme a trama vai se desenvolvendo e a história começa a ter um pouco mais de urgência eu sinceramente esperava que esta calmaria de andar por aí fosse mudar o ritmo, porém ela continua.
Fort Solis sofre muito com seu ritmo de jogo.
Andar ao invés de correr e ter este movimento mais lento e limitado acaba nos dando uma sensação de estranheza e até mesmo de ansiedade já que o ritmo não condiz com as revelações que estamos buscando ou até mesmo com a urgência que certos eventos que acontecem exigem.
O jogo ainda conta com algumas situações com quick time events, mas são tão pouco e esquecíveis que acabam sendo esquecidos minutos após eles acontecerem.
Todos os pontos de interesse que possuem algum tipo de interação são marcados nos cenários, assim não precisamos ficar clicando em armários, portas ou lugares sem essas marcações pois tudo que poderá ser explorado o jogo irá te entregar mastigado.
Assim cabe a você como jogador apenas controlar os caminhos que faremos pela base, encontrar os cartões que abrirão novas portas e continuar assistindo vídeos, ouvindo gravações e lendo e-mails para tentar entender o que afinal de contas aconteceu por ali.
Um grande elenco
Embora Fort Solis sofra bastante como um jogo é de se notar a qualidade visual do jogo e principalmente as atuações dos personagens.
Os protagonistas são interpretados por nomes de peso do mercado como Roger Clark que dá voz a Arthur Morgan em Red Dead Redemption e Troy Baker que dá voz a Joel em The Last of Us.
Por ser um game com foco narrativo e toda a história na maioria das vezes se desenrolar em gravações, o trabalho dos atores que dão suas vozes aos personagens tem um grande peso e todo o time que trabalhou em Fort Solis entrega um trabalho impecável neste ponto
Um jogo que queria ser filme, um filme que queria ser jogo
Para mim o grande problema de Fort Solis é ele não entender bem o que ele é.
Poderia ser um bom filme e não um jogo, mas também tem todo o potencial para ser um bom jogo e não um filme.
A história até certo ponto nos segura, nos intriga e nos puxa para este universo que está sendo apresentado.
Todo esse ar de mistério do que afinal está acontecendo na base, os e-mails, as gravações, tudo vai deixando o jogador curioso e com um gostinho de querer saber mais sobre o que afinal de contas rolou por ali.
O problema é que no formato de jogo e nas escolhas dos desenvolvedores de como isso tudo funcionaria, fica algo desinteressante de se continuar.
Veja bem, se ainda tivéssemos alguns tipos de puzzle, situações onde exigissem mais de nós como jogadores para prosseguir e continuar essa história ou até mesmo escolhas que nos guiaram para outros desfechos sem dúvida alguma Fort Solis seria bem mais interessante de se apreciar.
Não estou pedindo algo cheio de ação como em Dead Space ou The Callisto Protocol onde tenham monstros, combates e cenas épicas, porém apenas andar por aí é algo desmotivador.
Da mesma forma, se fosse um filme, sem exigir estes tempos que o jogo toma, indo direto ao ponto para nos apresentar uma história com a metade do tempo que o jogo leva, também teríamos um produto melhor desenvolvido.
Por não saber muito bem se é um filme ou se é um jogo Fort Solis acaba sendo algo arrastado e em alguns momentos até mesmo chato.
Sua ambientação e premissa acaba nos prometendo de alguma forma algo que possa ser um conteúdo de investigação, um terror, um sci-fi mas acaba sendo uma experiência frustrante que promete mas não entrega, que tem potencial mas que nunca chega lá.
Em todos os momentos que deveríamos nos deslocar de um lado para o outro da base, nesses diversos momentos como jogador eu esperava que algo fosse acontecer, nem que fosse um susto para nos lembrar que devemos estar atentos, que ainda estamos no controle ou até mesmo para nos deixar acordados.
Mas infelizmente, nada aconteceu e no final toda minha tensão acabou virando frustração.
Fort Solis vale a pena?
Indo direto ao ponto, da maneira que Fort Solis está hoje, com preço de lançamento não vale a pena.
Todo o cuidado técnico com o visual e as atuações impecáveis dos atores parecem ter sido o foco da equipe que esqueceu que no final das contas estão vendendo um jogo e não um filme.
No final da minha jornada pelo jogo que dura aproximadamente 4h fiquei decepcionado, com tanto potencial sendo desperdiçado, por um jogo que tinha tudo para ser um grande thriller e com vários caminhos mas que se perdeu em uma tempestade marciana e não encontrou o caminho para onde deveria seguir.
Agradecemos a equipe da Fallen Leaf e a Dear Villagers por nos enviar uma copia da versão de Playstation 5 para a criação deste review.