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Assassin’s Creed Shadows enfim nos leva ao aguardado jogo da série no Japão

Jogo acerta trazendo dois protagonistas mas pode cansar com a mesma formula de sempre
Disponível para:
Playstation 5, Xbox Series S/X, PC
Review escrito por:
Danilo Manzato

Talvez um dos títulos mais aguardados do ano, principalmente para os fãs de longa data da série, Assassin’s Creed Shadows marca o retorno do jogo ao modelo RPG iniciado em Origins e, finalmente, apresenta um episódio ambientado no Japão, um pedido antigo dos jogadores.

Assassin's Creed Shadows

E se, por algum motivo, você caiu de um lugar alto em um monte de feno por aqui e não conhece nada sobre Assassin’s Creed, basicamente, cada jogo da série escolhe um determinado ponto histórico e local para reviver e contar sua história.

Depois de passarmos pelo Egito, pela Grécia Antiga e pelas geladas terras vikings, chegamos àquele que deve ser o cenário mais aguardado: o controle de samurais e shinobis para conhecer a influência dos assassinos nas terras nipônicas.

O Japão em Assassins Creed Shadows

A história se passa no final dos anos 1500, no Japão, em uma época em que o país enfrentava conflitos de uma guerra civil enquanto tentava se reunificar. Nesse período, o Japão também presenciava a chegada dos portugueses, que foram os primeiros comerciantes europeus a fazer negócios com a ilha.

Em uma dessas visitas portuguesas, dois padres trazem consigo um escravo que chama a atenção pelo seu porte físico e, obviamente, por ser um homem negro.

Fica claro que os japoneses já haviam tido contato com pessoas vindas da África, mas isso ainda não era algo comum, o que despertava a curiosidade de todos.

Os portugueses estavam ali para se encontrar com Oda Nobunaga, um dos líderes da unificação do Japão, a fim de pedir permissão e livre acesso às terras daquela região. Nobunaga, muito perspicaz, percebe que o escravo possui um espírito de guerreiro, demonstrando atenção aos perigos e ameaças ao seu redor, cercado por outros combatentes.

Assim, Nobunaga propõe uma troca: concede aos portugueses o acesso que desejam, desde que o escravo fique com ele. Importante ressaltar que Nobunaga não tinha intenção de escravizá-lo, mas sim de conhecer melhor a história daquele homem tão diferente dele e, claro, treiná-lo para se tornar um grande guerreiro ao seu lado nesta luta. Assim, aquele que viria a ser chamado de Yasuke inicia sua jornada.

Yasuke em Assassin's Creed Shadows

Tempos depois, vemos Nobunaga e Yasuke juntos, conquistando uma vila de camponeses e shinobis. É nesse momento que somos apresentados à outra protagonista desta história: Naoe.

Ao ver sua vila sendo atacada, Naoe e seu pai partem para a batalha na tentativa de conter a destruição causada pelo exército de Nobunaga.

Quando percebe que estão fadados à derrota, o pai de Naoe pede que sua filha vá até uma caverna. Antes de partir, ele entrega a ela a lâmina oculta da Irmandade, dizendo que ela será a chave para abrir uma passagem onde encontrará uma caixa que deve proteger a todo custo.

Naoe obedece, mas é surpreendida por um samurai mascarado que a fere gravemente. Logo depois, seu pai aparece para ajudá-la, mas também é ferido, e assim ambos perdem a caixa que deveriam proteger.

Horas depois, Naoe acorda após ser socorrida e descobre a localização daquele que roubou a misteriosa caixa. Ao chegar ao local, assassina o samurai e recupera o objeto, mas, ao tentar fugir, é surpreendida por mais guerreiros mascarados.

Seu pai surge novamente, mas, nesse instante, um grupo de samurais, cada um com sua própria armadura e máscara, reivindica a caixa, demonstrando saber exatamente o que há dentro dela. Em seguida, ferem mortalmente Naoe e seu pai, deixando-os para sangrar até a morte.

Apesar de todo o sofrimento, Naoe sobrevive. Após se recuperar completamente, ela decide partir em uma jornada pelo Japão para descobrir a identidade de cada um desses guerreiros mascarados, vingar seu pai e recuperar a caixa roubada.

Naoe em Assassin's Creed Shadows

Dois protagonistas em um Japão caótico

Este não é o primeiro título Assassin’s Creed a ter mais de um protagonista e, embora os últimos jogos neste formato RPG permitissem a escolha do gênero do protagonista, Shadows traz, de fato, um protagonista masculino e uma protagonista feminina, distintos em história, origens e, principalmente, jogabilidade.

Naoe e Yasuke

Começamos o jogo no controle de Yasuke, um samurai negro que se destaca facilmente pela força bruta e por seu porte físico, maior do que o de qualquer guerreiro japonês ao seu lado.

Já Naoe traz algo mais próximo ao que estamos acostumados na série. Ela possui movimentos rápidos, escala com facilidade diversos locais, consegue se esconder e atacar sorrateiramente os inimigos.

Ambos os personagens não se conhecem e, embora nosso primeiro contato seja com Yasuke, já nos primeiros minutos assumimos o controle de Naoe e seguimos assim por horas.

Embora dividam o protagonismo de Assassin’s Creed Shadows, tenho a impressão de que a verdadeira protagonista do jogo é Naoe.

Naoe busca vingança em Assassin's Creed Shadows

Por se tratar de uma aventura de mundo aberto, com diversas missões e side quests a serem concluídas no ritmo que o jogador escolher, em minha jornada só voltei a controlar Yasuke após mais de 10 horas de jogo. Durante esse tempo, é natural que o jogador acabe criando um vínculo maior com a história da jovem shinobi.

Yasuke e Naoe acabam se encontrando devido a adversidades que surgem em determinado momento da história e, a partir de então, formam uma parceria na busca pelos guerreiros mascarados, cada um por suas próprias razões.

Um dos aspectos mais interessantes de Assassin’s Creed Shadows é o ar de mistério em torno da história de seus personagens.

Naoe está determinada a honrar a morte de seu pai e recuperar a misteriosa caixa, mas, ao longo de sua jornada, descobre mais sobre a Irmandade dos Assassinos — da qual sua família e outras pessoas de seu vilarejo faziam parte, embora ela desconhecesse completamente, já que seu pai nunca lhe revelou nada sobre isso.

Já Yasuke tem seu passado envolto em mistério. Os motivos que levaram o ex-escravo ao Japão e sua curiosidade pela lâmina dos assassinos — que ele afirma já ter visto em outros lugares — fazem com que o jogador se pergunte constantemente para onde essa história nos levará.

Quais novos segredos Naoe descobrirá sobre seu passado? O que Yasuke esconde? Essas perguntas constroem uma trama intrigante, que desperta a vontade de continuar jogando e cumprindo as missões pessoais de cada um deles.

Jogando Assassin’s Creed Shadows

Se você já está familiarizado com os últimos jogos da série no formato de RPG, o que temos aqui pode não ser muita novidade, mas, ao mesmo tempo, há novos detalhes a considerar.

O jogo traz novamente a exploração de mundo aberto dividida em grandes áreas, onde o que impede a exploração livre e tranquila é o nível exigido em cada região.

Mapa de Assassin's Creed Shadows

Toda essa exploração acaba fluindo de maneira orgânica conforme avançamos nas missões do jogo. Antes de escolhermos qual missão realizar, cada uma apresenta o nível mínimo recomendado.

Como já foi dito anteriormente, na maior parte do jogo estaremos no controle de dois personagens.

Naoe é ágil e traz de volta um dos principais aspectos da série: o parkour pelos prédios e cenários do jogo.

A jovem shinobi é capaz de escalar praticamente qualquer ambiente do jogo de forma muito rápida. Ela também traz uma novidade: seu arpão, que permite subir na horizontal mesmo sem estar encostada em uma parede. Além disso, pode utilizá-lo para se balançar de um telhado para outro ou até mesmo para auxiliar no assassinato de inimigos.

Naoe correndo pelos telhados como uma Shinobi

Nas batalhas, Naoe usa katanas, adagas e correntes, além de itens de ataque à distância, como shurikens e kunais.

Diferente da shinobi, Yasuke, o samurai, usa força bruta, empunhando sua grande katana, naginata e porretes.

Devido ao seu tamanho e ao peso da armadura, Yasuke não consegue correr rapidamente. Embora possa escalar alguns locais, ele tem mais dificuldade e não o faz de maneira ágil e eficiente para fugir como Naoe.

Essa falta de mobilidade faz com que Yasuke seja perfeito para os momentos em que o jogador deseja partir para o combate direto, enfrentando todos os oponentes de uma área.

Graças à sua armadura, ele pode receber mais dano e também possui mais itens de cura do que Naoe.

Yasuke um samurai letal

Ambos os personagens compartilham um sistema de níveis, que serve para balancear a exploração do jogo e limitar o nível dos equipamentos que podem ser utilizados.

Dessa forma, não adianta ir para uma área final e derrotar um inimigo poderoso em busca de equipamentos melhores, pois você não poderá equipá-los sem o nível necessário.

Assassin’s Creed Shadows também conta com árvores de habilidades para os dois personagens, cada uma com suas especialidades. Através delas, podemos desbloquear novos golpes especiais, melhorias e novos itens.

Essas árvores são separadas por armas e especialidades de cada personagem.

Para evoluir nelas, o jogador deve ganhar pontos de experiência, conquistados ao batalhar, explorar, completar missões e side quests.

Arvore de Habilidades em Assassin's Creed Shadows

A árvore de habilidades também possui um limitador, que só se expande quando conseguimos uma quantidade específica de um item especial. Esse item pode ser obtido de diversas maneiras e com diferentes níveis de dificuldade.

Em alguns momentos, basta explorar um templo e encontrar determinados documentos ou rezar em locais marcados. Já em outros casos, o jogo exige que eliminemos samurais Daishos em fortalezas e castelos, o que apresenta um desafio maior.

Os inimigos em Assassin’s Creed Shadows, embora repetitivos, possuem uma variedade de armas, movimentos e equipamentos.

Enquanto guardas comuns carregam apenas suas armas, guerreiros e samurais utilizam armaduras pesadas, que devem ser destruídas antes que possamos causar dano a eles.

Yasuke em Batalha

Aqui fica evidente a grande diferença entre lutar com Yasuke e com Naoe. Enquanto o samurai precisa de poucos golpes para destruir a armadura dos oponentes, Naoe precisa desferir o dobro ou até o triplo de ataques para alcançar o mesmo resultado. Além disso, ela morre com mais facilidade.

Essa diferença de jogabilidade entre os dois personagens também é crucial em momentos de escolha no jogo. Em diversas missões de invasão, o jogo pergunta com qual personagem você deseja jogar.

A escolha interfere na abordagem, mas não necessariamente na história. Enquanto Naoe pode se mover sorrateiramente pelos telhados, assassinar inimigos e até mesmo escalar diretamente até seu objetivo, Yasuke deve enfrentar os adversários pelo caminho.

Essa diferença de abordagem também impacta um elemento clássico da jogabilidade, já que Yasuke não possui a Visão de Águia, que permite visualizar a posição dos inimigos no cenário.

Em missões longas, o jogador pode alternar entre os personagens em momentos específicos, quando o jogo disponibiliza essa opção. Cabe a cada um decidir com qual deles se identifica mais na hora de jogar.

É importante também dominar o sistema de parry do jogo para vencer batalhas de maneira mais eficiente.

Os inimigos possuem alguns padrões de ataque. Entre eles, golpes normais, sinalizados com uma luz branca, que podem ser defendidos normalmente. Para golpes que possuem uma luz azul, o jogo inicia uma sequência na qual o jogador deve defender todos os ataques para validar o parry. Já os golpes vermelhos não podem ser defendidos, mas devem ser esquivados no momento exato para funcionarem como um parry.

Toda vez que o jogador aparar ou desviar corretamente, o inimigo fica vulnerável a receber mais golpes e, consequentemente, sofre mais dano.

Nos momentos normais do jogo, é possível alternar livremente entre Naoe e Yasuke, mas, sempre que estiver em combate ou invadindo um local, essa troca fica indisponível.

Fica aqui um comentário sobre a troca de personagens: não que seja ruim, mas já existem outros jogos em que alternamos de protagonista de forma mais dinâmica.

Em Assassin’s Creed Shadows, toda vez que queremos trocar de personagem, é necessário abrir o menu, segurar um botão e aguardar o carregamento do personagem. Não é um problema, mas poderia ser mais fluido.

O sistema de estações do ano

Assassin’s Creed Shadows conta com um sistema de estações do ano, que influencia nos biomas e na forma de enfrentar alguns inimigos.

Cavalgando em Assassin's Creed Shadows

A diferença visual nos mapas é impressionante. Em um momento, tudo pode estar limpo e, horas depois, os campos e árvores ficam cobertos de neve, mudando completamente a ambientação.

Esse sistema não é apenas estético, mas também afeta momentos estratégicos do jogo.

Por exemplo, ao invadir uma fortaleza ou castelo, se houver um lago no local, podemos usá-lo com Naoe para mergulhar e atravessar sorrateiramente de um ponto a outro. No entanto, durante o inverno, esses lagos estarão congelados e não poderão ser utilizados.

Estações do ano alteram os cenários

No verão, chuvas fortes podem ocorrer e, quando isso acontece, os inimigos têm mais dificuldade para ouvir sons e levam mais tempo para detectar o jogador.

Sempre que uma estação do ano for alterada, o jogo avisará o jogador de que a posição dos inimigos e alguns elementos do cenário foram modificados.

Gostoso de jogar, mas repetitivo

Assassin’s Creed Shadows é um jogo gigantesco, daqueles que batem 100 horas facilmente, sendo metade disso apenas para concluir sua história principal.

E com todo o visual deste Japão antigo, que vive tanto em nosso imaginário quanto em outras obras da cultura, como jogos, filmes e séries, é muito simples se encantar por este jogo.

Naoe

Talvez o problema aqui seja a repetição dos tipos de inimigos e o sistema de batalhas, que acaba não tendo alterações do começo ao fim do jogo.

Embora a gente conquiste novas habilidades depois de um tempo, os combos serão sempre os mesmos. Da mesma forma, as abordagens em modo sorrateiro com Naoe também não mudam, sendo basicamente a mesma coisa do início ao fim do jogo, alterando apenas os cenários e a quantidade de inimigos.

Quando Yasuke entra como um personagem jogável, após aproximadamente 10 horas de gameplay, o jogador poderá sentir um certo frescor na jogabilidade devido às diferenças do personagem. No entanto, essa sensação se arrastará da mesma forma nas próximas 30 a 40 horas apenas para ver o desfecho desta história.

Acredito que os jogos poderiam ter seu conteúdo reduzido, com menos horas em missões desnecessárias, já que o gameplay é extremamente repetitivo. Divertido, mas repetitivo.

Vou dar um exemplo: os jogos da série Yakuza, que também são gigantescos em conteúdo, têm batalhas repetitivas, mas suas missões, sidequests e extras são bem diversificados, fazendo com que o jogador esteja sempre realizando algo diferente enquanto avança na história principal e nas secundárias.

Aqui, em Shadows, há missões que chegam ao cúmulo da repetição. Vou dar como exemplo uma em que estamos buscando conhecer a identidade de um dos samurais mascarados. Para isso, um NPC nos dá uma missão secundária e, dentro dessa secundária, devemos descobrir onde estão outros sete samurais e assassinar todos. Ou seja, é uma missão repetindo a própria missão dentro da missão.

Lista de Objetivos em Assassin's Creed Shadows

Essa repetição de objetivos e a batalha repetitiva podem cansar o jogador, principalmente aqueles que desejam completar 100% do jogo sem intercalar com outro título diferente.

Como está o Japão de Assassin’s Creed Shadows

O visual do jogo tem altos e baixos, mas, na maior parte do tempo, o que temos são cenários exuberantes.

Florestas densas, rios, lagos, plantações, cidades e castelos fazem parte de todos os ambientes explorados por aqui.

Além disso, com o sistema de estações do ano, esses cenários se alteram com frequência, fazendo com que o visual do jogo não nos canse de apreciar.

Cidades em Assassin's Creed Shadows

Assassin’s Creed Shadows é um jogo longo, que passará facilmente das 50 horas de gameplay para quem deseja apenas terminar a história. Já aqueles que quiserem completar todas as possibilidades e missões podem esperar centenas de horas de jogo.

Mas, mesmo com todo esse visual encantador, confesso que não consegui criar vínculos com as regiões a ponto de saber exatamente onde estava apenas me guiando visualmente.

Com exceção de grandes cidades como Quioto, os cenários, mesmo que muito bonitos, acabam parecendo mais do mesmo em todas as regiões.

Aqui também temos algo que, na minha opinião, é um problema para jogos de mundo aberto: grandes cenários vazios.

Na maior parte do tempo, passamos indo do ponto A ao ponto B cavalgando e, embora apareçam coisas para se fazer no meio do caminho, tudo é muito bonito, mas vazio.

Por se tratar de um mapa montanhoso, foram poucas as vezes em que consegui, de fato, cortar caminho, já que muitas montanhas são impossíveis de atravessar devido à sua verticalidade e também porque a visibilidade é péssima graças à densa vegetação.

Por isso, o jogador deve acabar cedendo ao uso mais frequente do cavalo com o guia de rotas para chegar ao destino.

Dentro das cidades, a população é mais densa, e contamos com algumas quests que podemos encontrar, poucos comércios e, geralmente, em suas redondezas, há templos que nos dão mais pontos de habilidade, além de fortalezas que, ao serem concluídas, recompensam o jogador com bons equipamentos.

Em contrapartida ao visual exuberante das paisagens japonesas, sua população não é tão bela assim.

O visual dos personagens, em especial dos NPCs, acaba sendo inconsistente. Enquanto alguns são muito bem trabalhados, outros parecem estar incompletos e com acabamento por terminar. Não que isso incomode a ponto de alguém abandonar o jogo, mas causa uma sensação de estranheza muito grande.

“Lacração” no Japão?

Infelizmente, hoje em dia é assim, não é mesmo? Jogos são cancelados por pseudo jogadores antes mesmo de conhecê-los, apenas por acharem que viram algo que irá incomodá-los.

Assassin’s Creed Shadows não passou longe dessas polêmicas barulhentas, principalmente após o anúncio de Yasuke, um samurai negro como um dos protagonistas do jogo.

Oda Nobunaga

A série sempre amarrou seu enredo a personagens reais e importantes da história da humanidade, mas, ao mesmo tempo, utilizou certa liberdade criativa para inserir essas figuras dentro de uma narrativa fictícia.

Aqui, temos pela primeira vez um desses personagens históricos sendo utilizado como protagonista e controlado pelo jogador. Yasuke é uma figura lendária do Japão, e seus vínculos com Nobunaga, bem como a dúvida sobre se ele foi, de fato, um samurai, são reconhecidos, embora ainda gerem questionamentos.

Por isso, a decisão da Ubisoft de utilizar Yasuke como protagonista, em vez de outro samurai lendário que fosse japonês, pode sim gerar frustração em quem esperava o óbvio. Mas, no meu ponto de vista, essa escolha foi um grande acerto.

Independente da cor da pele do personagem ou das lacunas sobre sua história, Yasuke é cativante e misterioso. Todo o questionamento sobre como um escravizado se tornou um samurai, o que ele passou antes disso e sua busca pessoal por respostas nos cativam e nos fazem querer saber mais sobre essa figura tão única dentro de um cenário já amplamente retratado.

Yasuke

Portanto, para quem acha que a escolha de Yasuke foi apenas um pretexto para abordar questões sociais, sinto muito em desapontá-lo, mas está longe disso. O personagem se encaixa perfeitamente na trama e na proposta de Assassin’s Creed.

Já Naoe é uma jovem descobrindo o mundo, enfrentando verdades ocultas por sua família e contando apenas com desconhecidos que acabam se tornando seus aliados em sua jornada de vingança.

Ela é mais uma protagonista feminina que não busca levantar qualquer tipo de pauta dentro da história. Seus objetivos são claros: lutar por vingança e descobrir o que há, afinal, na misteriosa caixa que sua vila tanto protegia.

Definir que um jogo traz “lacração” apenas com base na cor, aparência ou gênero de seus personagens tira o foco dos reais problemas que ele possa ter e afasta aqueles que dizem gostar de videogames, mas que deveriam estar mais preocupados em vivenciar boas experiências e conhecer novas histórias.

Escolha de romance em Assassin's Creed Shadows

Vale lembrar que, assim como em outros Assassin’s Creed, Naoe pode se relacionar amorosamente com outros personagens. Se esse relacionamento será hétero ou homossexual, é uma escolha sua — antes de fazer qualquer tipo de barulho por aí.

Assassin’s Creed Shadows Vale a Pena?

No geral, acredito que a Ubisoft tenha acertado em praticamente tudo o que foi proposto neste jogo.

Os personagens são envolventes, e essa primeira aventura com mais de um protagonista que realmente tenha relevância na jogabilidade foi, ao meu ver, um grande acerto.

Assassin's Creed Shadows vale a pena?

Naoe e Yasuke são dois ótimos personagens, com diferenças culturais e histórias de vida que se complementam ao longo da jornada.

No entanto, o jogo poderia ter um tamanho menor, reduzindo o número de sidequests. Embora algumas tragam boas histórias, muitas entregam pouco em termos de jogabilidade, repetindo atividades que o jogador já fez inúmeras vezes.

É inevitável que surjam comparações com outros jogos de temática semelhante, como Ghost of Tsushima, Rise of the Ronin e o futuro Ghost of Yotei, previsto para ser lançado ainda em 2025.

Cada um desses títulos tem suas particularidades e utiliza o Japão feudal como plano de fundo, explorando diferentes perspectivas desse período tão cativante.

Assassin’s Creed Shadows ainda joga no seguro: inova em alguns aspectos, mas mantém a mesma fórmula de erros e acertos dos títulos anteriores. Ainda assim, proporciona boas experiências e, sem dúvida, é um ótimo jogo tanto para fãs da franquia quanto para quem deseja começar a série por este título no formato RPG.

Como fã de jogos de mundo aberto, recomendo Assassin’s Creed Shadows como um dos grandes lançamentos de 2025.

O jogo está disponível para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.

Agradecemos aos amigos da Ubisoft Brasil por nos enviarem uma cópia para PlayStation 5, possibilitando a criação deste review.

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Por solicitação da Ubisoft não daremos spoilers sobre a história de Assassin’s Creed Shadows.

Assassin’s Creed Shadows enfim nos leva ao aguardado jogo da série no Japão

Disponível para:
Playstation 5, Xbox Series S/X, PC
Versão que jogamos:
Playstation 5
O jogo é dublado e legendado em Português.

Pontos Positivos

  • Jogabilidade diferenciada e variada entre os protagonistas
  • O enredo gera a curiosidade em continuarmos na trama
  • Direção de arte dos cenários

Pontos Negativos

  • Muitas sidesquests desnecessárias
  • Jogabilidade repetitiva
Review escrito por:
Danilo Manzato

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