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O Retorno de Cyberpunk 2077 no Switch 2. Vale a Experiência?

Cyberpunk 2077 Ultimate Edition Review
Uma experiência madura, completa e ambiciosa. Ainda não é perfeita, mas está mais próxima disso do que nunca.
Disponível para:
Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series S/X, Nintendo Switch 2, PC
Review escrito por:
Felipe Oliveira

Cyberpunk 2077 é um marco na história dos games, seja para o bem ou para o mal. O jogo teve um lançamento caótico nos consoles da geração passada, como Xbox One e PS4, com desempenho sofrível, bugs, travamentos constantes e até sua remoção das lojas digitais. O estrago foi tanto que o nome Cyberpunk virou sinônimo de lançamento problemático.

Contudo, o tempo, a dedicação da CD Projekt Red e o sucesso do anime Cyberpunk: Edgerunners, da Netflix, viraram esse jogo de cabeça para baixo. A atualização 2.0 reformulou os sistemas de gameplay, a IA e a árvore de habilidades, enquanto a expansão Phantom Liberty trouxe ainda mais profundidade e qualidade narrativa.

Cyberpunk 2077 Ultimate Edition

Com a chegada da atualização final 2.3 e o recente lançamento para o Nintendo Switch 2, o game alcança um novo público. E essa é, sem dúvidas, uma excelente oportunidade para revisitar Night City. E, felizmente, o jogo entrega tudo e mais do que prometia.

A história de Cyberpunk 2077

A história de Cyberpunk 2077 se passa em Night City, no ano de 2077. Você controla V, um mercenário das ruas que tenta ganhar a vida em trabalhos de baixo risco. Ao lado de Jackie, seu parceiro e amigo, surge a chance de um grande golpe: roubar um Relic da corporação Arasaka, um dispositivo capaz de armazenar a “alma” de uma pessoa. A partir daí, V se vê em uma trama que envolve questões de identidade, poder, vida e morte.

Sem spoilers, posso dizer que essa jornada é intensa, emocional e altamente cinematográfica. Os personagens têm profundidade, com destaque para Johnny Silverhand (interpretado por Keanu Reeves), Judy Alvarez, Panam Palmer e o próprio Jackie Welles, que são constantemente elogiados por sua construção emocional e carisma. Cada missão secundária parece uma pequena história à parte, muitas vezes tão impactante quanto a campanha principal.

Segundo a Digital Foundry, a estrutura narrativa ganhou consistência com os updates, que também corrigiram bugs de roteiro e melhoraram o ritmo das missões, especialmente nas fases iniciais.

Night City é, por si só, um espetáculo à parte. Não é apenas um cenário, mas um personagem vivo, com identidade própria, ritmo caótico e presença constante. A cidade pulsa, seja nos letreiros de neon que colorem as madrugadas, nas vielas sufocantes que escondem histórias sombrias ou nos arranha-céus das megacorporações que projetam poder e desigualdade sobre os habitantes.

Cyberpunk 2077 Ultimate Edition

Explorar Night City é como andar por uma das mais detalhadas obras de arquitetura digital já criadas. Cada rua, esquina e beco tem vida: barracas de comida de rua, diálogos aleatórios entre NPCs, sinais de trânsito funcionando, grafites que contam histórias de resistência ou decadência. A sensação de estar inserido em um mundo vivo é constante e a ambientação é reforçada por uma direção artística coesa e um design sonoro envolvente.

O mais impressionante é que a cidade transmite emoções. Em certos momentos, ela te oprime; em outros, te fascina. Em alguns distritos, a tecnologia reluz com promessas de um futuro glamouroso, enquanto em outros, o abandono e o colapso social são palpáveis. Há um contraste nítido entre luxo e miséria, progresso e ruína, liberdade e controle.

Os personagens que habitam esse mundo contribuem ainda mais para essa sensação de realidade. Judy, Panam, River, Rogue, Kerry, Jackie, cada um deles possui motivações próprias, histórias profundas e carisma de sobra. As missões secundárias são tão bem escritas que, em muitos momentos, superam o enredo principal em impacto emocional. É fácil esquecer que se trata de um jogo e simplesmente se perder nas histórias dessas pessoas digitais.

Night City não é apenas o palco da ação. É o coração do jogo, um lugar que te observa, te afeta e te molda conforme você mergulha mais fundo nesse universo cibernético. É, sem dúvida, uma das cidades mais imersivas e bem construídas da história dos videogames, ao ponto de entrar diversas vezes no jogo, só para circular e admirar a cidade.

A Performance de Cyberpunk 2077

Switch 2 a experiência mais completa

O lançamento original nos consoles da geração passada foi desastroso, e as piadas ainda circulam na internet. Porém, o Switch 2 finalmente entrega uma versão portátil digna do nome Cyberpunk.

O console, comparado por muitos ao PS4 Pro, vai além em diversos aspectos. No Switch 2, o jogo roda a 30 fps no modo qualidade e a até 40 fps no modo performance, com duas opções de uso: TV e portátil.

Cyberpunk 2077 Ultimate Edition

O uso de DLSS da NVIDIA otimiza a nitidez visual e garante uma boa fluidez mesmo nas áreas mais densas da cidade. Essa é uma evolução perceptível, especialmente quando comparado às versões de PS4, Xbox One e até mesmo à do Steam Deck, como destacou a análise da TechRadar Gaming.

Detalhes técnicos:

  • Modo Dock (TV): 1080p via upscaling (a partir de 720p ou 635p);
  • Modo Portátil: 720p via upscaling (a partir de 540p ou 360p);
  • DLSS: ativo em ambos os modos;
  • Sem Ray Tracing: decisão consciente para manter fluidez e autonomia de bateria.

Comparando com a geração anterior, temos melhor densidade de NPCs, maior distância de renderização, texturas mais nítidas e menos quedas de fps. Embora ainda abaixo da versão de PC, essa edição é sólida e visualmente impressionante para um hardware portátil.

Durante a gameplay, encontrei poucos bugs e a maioria leve e pontual: um NPC atravessando uma porta, um carro flutuando ou um item com física estranha. Nada que quebrasse a imersão.

PC – A experiência definitiva

Sem surpresa, a melhor versão de Cyberpunk 2077 é a de PC. Rodando em hardwares potentes, especialmente com placas da série RTX 30 e 40 da NVIDIA, o jogo pode alcançar níveis absurdos de fidelidade visual. O Ray Tracing em sua forma completa, incluindo iluminação global, reflexos em tempo real e sombras complexas transforma Night City em um espetáculo visual, sem contar os mods visuais, que deixam o jogo foto realista ou com outras alterações.

Com o suporte ao DLSS 3.5 (incluindo Frame Generation e Ray Reconstruction), a experiência é não só mais bonita, mas também extremamente fluida, permitindo jogar com tudo no ultra a 60+ fps em resoluções 2K e 4K, dependendo do setup. Mods também ampliam ainda mais a experiência: novos shaders, clima dinâmico, overhaul de NPCs, física de veículos e muito mais.

Para quem busca o ápice técnico e visual, o PC é o caminho.

Consoles da atual geração – PS5 e Xbox Series X|S

Nos consoles de nova geração, a experiência também é excelente. Cyberpunk 2077 roda em duas modalidades nesses sistemas:

  • Modo Performance: 60 fps com resolução dinâmica, visual suave e estável, ideal para combates e ação intensa.
  • Modo Qualidade: 30 fps com resolução mais alta e Ray Tracing ativado (reflexos, sombras e iluminação parcial), oferecendo visuais mais refinados para quem prefere uma experiência mais cinematográfica.

No PS5 e no Xbox Series X, o desempenho é muito consistente, com poucas quedas de framerate, carregamentos rápidos graças ao SSD e suporte a áudio 3D. A ambientação ganha ainda mais vida nesses consoles, especialmente no modo Qualidade, onde os reflexos e sombras em tempo real reforçam a estética de ficção científica suja e brilhante de Night City.

O Xbox Series S, embora limitado, também oferece uma boa experiência. O jogo roda a 30 fps com visuais reduzidos, sem Ray Tracing, mas ainda mantendo a base do conteúdo e da jogabilidade. É, portanto, uma versão viável, mas inferior ao que se vê no Series X e PS5.

Além disso, todos os consoles da nova geração receberam suporte completo à atualização 2.0 e à DLC Phantom Liberty, com todos os novos sistemas implementados: árvore de habilidades reformulada, IA de combate e polícia reprogramadas, novos veículos e armas, além da ambientação renovada do distrito de Dogtown.

Como é jogar Cyberpunk 2077

Cyberpunk 2077 é um RPG de ação em primeira pessoa que oferece uma combinação rica entre tiroteios intensos, exploração em mundo aberto, elementos furtivos e sistemas profundos de progressão. Desde os primeiros minutos, o jogador tem liberdade para escolher como quer viver sua vida em Night City, seja como um hacker discreto, um brutamontes que invade tudo com força bruta ou um pistoleiro ágil com reflexos sobre-humanos.

Cyberpunk 2077 Ultimate Edition

A base do sistema de gameplay gira em torno de seis atributos principais: Corpo, Reflexos, Inteligência, Habilidade Técnica, Sangue Frio e o novo sistema de Relíquias (introduzido com a DLC Phantom Liberty). Cada atributo destrava árvores de habilidades que permitem criar builds únicas e adaptadas ao seu estilo de jogo — desde especialistas em combates corpo a corpo, até netrunners capazes de invadir redes, desativar inimigos remotamente e manipular o ambiente.

Essa versatilidade é um dos pontos altos do jogo. O sistema de perks foi completamente reformulado na atualização 2.0, tornando as escolhas mais significativas e sentidas no gameplay. Combates são mais dinâmicos, a IA inimiga está mais agressiva e responsiva, e a movimentação do personagem é mais fluida.

Combate e Interação

As mecânicas de tiro foram refinadas para oferecer mais peso e impacto. As armas têm categorias distintas (tecnológicas, inteligentes, de potência, etc.) e podem ser customizadas com mods e acessórios. Além disso, há combate corpo a corpo com espadas katana, facas, bastões e até lâminas Mantis implantadas nos braços.

Outra característica marcante é o hacking. V pode invadir câmeras, desativar inimigos, explodir granadas no bolso de oponentes, ou até induzir alucinações. Essas habilidades abrem caminho para abordagens furtivas, onde você pode completar missões sem disparar um único tiro ou usá-las como suporte em combate pesado.

O jogo também traz um sistema robusto de ciberimplantes. Você pode transformar V em uma verdadeira máquina de guerra, adicionando melhorias nos olhos, braços, coluna, pernas e sistema nervoso. Implantes como o Sandesvistã (que desacelera o tempo) ou o Berserker (que aumenta a força bruta) mudam completamente a forma como você interage com o mundo.

Exploração e Mundo Aberto

A cidade de Night City pode ser explorada a pé, de moto ou carro. Os veículos têm física realista, variação de peso, resposta e até interior detalhado — o que melhora bastante a imersão, especialmente nas perseguições. A CD Projekt também reformulou o sistema de perseguição policial: agora, a resposta da polícia é progressiva e inteligente, com barricadas, drones, viaturas e unidades de elite dependendo do nível de procurado.

Missões secundárias, atividades paralelas e pequenos encontros urbanos garantem que o mundo esteja sempre vivo. Muitas dessas tarefas têm roteiros elaborados, com finais diferentes dependendo das escolhas do jogador. Isso torna o jogo altamente rejogável, com consequências que afetam personagens, locais e eventos ao longo da campanha.

Controles e Experiência no Switch 2

No Nintendo Switch 2, a experiência de gameplay surpreende. O jogo funciona perfeitamente tanto no modo portátil quanto no dock, e oferece total compatibilidade com os Joy-Con 2 e o Pro Controller. Um diferencial interessante é o suporte ao giroscópio nos Joy-Con, permitindo mirar e controlar a câmera com movimentos o que adiciona uma camada de precisão e imersão.

Durante minha jogatina, não enfrentei problemas com input lag, bugs nas interações ou respostas inconsistentes dos controles. Tudo funcionou de forma suave e estável, com menus bem adaptados para uso em tela pequena e tempo de carregamento bastante razoável.

O que esperar de Cyberpunk 2077 Ultimate Edition?

Cyberpunk 2077 Ultimate Edition é a consagração de um projeto que, apesar de um começo desastroso, encontrou redenção com atualizações consistentes, narrativa impactante e uma ambientação que poucos jogos conseguiram alcançar. A chegada ao Nintendo Switch 2 representa mais do que uma simples adaptação técnica é uma conquista de engenharia que entrega uma experiência completa e imersiva em um console portátil, sem sacrificar o que há de melhor no jogo.

Cyberpunk 2077 Ultimate Edition

A campanha principal continua envolvente, ainda que relativamente curta e é complementada por missões secundárias memoráveis e personagens cheios de personalidade. A liberdade de abordagem, a variedade de builds, a qualidade da ambientação de Night City e o polimento técnico fazem desta edição uma das versões mais acessíveis e recomendáveis do jogo, especialmente para quem busca uma experiência portátil de alto nível.

Mesmo com pequenos bugs persistentes e algumas limitações gráficas em comparação ao PC e consoles premium, Cyberpunk 2077 finalmente alcança o potencial que sempre prometeu, agora disponível em praticamente qualquer formato.

Se você gosta de RPGs de mundo aberto com profundidade narrativa, jogabilidade flexível e um universo riquíssimo, essa edição é praticamente obrigatória.

Conheça também estes jogos:

Sem Spoilers para Cyberpunk 2077.

O Retorno de Cyberpunk 2077 no Switch 2. Vale a Experiência?

Disponível para:
Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series S/X, Nintendo Switch 2, PC
Versão que jogamos:
Nintendo Switch 2
O jogo é dublado e legendado em Português.

Pontos Positivos

  • Ambientação e narrativa imersiva
  • Gameplay versátil
  • Desempenho no Switch 2

Pontos Negativos

  • Campanha principal curta
  • Alguns bugs ainda persistem
  • Ray tracing ausente no Switch 2
Review escrito por:
Felipe Oliveira

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