Review

Constance é um jogo com alma e personalidade por traz de uma importante mensagem

Constance Review
A jornada de uma artista em colapso emocional ganha vida em um mundo 2D vibrante, sensível e cheio de personalidade
Disponível para:
PC
Review escrito por:
Danilo Manzato

Constance se apresenta de forma delicada, quase graciosa, como um jogo de plataforma 2D que promete entregar uma experiência metroidvania envolvente. Porém, por trás dos belíssimos visuais desenhados à mão, existe algo muito maior: uma mensagem poderosa sobre burnout, exaustão emocional e os efeitos corrosivos de um ciclo de vida que não dá espaço para respirar.

Constance

E desde o início o jogo deixa claro que seu conteúdo lida com temas sensíveis ligados a saúde mental. A partir daí, tudo passa a fazer sentido.

Um mundo artístico que espelha dor e pressão

O estilo visual 2D não é apenas uma escolha estética; é parte central da narrativa. Aos poucos vamos descobrindo que, no mundo real, a protagonista é uma artista, uma designer sufocada pela pressão profissional, por cobranças do passado e por um acúmulo de frustrações que a colocam à beira do colapso.

O mundo artístico de Constance

Constance funciona como uma metáfora: um universo ilusório para o qual ela escapa, mas onde suas sombras interiores continuam a persegui-la. Os cenários, biomas e inimigos são reflexos diretos de sua vida real, elementos que se manifestam de forma simbólica e elegantemente construída.

Uma mensagem sobre Burnout

Gameplay sólido, criativo e com ótimas ideias

O gameplay entrega uma mistura excelente de plataforma, combate e exploração. O pincel da protagonista funciona como arma principal e habilita golpes e interações criativas. Além disso, a mecânica de “transformar-se em tinta” por alguns segundos adiciona dinamismo, permitindo escapar de inimigos, deslizar por paredes e escalar estruturas mais altas.

Gameplay cheio de habilidades

Existem também habilidades secundárias, chamadas de inspirações, que podem ser encontradas explorando o mundo. Algumas delas auxiliam no combate, outras servem para progresso, como todo bom metroidvania.

Ainda existem momentos pontuais onde o jogo muda completamente a maneira que jogamos e controlamos o game mostrando e desenvolvendo ainda mais a mensagem que os criadores querem passar com Constance.

O porém: um metroidvania que não precisava ser metroidvania

Apesar do gameplay afiado, o jogo tropeça justamente na parte que se propõe a ser metroidvania. Os dois pilares fundamentais do gênero que são mapa claro e exploração significativa não se destacam aqui.

O mapa é confuso, mostrando apenas a sala atual, sem posição clara dentro do mundo. Isso se torna problemático especialmente em áreas com múltiplas saídas.

O mapa não ajuda muito em Constance

E na exploração, em um bom metroidvania, o charme está em travar o jogador fazendo ele voltar, revisitar salas, experimentar caminhos. Aqui, tudo segue tão direto que raramente nos sentimos “presos”.

Em cerca de 10 horas de jogo, terminei sem obter duas habilidades “essenciais” e com apenas 3 das 16 inspirações secundárias e não senti falta de nenhuma.

Isso reforça a sensação de que Constance teria sido ainda mais forte caso abraçasse uma proposta linear, focada em plataforma e narrativa, ao invés de tentar incorporar um gênero que não beneficia tanto a experiência.

Dificuldade na medida certa

Constance não se distância de jogos atuais do mesmo estilo e aplica a maioria das boas praticas, entre elas inimigos em lugares estratégicos, checkpoints espalhados pelo mapa e batalhas contra chefes.

Os chefes do jogo são extremamente criativos, trazendo batalhas das quais nem sempre passaremos em uma primeira tentativa, mas que nos estimula a entender cada movimento e assim superar estes desafios. E ouso dizer que esta é uma das melhores qualidades de Constance, as batalhas são realmente muito divertidas.

Batalha contra chefe de fase em Constance

O jogo também segue a pratica de voltarmos a um checkpoint em um determinado ponto do mapa a cada morte, no entanto aqui temos um ótimo diferencial. Embora não exista uma punição alta, a não ser ter que voltar até o ponto em que você morreu, Constance da ao jogador uma escolha.

Você poderá voltar ao checkpoint e tentar novamente, ou reiniciar na sala atual em que morreu, porém com o inimigos mais fortes e impossibilitado de executar movimentos de rolagem para passar por eles ou desviar de um golpe, aumentando assim o nível natural de dificuldade. E caso opte por jogar desta forma, assim que chegar a um novo checkpoint ou morrer novamente o jogo irá voltar ao normal.

Direção de arte e trilha sonora impecáveis

Se existe algo que Constance domina com maestria, é sua estética. Tudo é carismático, bem amarrado e cheio de personalidade.

Direção de arte em Constance

Os cenários refletem memórias, traumas e pressões internas da protagonista seguidos por uma trilha sonora que abraça o clima emocional, funcionando como âncora da narrativa. Além disso Momentos específicos quebram a imersão do mundo “fantástico”, levando o jogador a interagir com a vida real da personagem o que refresca o ritmo na hora certa.

Uma experiência preciosa e honesta

Constance não tenta ser maior do que precisa ser. É um jogo enxuto, emocional, artístico e muito consciente de seu objetivo: transformar um sentimento em algo jogável. E nessa missão, ele acerta em cheio.

Constance vale a pena?

É o jogo perfeito para “descansar” entre um jogo e outro, como após dezenas de horas em um RPG gigante ou partidas intensas em multiplayer. Agrada quem gosta de completar colecionáveis, mas não pune quem quer só seguir a história.

Mesmo tropeçando como metroidvania, Constance acerta onde realmente importa: emoção, criatividade e identidade.

Agradecemos os amigos da BTF que nos enviaram uma cópia de STEAM de Constance para a criação deste review.

Veja também estes jogos:

Sem Spoilers para Constance.

Constance é um jogo com alma e personalidade por traz de uma importante mensagem

Disponível para:
PC
Versão que jogamos:
PC
O jogo possui legendas em Português mas não é dublado.

Pontos Positivos

  • Direção de arte cheia de personalidade
  • Narrativa emocional bem amarrada
  • Metáforas visuais inteligentes
  • Ótimo combate e mecânicas criativas

Pontos Negativos

  • Mapa limitado e pouco funcional
  • Exploração fraca para um metroidvania
  • Habilidades secundárias pouco relevantes
Review escrito por:
Danilo Manzato

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