Star Ocean the Second Story R traz uma nova adaptação do segundo game da franquia com novidades e mecânicas que facilmente irão agradar aos fãs do jogo original.
A franquia começou no Super Nintendo e se minha memória não falha era um jogo exclusivo para o mercado japonês e também ficou conhecido como o maior game do console até então. Não em tempo de jogo mas em uso de cartucho.
Porém meu primeiro contato com a franquia foi em meados dos anos 2000 justamente com Star Ocean The Second Story.
Na época, ainda fascinado pelos inúmeros jogos de RPG que PlayStation poderia proporcionar, Star Ocean chamava a atenção por alguns diferenciais, entre eles a quantidade de personagens que poderíamos conquistar para o nosso grupo, o sistema de batalha focado em ação e o número enorme de finais possíveis para o jogo.
Estes diferenciais eram de fato bem interessantes para a época. Quando falávamos em RPG Japonês estávamos falando quase sempre de jogos com batalhas por turno e Star Ocean era totalmente diferente neste sentido entregando batalhas rápidas, ágeis e cheias de ação.
Cada personagem dentro da história principal ou recrutado de forma opcional trazia poderes e estratégias diferentes para as batalhas por isso perder ou passar batido por um personagem poderia facilitar ou piorar muito seu futuro no jogo.
E a quantidade de finais era algo que espantava a qualquer um ao saber que era possível ter mais de 80 desfechos diferentes para esta história. E que para cada um bastava escolher um caminho diferente, deixar de fazer uma ação, não recrutar ou aceitar um determinado personagem em seu grupo.
Todas essas possibilidades e situações fizeram com que Star Ocean The Second Story fosse um RPG grandioso na era dos grandes RPGs.
Embora esta nova edição seja um remake e a franquia tenha ganho diversos jogos em todas as gerações que vieram adiante, o segundo game foi tão importante que chegou a ganhar uma versão atualizada em 2008 para o PSP com o título de Star Ocean Second Evolution onde foram introduzidas novas cenas animadas e a adição de textos com vozes dos personagens o que ficou ótimo na versão do portátil.
Assim está é a terceira oportunidade que temos de revisitar a história de Claude e Rena neste oceano de estrelas.
A história Star Ocean The Second Story
Antes de tudo o jogador deverá optar entre um dos dois protagonistas sendo Claude e Rena. Ambos os protagonistas irão dar sentido a história que no geral passará pelos mesmos momentos no entanto mostrando diferentes perspectivas.
Em resumo Claude é o filho de um renomado e respeitado comandante de uma frota espacial da Terra que está investigando artefatos desconhecidos em um planeta e após uma atitude imprudente do jovem acaba por ligar um dispositivo que o transporta para outro planeta.
Este planeta desconhecido é o lar de Rena, que vive em um vilarejo próximo a uma floresta e acaba encontrando Claude que a salva de um monstro que aparece repentinamente.
Para salva-la Claude acaba usando sua arma laser, dispositivo desconhecido pelo povo deste planeta que desconhece tecnologia, porém desperta a curiosidade de Rena sobre uma antiga lenda que diz que um herói irá surgir e salvará o mundo com sua espada de luz.
Após os protagonistas se conhecerem somos apresentado a este planeta desconhecido e descobrimos que a anos um meteorito caiu no planeta e formou um domo de energia que encobriu todo um continente. Este domo é conhecido como Sorcery Globe e ninguém sabe ao certo de onde ele veio, os motivos dele ter se formado e como desfaze-lo já que sua presença faz com que monstros e seres perigosos dominem não apenas sua região mas também se espalhe por outros cantos do mundo.
Ao mesmo tempo em que Claude não acredita em nada dessa história de ser um herói premeditado ele se interessa em saber o que seria este artefato espacial que caiu no planeta e se este teria alguma ligação com o que o trouxe até lá e aceita o pedido para ir até o Sorcery Globe e Rena decide ir com ele a fim de ajudar a desvendar este mistério e também detalhes do passado de sua vida até então desconhecida.
Assim a dupla parte do pequeno vilarejo para o mundo em busca de respostas.
A partir deste momento a história do jogo irá seguir basicamente uma mesma linha, no entanto de acordo com o protagonista escolhido alguns momentos poderão ser diferentes.
Isso pode ocorrer em situações onde ele estejam separados por algum motivo e vemos apenas um ponto de vista e caso o jogador queira entender o que aconteceu com o outro personagem naquele momento terá de rejogar a história utilizado outro protagonista.
Outro fator que pode fazer muita diferença em como o jogador irá consumir a história de Star Ocean The Second story R é a quantidade de personagens que iremos conhecer e recrutar para o nosso grupo durante a jornada e utilizarmos o sistema de Private Action.
Durante as visitas pelas cidades podemos optar por explorar com nosso grupo ou ativar o Private Action onde o protagonista irá se separar do grupo e explorar a cidade encontrando novos diálogos, possibilidades e até mesmo criando interações novas com outros personagens do grupo.
Os Private Actions podem funcionar como sidequests para a história do jogo e acrescentam conteúdos fundamentais para adquirirmos itens e equipamentos, novos personagens e possibilidades que mudarão a a perspectiva e até mesmo o final do jogo.
Além destas ações a história ainda conta com situações momentâneas que o jogador deverá fazer antes de prosseguir um determinado ponto. Felizmente nesta nova versão o game mostra quando temos alguma disponível e a viagem rápida entre cidades nos ajuda bastante neste vai e vem que Star Ocean exige.
Comparando as versões de Star Ocean The Second Story
Obviamente não é necessário dizer que estes 25 anos de diferença entre os jogos com o mesmo título trouxeram diversas melhorias.
Mas tudo que este remake apresenta respeita e entrega de forma muito bem produzida o material que o jogo original nos contava.
As batalhas que eram um grande destaque para o game na época continuam funcionando da mesma forma que no original.
Mesmo respeitando todo o material original, o desenvolvedores conseguiram equilibrar muito bem o fator nostalgia que é sim importante para quem está revisitando este universo com escolhas que mudaram um pouco o jogo e funcionam bem melhor hoje em dia.
Por mais que eu ame jogar RPGs mais antigos existem diversas situações que faziam parte da época seja por mecânicas, culturas e até mesmo limitações da tecnologia. Star Ocean the Second Story R consegue limpar muito bem o que não funcionaria hoje em dia e traz ótimas soluções.
Detro destas melhores podemos citar as seguintes situações:
O fim das batalhas aleatórias.
Se tem algo que envelheceu mal em RPGs são as batalhas aleatórias. Era algo irritante e que muitas vezes atrapalhava mais que qualquer coisa. Neste remake as batalhas foram trocadas por nuvens que vemos na tela. Estas nuvens podem ser qualquer tipo de inimigos e eles tem cores diferentes que simbolizam o nível de dificuldade que poderemos encontrar naquela batalha.
Sistema de viagem rápida.
Star Ocean sempre exigiu muito vai e vem entre as cidades para entendermos melhor a história, novos fatos, conhecer e recrutar novos personagens. Para isso o novo sistema de mapas nos aponta onde situações estão acontecendo como Private Actions ou Ações Temporárias.
Este novo sistema de mapas e viagem rápida ajuda o jogador que poderá ir para qualquer cidade ou dungeon que ele tenha visitado de forma extremamente rápida e a qualquer momento. Assim se você estiver tendo problemas em uma batalha contra um chefe poderá rapidamente ir até uma cidade, trocar equipamentos e depois voltar para o ponto mais próximo da batalha.
Esta viagem rápida trouxe um dinamismo incrível ao mesmo tempo em que não interfere no ritmo do jogo.
Star Ocean continua sendo um RPG Japonês e o ritmo do jogo é importante para que a história seja digerida, ter esta facilidade atual de podermos viajar de um ponto a outro rapidamente não interfere em absolutamente nada a experiência ou o tempo preciso do avanço na história principal.
Um universo de mecânicas em Star Ocean the Second Story R.
Star Ocean The Second Story R não se destaca apenas pelo grande número de finais possíveis quando falamos em quantidade.
O jogo traz também um número elevado de possibilidades para o jogador aprender e evoluir os seus personagens.
Quando subimos de nível e derrotamos inimigos durante as batalhas adquirimos pontos que poderão ser distribuidos de formas distintas na evolução.
Estes pontos podem ser espalhados para subir o nível de habilidade e magias já conquistadas e subir atributos que melhorem a defesa, ataque, esquivas entre outras coisas.
Além disso você poderá também usar estes pontos para evoluir as aptidões dos personagens.
Sempre que habilitamos um conjunto específico de aptidões é liberado uma nova atividade. Estas podem ser responsáveis para que o personagem possa cozinhar, criar armas e itens, escrever livros, compor canções entre outras possibilidades.
Desenvolver estas habilidades e entender suas mecânicas é fundamental para facilitar a vida do jogador durante a jornada, já que somente assim será possível ter melhores equipamentos e itens de cura para as batalhas.
No entanto este conjunto de coletar itens, adquirir habilidades e enfrentar inimigos para que assim tenhamos mais pontos para melhorar as possibilidades faz com que Star Ocean exija mais horas do jogador apenas batalhando para se desevolver.
Um novo visual para uma velha aventura
Devo dizer que fico em dúvida sobre o que sinto com a escolha artística para este remake.
No jogo os desenvolvedores optaram por trazer um cenário 3D cheio de detalhes mas com todos os personagens em pixel art semelhantes aos que encontrávamos no jogo original e na versão revisitada no PSP.
A Square Enix vem trabalhando com algumas experiências para seus RPGs explorando em novos títulos e até mesmo em remakes este modelo 2.5D onde mesmo que o jogo tenha características de um jogo 2D sua exploração ou ambientação funcionam perfeitamente como um jogo 3D.
Podemos ver o exemplo dessa escolha de direção artística em jogos como Octopath Traveler e no remaster de Live a Live.
No entanto essa mescla de cenários completamente em 3D com o visual dos personagens em 2D em uma excelente pixel art me gera um certo estranhamento.
Eu confesso que gosto muito do visual em pixel art dos personagens e que visitar os cenários com esse realismo maior que o 3D proporciona é bem interessante, mas quando as duas situações estão juntas não achei algo armonioso.
A sensação que fica é que o jogo tenha vergonha dos cenários tradicionais que de fato não envelheceram muito bem mas poderiam ter sido recriados de uma forma que trouxesse mais harmonia com os personagens e ao mesmo tempo é como se não houvesse tido coragem suficiente para abraçar que este remake agora seria totalmente em 3D trazendo uma nova proposta para seus personagens que poderiam muito bem continuar sendo em formato Super Deformed sem problema algum.
Entendo que esta escolha estética pode agradar ou desagradar qualquer um sendo uma escolha bem pessoal, mas pelo menos para o meu gosto ficou bem esquisito e indefinido.
Star Ocean The Second Story R vale a pena?
Indo direto ao ponto, se você jogou e gostou do game original Star Ocean the Second Story R é uma escolha fácil.
Tudo que era bom no jogo original está aqui e o que o tempo maltratou no original os desenvolvedores arrumaram nesta versão. E mesmo que você tenha jogado muitas horas do jogo de 1998 esta versão tem personagens novos e muitas referências aos jogos que vieram posteriormente trazendo assim conteúdos extras.
Agora para o público que não teve contato com o game original saiba que ele traz vícios e mecânicas de jogos de uma outra época. Para quem não é muito fã de RPGs que exijam um pouco mais de tempo para buscar itens e ficar viajando de cidade em cidade para evoluir relacionamentos e histórias Star Ocean pode ser um pouco cansativo, porém para aqueles que ja ouviram falar do jogo ou se interessam por RPGs dos anos 90 está é sem dúvida a melhor forma e versão de se jogar Star Ocean The Second Story.
Agradecemos a Square Enix Latam por nos enviar uma cópia do jogo para a criação deste review.
