Review

Alan Wake 2

Em uma história de terror só existem vítimas e monstros
Disponível para:
Playstation 5, Xbox Series S/X, PC
Review escrito por:
Doizelly

Alan Wake 2, a tão aguardada sequência do aclamado jogo de ação e suspense, finalmente chegou aos consoles e PCs em 2023. Desenvolvido pela Remedy Entertainment e publicado pela Epic Games Publishing, o jogo mergulha os jogadores em uma narrativa envolvente, repleta de mistérios e reviravoltas. Prepare-se para enfrentar as trevas mais uma vez enquanto acompanha o escritor Alan Wake e a agente do FBI Saga Anderson em suas jornadas pelo desconhecido.

Uma história de terror

A trama de Alan Wake 2 se passa 13 anos após os eventos do primeiro jogo. Alan Wake, o renomado romancista, continua preso em uma dimensão alternativa conhecida como Lugar Sombrio. Nesse pesadelo, ele luta para escapar e encontrar uma saída. A chave para sua liberdade? Escrever uma história de terror envolvendo uma agente especial do FBI chamada Saga Anderson.

Saga Anderson, uma investigadora destemida, é arrastada para o centro desse pesadelo sobrenatural. A história começa com a chegada de Saga à cidade de Bright Falls. Conhecida por solucionar casos impossíveis, sua missão é investigar uma série de assassinatos ritualísticos cometidos por uma seita chamada Seita da Árvore. Porém, o caso se transforma em um pesadelo quando Saga descobre páginas de uma história de terror escrita por Alan Wake, que começam a se tornar realidade. Envolvida em eventos sobrenaturais, ela tenta desvendar o mistério e escapar da história criada por Wake.

A narrativa de Alan Wake 2 é a melhor parte do jogo, cheia de mistérios, reviravoltas e metalinguagens. O jogo brinca com a noção de tempo e utiliza cenas em live-action integradas ao gameplay. Além disso, a história é não linear, permitindo ao jogador consumi-la na ordem que desejar. O jogo é dividido em capítulos, tanto de Alan tentando fugir do Lugar Sombrio quanto de Saga investigando os assassinatos, permitindo ao jogador escolher entre completar toda a história de um personagem primeiro, intercalar entre os dois, ou seguir uma combinação à sua escolha. Com nove capítulos para cada personagem, a decisão de como vivenciar a história fica inteiramente nas mãos do jogador.

RemedyVerse

Outro aspecto importante da história de Alan Wake 2 é que, mesmo que os jogadores queiram jogar apenas este título, isso é possível graças a uma recapitulação que acontece de Alan Wake 1 durante o decorrer do game e à introdução de Saga Anderson, uma personagem nova no universo do jogo. Como jogamos metade do jogo com Saga, os jogadores podem se identificar com ela. No entanto, para aqueles que desejam conhecer toda a história, é importante destacar que Alan Wake 2 não é apenas uma continuação de Alan Wake de 2010, mas também de Control e suas DLCs.

Além disso, mesmo que a Remedy não possua os direitos de Max Payne e Quantum Break, removendo-os da linha do tempo oficial, é possível perceber muitas conexões usadas como referências. Por exemplo, Alex Casey, parceiro de Saga, é claramente inspirado em Max Payne, e diversos outros personagens são interpretados pelos mesmos atores que atuaram em outros jogos, como o protagonista de Quantum Break, que neste jogo é um xerife da cidade.

Como é Jogar Alan Wake 2?

Alan Wake 2 se apresenta como um jogo de ação e survival horror, mas essa descrição é um tanto enganosa. Mecanicamente, o combate é semelhante ao de seu antecessor de 2010: os jogadores enfrentam inimigos usando armas de fogo e uma lanterna. A lanterna é crucial para enfraquecer as criaturas das trevas e quebrar seus escudos antes de atacá-las com armas convencionais.

No entanto, o combate não é o foco principal. O jogo é fortemente centrado em quebra-cabeças, investigação e exploração de cenários. O ritmo é lento; para se ter uma ideia, leva quase duas horas até o primeiro combate. Mesmo quando os combates ocorrem, são menos frequentes em comparação com outros jogos do mesmo gênero, e são mais lentos que no jogo anterior. Tanto Alan quanto Saga Anderson são personagens lentos, com recargas de munição demoradas, resultando em um ritmo cadenciado que é diferente dos outros jogos da Remedy, frustrando aqueles que esperam algo no estilo do primeiro Alan Wake.

Enquanto o primeiro Alan Wake era linear e focado em hordas de inimigos de tempos em tempos, Alan Wake 2 raramente apresenta essas hordas. O jogo é mais aberto, com bastante backtracking, permitindo que Saga e Alan explorem livremente e revisitem cenários conforme necessário.

Uma melhoria significativa é a forma como o inventário é gerenciado. No primeiro jogo, explorar cenários, guardar e economizar itens não era muito recompensador, já que a cada capítulo o inventário de Alan era resetado. Em Alan Wake 2, a Remedy corrigiu isso: o inventário não é mais zerado a cada capítulo. Os jogadores podem usar baús nos pontos de salvamento para armazenar itens, pois o espaço no inventário de ambos os personagens é limitado.

Explorar os cenários oferece vantagens além de recursos. Saga encontrará lancheiras espalhadas com pedaços de manuscritos que ela pode acumular para melhorar suas habilidades e armas, como aumentar o pente da pistola. Alan, por sua vez, encontrará pinturas nas paredes nas quais precisa focar a lanterna, servindo ao mesmo propósito de melhorias.

Tem um jogo no meu puzzle

Como mencionado anteriormente, Alan Wake 2 é um jogo de investigação e puzzles. Para realizar qualquer ação, será necessário resolver um puzzle. Encontrou uma arma no mapa, mas está em um armário com senha? Leia os arquivos próximos para encontrar dicas que levam à solução do puzzle e, consequentemente, à senha. Achou uma caixa trancada com munições? Mais um puzzle para resolver. Tudo no jogo é baseado em puzzles, inclusive o avanço na história.

O jogo incorpora elementos de detetive. Jogando como Saga, os jogadores acessam um espaço livre de inimigos chamado Lugar Mental, semelhante ao palácio mental de Sherlock Holmes. Nesse local, Saga gerencia um quadro de investigação, conectando pistas que os jogadores devem ordenar corretamente para resolver o mistério principal e perfilar personagens.

Jogando como Alan, os jogadores têm acesso à Sala do Escritor, onde ele visualiza o esboço de um romance que está escrevendo para tentar escapar do Lugar Sombrio. Manipulando os detalhes do enredo no esboço, os jogadores conseguem alterar o espaço ao redor de Alan. Ambos os locais não pausam o mundo exterior, então não é aconselhável entrar lá estando próximo de inimigos.

Alan também possui outro recurso de puzzle: uma lanterna que pode absorver e devolver luz a pontos no cenário, mudando a posição de objetos dependendo se o ambiente está escuro ou claro. Essas mudanças de cenários, tanto com a lanterna quanto com a alteração dos detalhes do esboço, são praticamente instantâneas graças aos SSDs, tornando-as bem impressionantes.

A atmosfera de Alan Wake 2

Alan Wake 2 mergulha os jogadores em um mundo visualmente impressionante. Os gráficos são fotorrealistas, com detalhes meticulosos que dão vida aos cenários sombrios e perturbadores. A iluminação dinâmica cria uma atmosfera opressiva, onde cada sombra esconde segredos e perigos. À medida que você explora florestas densas e cidades, a sensação de estar enredado em um pesadelo literário se intensifica. No entanto, o jogo abusa de jump scares para assustar, o que pode se tornar cansativo. Eles são frequentes e muitas vezes parecem gratuitos, aparecendo repentinamente como os comerciais surpresa da Jequiti no SBT.

A trilha sonora de Alan Wake 2 é uma parte fundamental da experiência. Cada final de capítulo é marcado por uma música diferente, cuidadosamente selecionada para refletir os eventos e emoções vivenciados. Ao analisar essas músicas, percebe-se que elas têm uma ligação profunda com a narrativa. Letras enigmáticas e melodias envolventes se entrelaçam com os mistérios do jogo, criando uma conexão emocional com o jogador.

O motion capture e a modelagem dos personagens são muito bem-feitos, com os personagens realmente se parecendo com seus atores. Nas cenas live-action, é fácil identificar quem é quem. No entanto, embora o cenário do jogo seja fotorrealista, a modelagem dos personagens ainda não alcançou esse nível de perfeição. Embora bem-feita, existem jogos com modelagem de personagens superior.

Versão final

Alguns meses após seu lançamento, Alan Wake 2 recebeu um modo New Game+ chamado A Versão Final (ou The Final Draft em inglês). Esse modo não apenas adiciona as mecânicas básicas de um New Game+, permitindo rejogar o game inteiro com todo o equipamento e habilidades adquiridos na primeira jogada, mas também traz várias novidades.

O jogo adiciona novos arquivos de texto com mais histórias, novos vídeos que os jogadores podem assistir nas televisões do jogo, e novos diálogos. Além disso, o tempo dos jump scares é alterado, então mesmo que você ache que sabe quando eles vão aparecer, você será surpreendido novamente. A versão final também inclui um novo final, chamado de final verdadeiro.

Vale a pena jogar?

Alan Wake 2 é uma experiência intensa e envolvente que continua a tradição de seu antecessor de combinar ação, suspense e uma narrativa intrincada. Com uma história complexa e não linear que prende o jogador, gráficos impressionantes e uma atmosfera opressiva, o jogo se destaca como um exemplo brilhante de como o gênero de horror pode ser evoluído.

No entanto, há uma decepção palpável para os jogadores que esperavam um jogo de ação mais tradicional, como os outros títulos da Remedy. Alan Wake 2 foca fortemente em puzzles e investigação, resultando em um ritmo lento que pode frustrar aqueles acostumados à ação rápida de jogos anteriores do estúdio.

Apesar de se vender como um jogo de ação, ele entrega uma experiência mais contemplativa e centrada na resolução de quebra-cabeças, o que pode não agradar a todos.

Ainda assim, para aqueles que apreciam uma narrativa rica e uma atmosfera densa, Alan Wake 2 oferece uma jornada memorável, especialmente introdução do modo New Game+ com novos conteúdos e um final verdadeiro adiciona ainda mais valor e replayability ao jogo.

No geral, Alan Wake 2 não apenas atende às expectativas dos fãs, mas também estabelece novos padrões para narrativas interativas e design de jogos de horror.

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Não é um Loop é uma Espiral

Alan Wake 2

Disponível para:
Playstation 5, Xbox Series S/X, PC
Versão que jogamos:
Playstation 5
O jogo possui legendas em Português mas não é dublado.

Pontos Positivos

  • Atmosfera opressiva
  • Gráficos fotorrealistas e detalhados
  • Narrativa complexa e envolvente
  • Modo New Game+
  • Trilha sonora

Pontos Negativos

  • Combate lento
  • Foco em Puzzles
  • Ritmo Lento
  • Uso excessivo de jump scare
Review escrito por:
Doizelly

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