Marvel’s Spider-Man 2 é a aguardada sequência da aclamada série da Insomniac Games, que estreou inicialmente como um exclusivo para PlayStation 5, mas, como esperado, também chegou ao PC algum tempo depois, seguindo a estratégia da Sony de expandir suas grandes produções para um público mais amplo.
A versão para PC trouxe uma série de melhorias técnicas que aproveitam ao máximo o poder da plataforma, como suporte a monitores ultrawide, ray tracing aprimorado e tecnologias de upscaling modernas como NVIDIA DLSS e AMD FSR.
No entanto, mesmo com todas as suas qualidades, Spider-Man 2 não é perfeito, e há pontos que merecem discussão.
Com grande poderes vem grandes responsabilidades
A narrativa de Spider-Man 2 é envolvente e bem construída, mas não chega a ser o ponto mais forte do jogo. Embora tenha momentos emocionantes e boas reviravoltas, a trama segue um caminho previsível e, em alguns aspectos, menos impactante do que no primeiro jogo.
A história começa com Peter Parker e Miles Morales tentando equilibrar suas vidas pessoais e heróicas em uma Nova York maior e mais detalhada. Peter, ainda afetado pela perda de sua tia May, reencontra Harry Osborn, seu amigo de infância, que retorna após anos de tratamento para uma doença misteriosa. Esse reencontro se torna o centro da jornada de Peter, que se vê dividido entre a amizade e suas responsabilidades como herói.
Enquanto isso, Miles tenta se firmar como Spider-Man, lidando com os desafios de crescer e com a volta de Martin Li (Mister Negative), o assassino de seu pai.
A chegada de Kraven, o Caçador, muda tudo. Obcecado por desafios dignos de sua reputação, ele transforma Nova York em seu campo de caça pessoal, mirando os super-humanos da cidade.
Paralelamente, o simbionte Venom começa a se espalhar e, ao se conectar com Peter, altera seu comportamento e coloca seus valores à prova. No entanto, essa transformação também faz com que Peter pareça menos determinado e mais fraco emocionalmente do que no primeiro jogo, o que pode frustrar alguns jogadores. Seu relacionamento com MJ também passa por momentos de tensão devido a essas mudanças, tornando a dinâmica entre os dois mais conturbada.
Miles tem um arco mais forte, com um desenvolvimento significativo ao enfrentar Martin Li e lidar com temas como luto e perdão. Já os antagonistas poderiam ter sido mais bem aproveitados. Kraven tem uma presença marcante, mas seu impacto diminui com tantas batalhas contra seus capangas. Venom, por sua vez, surge como uma ameaça poderosa, mas sua participação poderia ter sido expandida para que suas motivações ficassem mais claras.
No geral, Spider-Man 2 entrega momentos épicos e emocionantes, mas a história não impressiona tanto quanto poderia. Embora bem construída, ela acaba ficando atrás da do primeiro jogo, especialmente pela forma como Peter é retratado e pelo aproveitamento irregular dos vilões.
Como é jogar Marvel’s Spider-Man 2?
Marvel’s Spider-Man 2 introduz diversas mecânicas de jogabilidade que aprimoram a experiência de ser o Homem-Aranha.
A movimentação pela cidade continua impecável, agora enriquecida pelas “Asas de Teia”, permitindo planar entre os arranha-céus de Nova York com ainda mais fluidez. Essa adição torna a exploração do mundo aberto mais dinâmica e prazerosa. Além disso, os túneis de vento espalhados pela cidade oferecem impulsos de velocidade e altura, enriquecendo ainda mais a travessia pela cidade.
A Nova York do jogo é maior do que nunca, incluindo agora os bairros do Brooklyn e Queens. Cada região tem sua própria identidade visual e atividades únicas para explorar.
As missões secundárias variam entre as mais detalhadas como ajudar civis, e as repetitivas, como coletar itens ou perseguir drones. Apesar disso, senti que o mundo aberto ainda poderia ser mais interativo; muitas vezes parece mais um pano de fundo bonito do que um espaço realmente vivo.
A possibilidade de alternar entre Peter e Miles é um destaque absoluto, mas não é tão livre quanto parece. A troca só ocorre no mundo aberto, fora de combate, e há um pequeno carregamento entre as trocas. A maioria das missões principais e secundárias tem um personagem específico designado, limitando a liberdade de escolha. No entanto, algumas missões secundárias podem ser feitas por qualquer um dos dois, proporcionando um pouco mais de flexibilidade.
Cada herói possui uma árvore de habilidades distinta, refletindo suas capacidades únicas. Peter Parker conta com habilidades tecnológicas avançadas, como os Spider-Braços, que ampliam seu alcance e poder de ataque. Por outro lado, Miles Morales aprimora suas habilidades de bioeletricidade, agora mais voláteis, e mantém sua capacidade de invisibilidade. Além das árvores individuais, há uma terceira árvore de habilidades compartilhada, que oferece melhorias aplicáveis a ambos os personagens, enfatizando a sinergia entre eles.
No combate, a nova mecânica de aparar é essencial para lidar com ataques que não podem ser esquivados, adicionando estratégia a às lutas.
A Linha de Teia é outra novidade, permitindo que você crie seus próprios caminhos em pontos específicos do ambiente, proporcionando mais controle e flexibilidade em abordagens furtivas.
Os inimigos também evoluíram, apresentando técnicas, contra-ataques e equipamentos mais avançados. Inimigos como os aliados de Kraven usam estratégias para perseguir os heróis como presas, exigindo que os jogadores adaptem suas táticas constantemente.
As lutas contra chefes foram aprimoradas, com batalhas que evoluem em várias fases e transições suaves entre diferentes ambientes, proporcionando um nível de espetáculo e desafio superior aos títulos anteriores.
Versão de PC
Apesar da performance sólida na maior parte do tempo, tive vários problemas técnicos que prejudicaram a experiência.
O mais frustrante foi um bug de interface que me obrigou a reiniciar o jogo algumas vezes: em certas missões, um rastro deveria aparecer para guiar o jogador, mas simplesmente não surgia, deixando impossível prosseguir sem reiniciar. Outro problema aconteceu em um dos minigames que exigem pressionar o gatilho na posição correta e a imagem ficou cortada pela metade, e o local exato para acertar não aparecia, tornando a tarefa inviável.
Testei o jogo em um pc bom (RTX 4070 Super, Ryzen 5 5600G e 32GB de RAM) e, na maior parte do tempo, a experiência foi excepcional.
Com resolução 4K, DLSS no modo Equilibrado e Ray Tracing no alto, o desempenho manteve-se estável em 60 FPS na maioria das situações. A cidade impressiona visualmente, com reflexos realistas que fazem qualquer jogador pausar no meio de um balanço apenas para apreciar a paisagem.
O suporte a monitores ultra-wide também merece destaque: todas as cutscenes foram ajustadas para a proporção, um detalhe raro e bem-executado pela Insomniac e pela Nixxes, responsáveis pelo port.
No entanto, há um ponto crítico que precisa ser mencionado: o consumo de memória RAM. Em questão de minutos de gameplay, o jogo já consumia 24GB dos 32GB disponíveis, o que pode representar um problema para usuários com 16GB, resultando em stuttering constante, especialmente em transições entre missões e áreas densamente povoadas.
Além disso, a estabilidade do jogo deixa a desejar. Durante os testes, experimentei cinco crashes inesperados, inclusive um durante os créditos finais do game, já os outros foram após a conclusão de missões principais. Embora o sistema de salvamento seja generoso, esses incidentes comprometem a imersão, interrompendo momentos épicos devido a falhas técnicas.
O Frame Generation também se mostrou um recurso de performance ambíguo. Com o DLSS 3.5 ativado, os quadros por segundo podiam ultrapassar os 120 FPS em momentos mais tranquilos, mas caíam abruptamente para 70 FPS em combates intensos ou deslocamentos rápidos pela cidade. Essa variação pode comprometer a consistência da experiência, tornando recomendável desativar o recurso caso a estabilidade seja prioridade.
Quanto ao FSR 3, ele cumpre sua função, mas a nitidez da imagem fica visivelmente inferior quando comparada ao DLSS.
Vale a pena jogar Spider-Man 2?
Marvel’s Spider-Man 2 consolida a excelência da Insomniac Games na criação de jogos de super-heróis, trazendo um combate refinado, uma movimentação ainda mais fluida e um mundo aberto visualmente deslumbrante.
A introdução das Asas de Teia, a alternância entre Peter e Miles e as novas mecânicas de combate enriquecem significativamente a experiência, tornando cada momento de exploração e luta ainda mais empolgante.
No entanto, apesar dessas inovações, o jogo não é perfeito. A história, embora bem construída e repleta de momentos emocionantes, não atinge o mesmo impacto do primeiro título, principalmente devido ao desenvolvimento irregular dos vilões e à forma como Peter Parker é retratado.
A versão para PC chega com melhorias técnicas impressionantes, como suporte a monitores ultrawide, ray tracing aprimorado e upscaling avançado. Contudo, também apresenta problemas, como consumo excessivo de memória RAM, quedas de desempenho e crashes inesperados, que podem prejudicar a imersão. Mesmo com esses percalços, a qualidade geral do port reafirma o compromisso da Nixxes e da Insomniac em trazer grandes experiências para um público mais amplo.
No fim das contas, Marvel’s Spider-Man 2 não apenas mantém o alto nível da franquia, mas também expande sua jogabilidade e universo de forma significativa. Embora a narrativa pudesse ser mais impactante e os problemas técnicos do PC sejam um ponto de atenção, a experiência geral continua sendo espetacular, colocando o jogador no centro da ação de forma imersiva e emocionante.
Para os fãs do Homem-Aranha, este é um título indispensável, reafirmando seu lugar entre os melhores games de super-heróis já criados.
Agradecemos aos amigos da PlayStation Brasil por nos enviarem uma cópia de Spider-Man 2 de PC para a criação deste review.
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