Mark of the Deep é uma produção nacional do estúdio Mad Mimic, que retorna aos holofotes após o sucesso de Dandy Ace. Desta vez, eles apostam em uma aventura com visão isométrica, que promete trazer elementos de Soulslike e Metroidvania, em uma narrativa ambientada em um sombrio mundo pirata.
Uma Ilha Misteriosa e um Pirata Sobrevivente
No controle de Markus “Rookie” Ramsey, um pirata que sobrevive misteriosamente a um naufrágio, o jogador desperta em um altar em uma ilha desconhecida, sem memórias claras do que aconteceu. A partir daí, começa uma jornada para descobrir o que aconteceu com a tripulação de seu navio — muitos dos quais sucumbiram a uma maldição e passaram a se transformar em criaturas marinhas corrompidas.

Rookie precisa entender por que foi poupado e encontrar uma forma de escapar vivo da ilha, desvendando segredos antigos por meio de escrituras, encontros com entidades misteriosas e com os próprios tripulantes.
A atmosfera de Mark of the Deep remete a obras de H.P. Lovecraft, com sua ambientação obscura e a constante presença do desconhecido como ameaça iminente.

Dublagem e Imersão
Por ser um projeto brasileiro, Mark of the Deep conta com dublagem em português — em sua maioria feita por influenciadores digitais. No entanto, a atuação inconsistente pode quebrar a imersão. Por essa razão, preferi jogar com a dublagem em inglês, que oferece uma performance mais uniforme.
Experiência de Jogo
Logo de início, a câmera isométrica remete a jogos como Diablo, mas a promessa de mecânicas Soulslike e Metroidvania gera expectativas que nem sempre são plenamente atendidas.

Soulslike?
O título se apresenta como Soulslike, mas não entrega todos os elementos típicos do gênero. Tirando o sistema de esquiva com rolamentos e o retorno ao último checkpoint ao morrer, outras mecânicas características e estrutura de progressão complexa estão ausentes.
O jogo acaba se apoiando em uma definição simplificada de apenas “ser difícil”, o que pode frustrar fãs do gênero.
Metroidvania?
No aspecto Metroidvania, o jogo apresenta backtracking e habilidades que desbloqueiam novos caminhos, mas a ausência de um mapa e a exploração limitada prejudicam a profundidade esperada.
Além disso há momentos em que a progressão se torna desnecessariamente confusa.
Dito isso, o sentimento de que o jogo falha nos dois estilos em que ele se propõe seria injusto dizer que o que temos aqui é um jogo ruim. Ao contrário disso, Mark of the Deep é um bom jogo e muito bem resolvido no que ele é.
Por isso acho errado ele tentar se agarrar a outros gêneros quando ele deveria ser simplesmente ele mesmo.
Combate, Equipamentos e Progressão
O protagonista utiliza um anzol gigante como arma principal, permitindo sequências de ataque e mecânicas de esquiva. Durante a aventura, armas de fogo são adicionadas ao arsenal, funcionando com munição limitada e recarga estratégica.
A progressão é baseada em amuletos que modificam atributos e influenciam o estilo de combate. O uso dos amuletos é limitado por slots, simulando uma criação de “builds” simples, porém funcional.

O uso de amuletos é limitado à quantidade de espaços de encaixe disponíveis. Para isso cada tipo de amuleto exige uma quantidade específica, o que pode simular a criação de uma build de personagem mas que no geral é algo bem mais simples e limitado que uma personalização que faça a real diferença na jogabilidade.
Os mapas contam grandes áreas abertas, algumas dungeons e chefes e sub-chefes que devem ser derrotados para que o progresso do jogo aconteça. E por ter inspiração em Metroidvanias certas áreas só poderão ser alcançadas após adquirir um novo equipamento ou habilidade.

Há também sessões de puzzle e sidequests com consequências reais (inclusive a morte de personagens) e um acampamento central que funciona como hub para compras e upgrades.
Dificuldade e Problemas Técnicos
A dificuldade é pontual, concentrada nos chefes, que exigem leitura de padrões e precisão. Porém, problemas técnicos como hitboxes imprecisos e animações lentas comprometem a fluidez do combate. Além disso, algumas batalhas são alongadas artificialmente por conta de chefes com vida excessiva.
Esses pequenos problemas seriam resolvidos facilmente com ajustes na jogabilidade e atualizações do jogo.
Outro ponto negativo é o ritmo inicial do jogo, que demora a apresentar novas habilidades, tornando as primeiras horas um tanto arrastadas, repetitivas e com uma dificuldade desnecessária.
Conclusão: Vale a Pena Jogar?
Mark of the Deep não entrega com precisão as experiências prometidas pelos rótulos de Soulslike e Metroidvania, mas isso não o torna um jogo ruim. Muito pelo contrário: quando visto pelo que realmente é — uma aventura de ação com boas ideias, ambientação envolvente e história cativante ele se destaca.
Um jogo sólido que sabe explorar seus limites, que traz bons gráficos e um desafio que no começo do jogo parece exagerado mas que no decorrer do jogo você irá se acostumar e dominar

Com atmosfera sombria e um enredo que instiga a curiosidade do jogador, o jogo mostra que o estúdio Mad Mimic está amadurecendo. Os problemas de ritmo e combate existem, mas são pequenos diante do conjunto da obra.
Mark of the Deep é um jogo nacional que merece destaque especialmente por quem aprecia histórias de piratas, mistério e fantasia sombria.
Agradecemos os amigos da Mad Mimic por nos enviarem uma cópia de Mark of the Deep para a criação deste review.
Mark of the Deep está disponível para PlayStation 5, Xbox Series, Nintendo Switch e PCs.