Neon Inferno é aquele tipo de jogo que olha diretamente para o seu público e diz: “eu sei exatamente quem você é”. E eu, definitivamente, sou esse público.
Com uma aura carregada de nostalgia, o jogo resgata a essência dos tempos em que o videogame era simples, direto e incrivelmente viciante: atirar, desviar e sobreviver ao caos que toma conta da tela.

Logo nos primeiros minutos, as influências são claras. Neon Inferno bebe da fonte dos clássicos Run and Gun, especialmente Contra, mas vai além ao misturar essa base com uma camada inspirada em jogos como Wild Guns.
É essa fusão que torna a experiência única e moderna, sem perder o charme do “jogar como antigamente”.
Neon Inferno é Run and Gun com tempero próprio
O título começa com o tradicional correr, atirar e desviar de projéteis vindos de todos os lados, remetendo àquela velha adrenalina dos 16-bits. Mas, aos poucos, ele revela algo mais complexo.
Mesmo sendo um jogo 2D, Neon Inferno trabalha muito bem a profundidade: em vários momentos precisamos mirar livremente pela tela para acertar inimigos posicionados ao fundo. Isso muda a dinâmica e exige atenção constante do jogador, criando uma cadência deliciosa entre movimento e precisão.

Outro ponto essencial é o parry, feito com um bastão capaz de repelir tiros inimigos. Acertar o tempo abre um efeito de câmera lenta que permite redirecionar o projétil para qualquer direção, inclusive para inimigos posicionados em profundidade. É simples de executar e faz total diferença nos desafios.
Além disso, momentos com veículos e outros meios de transporte aparecem para quebrar o ritmo, empurrando o jogador para uma jogabilidade mais dinâmica e caótica, onde trocar de plano, decidir entre atirar, desviar ou rebater um tiro precisa ser quase instintivo.

Ambientação: uma Nova York distópica digna dos anos 80 e 90
Estamos em uma Nova York distópica, acompanhando dois mercenários que fazem o “trabalho sujo” da cidade e aqui, tanto criminosos quanto policiais podem ser seus inimigos.
É aquele clima de filme futurista à la anos 80/90, com sujeira, neon, caos urbano e personagens que parecem saídos de uma fita velha de ação. Tudo funciona com naturalidade e reforça o espírito que os desenvolvedores claramente queriam transmitir.
Progressão e Ritmo
A campanha é estruturada por missões livres, permitindo escolher qual fase encarar em seguida. Antes disso, existe uma lojinha com equipamentos e habilidades e aqui está talvez o ponto mais fraco do jogo.

Os itens extras parecem dispensáveis e, em alguns momentos, até confusos. A progressão do jogo não exige que você os use, e rapidamente fica claro que ignorá-los não afeta em nada a experiência, o que indica que talvez essa mecânica não esteja totalmente alinhada ao restante do game design.
Por outro lado, o ritmo das fases é excelente. Nada é estendido artificialmente e o jogo pode ser concluído em cerca de 4 horas, duração perfeita para o gênero e para o tipo de experiência que ele propõe: um jogo “de locadora”, feito para ser finalizado em um fim de semana com satisfação.

Um aceno caloroso à nostalgia
Para quem viveu a era dos jogos diretos, intensos e sem enrolação, Neon Inferno é praticamente um abraço.
Para os mais novos, é uma porta de entrada perfeita para entender o que tornava esses clássicos tão especiais, mas com a suavidade e fluidez de um título moderno.

Neon Inferno não quer reinventar o gênero, não quer ser maior do que deveria e não tenta competir com produções gigantescas. Ele quer ser videogame puro, simples e divertido. E consegue isso com maestria.
Agradecemos os amigos da Retroware que nos enviaram uma chave de Neon Inferno para a criação deste Review













