Hollow Knight: Silksong foi, sem sombra de dúvidas, um dos jogos mais falados dos últimos anos. A cada novo evento, fãs e curiosos aguardavam ansiosamente qualquer sinal de vida do título e com isso memes, teorias e especulações tomaram conta da comunidade. Até que, após anos a fio de silêncio, a Team Cherry finalmente anunciou seu lançamento, poucos dias antes de o jogo chegar a todas as plataformas.

A expectativa era gigantesca, e o estúdio conseguiu algo raro: atrair não só quem amava o primeiro Hollow Knight, mas também uma legião de novos jogadores curiosos para descobrir o motivo de tanto barulho. No entanto, essa diferença de público acabou criando um divisor entre os fãs preparados para o alto nível de dificuldade e os novatos que podem esbarrar em uma barreira quase intransponível logo nas primeiras horas trazendo frustração e abandono do jogo.
De DLC a sequência completa
Vale lembrar que Silksong nasceu como um projeto de DLC. A ideia inicial era expandir o universo de Hollow Knight com uma campanha focada em Hornet, mas o conteúdo cresceu tanto que a Team Cherry percebeu que estava diante de algo muito maior. Assim nasceu uma sequência completa, com um novo mundo, novos personagens e uma protagonista com muito mais profundidade.
Fiarlongo, o reino onde a nova jornada acontece, é um ambiente hostil e misterioso. Hornet surge como uma prisioneira e logo parte em busca de respostas e, diferente do Cavaleiro Oco, ela fala, se impõe e mostra que carrega a nobreza da realeza.

A forma como a personagem interage com os habitantes e se envolve nos conflitos locais dá ao jogo uma dimensão narrativa que o antecessor jamais teve.
Uma história mais acessível e envolvente
Enquanto Hollow Knight apostava em uma narrativa à la Dark Souls, repleta de simbolismos e textos enigmáticos em itens e objetos, Silksong torna tudo mais compreensível. A história é mais direta, mas sem perder o mistério. Essa escolha torna o jogo mais convidativo e ajuda o jogador a se conectar emocionalmente com Hornet e com o destino de Fiarlongo.
Gameplay refinado e cheio de possibilidades
Na jogabilidade, a base permanece familiar, mas há melhorias notáveis. Hornet é mais ágil e versátil desde o início, o que traz um ritmo mais dinâmico. Os amuletos continuam sendo fundamentais, mas agora estão divididos em categorias de melhorias, ferramentas e habilidades especiais, exigindo mais estratégia na hora de montar o estilo de combate.
Além disso, Silksong introduz estilos de luta distintos, permitindo escolher entre ataques longos e lentos, rápidos e curtos ou até com efeitos de perfuração. Essa escolha muda completamente a experiência e incentiva diferentes abordagens durante a exploração.

As ferramentas, outro novo elemento, funcionam como itens consumíveis de ataque e utilidade. Apesar de algumas parecerem pouco relevantes, a combinação entre amuletos e ferramentas cria possibilidades estratégicas que tornam Hornet uma combatente muito mais poderosa do que o herói do primeiro jogo.
Exploração intensa e desafiadora
Explorar Fiarlongo segue o mesmo formato de Hallownest: um mapa em constante construção, com a necessidade de comprar mapas e itens de localização para se situar. Essa mecânica ainda é uma das mais marcantes e também uma das mais punitivas, o que pode afastar jogadores menos acostumados com o estilo Metroidvania. Silksong exige paciência e atenção; cada novo trecho conquistado é uma vitória conquistada com suor e inúmeras tentativas.
Hollow Knight Silksong traz um desafio que nem sempre recompensa
A dificuldade é um dos pontos mais polêmicos. Embora o alto nível de desafio seja uma marca registrada de ambos os jogos, aqui ele parece, em alguns momentos, artificial. Inimigos básicos tiram dois pontos de vida de Hornet com facilidade, enquanto exigem uma série de golpes para serem derrotados.
O resultado é uma sensação de desequilíbrio: você morre rápido demais, e os inimigos demoram demais para cair.

As salas com hordas de inimigos são outro exemplo de frustração. Elas aparecem com frequência excessiva e, em vez de criarem momentos de adrenalina, acabam quebrando o ritmo da exploração. O mesmo ocorre em certas lutas contra chefes, alguns deles geniais, que são acompanhados por inimigos comuns, tirando o brilho e o impacto da batalha principal.
Sidequests, progressão e recompensas
Um dos acertos de Silksong é o novo sistema de sidequests. Agora, é possível acompanhar pedidos e missões com mais clareza através de painéis espalhados pelas cidades e NPCs que pedem ajuda. O jogo é dividido em três atos, sendo o terceiro opcional, mas essencial para o final verdadeiro. Completar todas as sidequests leva naturalmente o jogador aos 100% do game.

Por outro lado, as recompensas da exploração deixam a desejar. Muitas vezes, após superar desafios intensos ou hordas de inimigos, o prêmio é apenas dinheiro. Faltam incentivos mais impactantes, como amuletos ou melhorias relevantes, para motivar os mais dedicados.
Arte e trilha sonora trazem perfeição absoluta
Se há algo que Silksong mantém impecável é sua direção de arte e trilha sonora. Fiarlongo é um mundo belíssimo, melancólico e vivo. Cada tela poderia ser uma pintura, e cada cenário carrega uma história própria. A sensação de decadência e mistério é transmitida visualmente com maestria.
A trilha sonora, por sua vez, é uma experiência emocional à parte. As composições de Christopher Larkin novamente impressionam, alternando entre tensão, melancolia e esperança, elevando cada momento da jornada de Hornet a algo épico.
A dedicação da Team Cherry em cada detalhe
Em entrevista, a Team Cherry afirmou que Silksong demorou tanto porque o time “estava se divertindo criando o jogo”. E isso transparece em cada detalhe. É uma obra feita com paixão, esmero e respeito aos fãs.
Hollow Knight Silksong é um jogo primoroso, quase impecável em sua proposta. Ele não é fácil e certamente não é para todos, mas quem aceitar o convite para desbravar Fiarlongo encontrará uma das experiências mais desafiadoras e recompensadoras do gênero Metroidvania.

Vale mencionar também a atenção que a Team Cherry teve com a precificação do jogo. Por toda a espera que este jogo tinha do publico, eles facilmente conseguiriam vende-lo a preço base de U$70,00 que vem sendo comumente aplicado para jogos lançados com grande relevância no mercado, o que por aqui no Brasil poderiamos esperar algo em torno de R$300,00. No entanto a grande surpresa é que na maioria das plataformas por aqui o jogo chegou com um valor honesto de R$60,00 com exceção da plataforma PlayStation que como de costume é sempre a mais cara por aqui.
Um jogo que te trará dezenas e dezenas de horas de gameplay, com desafios direção de arte e trilha sonora excelentes e ainda com um preço justo, é mais que obrigatório de estar na biblioteca de qualquer pessoa fã de bons jogos.













