Prince of Persia The Lost Crown é o mais recente jogo de uma franquia que está entre nós a um longo tempo, com mais de 30 anos de existência e que assim como os desafios propostos em suas fases são títulos que vivem altos e baixos.
Os jogos da série sempre se destacaram por momentos de desafios, exigindo do jogador estratégia para avançar, vencer plataformas e armadilhas e somente após isso prosseguir para os novos níveis.
Mas mesmo sendo uma série de longa data a franquia acabou mudando bastante, o jogo que inicialmente era em 2D acabou migrando para 3D e sem dúvida o ápice foi com o excelente Prince of Persia The Sands of Time de 2003, primeiro jogo pelas mãos da Ubisoft que dali em diante seria responsável pelo futuro da série.
Embora The Sands of time tenha tido um relevante sucesso, os próximos títulos não agradaram tanto o público e futuramente com a chegada de Assassins Creed, Prince of Persia acabou ficando de lado tendo seu último jogo até então lançado em 2010.
Agora, 14 anos depois de seu último lançamento, a franquia ganha um novo jogo, de volta às origens em sua maneira de jogar, propondo o jogo de plataforma 2D com uma experiência de jogabilidade no melhor estilo Metroidvania.
Um novo formato para uma velha serie.
Eu joguei Prince of Persia em diversos momentos da minha vida, desde o clássico ainda no MS Dos até o já mencionado aqui Sands of Time em meu PS2.
Embora sejam estilos distintos, é inegável que de certa forma Prince of Persia soube se moldar a linguagem, estilo e características de mercado que eram valorizadas ou estavam em alta em sua época de lançamento.
Um Sands of Time 2D provavelmente não funcionaria ou teria tido a mesma relevância na época em que foi lançado.
No entanto, talvez lançar um novo Prince of Persia hoje em 3D depois da série Assassins Creed ter sido tão relevante e com tantas características de jogabilidade semelhantes fariam com que este novo jogo 3D se perdesse ou fosse até mesmo irrelevante.
Assim é uma ótima escolha retornar às raízes, com uma jogabilidade lateral em uma época onde cada vez mais jogos independentes também optam por esta falsa “simplicidade” e entregam excelentes experiências.
Unindo essa estética e estilo de jogo ao modelo “Metroidvania” encontramos talvez um caminho perfeito para qual a franquia pode seguir sem medo.
Essa novidade para o universo de Prince of Persia funciona tão bem que me perguntei por diversas vezes enquanto jogava os motivos pelo qual demoraram mais de uma década para tomar esta decisão e levar a franquia para este caminho.
Assim todas as mecânicas clássicas que exigiam saltos precisos, evitar cair em espinhos mortais e atravessar longas áreas de plataformas estão em Prince of Persia the Lost Crown mas com a adição da exploração precisa de um Metroidvania, exigindo assim que o jogador vá e volte diversas vezes pelos cenários a fim de descobrir novos caminhos, retornando após conseguir novas habilidade e tentando abrir cada cantinho do enorme mapa que o jogo proporciona.
A História de Prince of Persia The Lost Crown
O reino da Pérsia está seguro já que conta com os imortais, guerreiros formidáveis e habilidosos que sozinhos são capazes de destruir exércitos.
Nosso protagonista, Sargon, é um destes guerreiros sendo o último a entrar no grupo.
Após uma enorme vitória e receber honrarias diretamente da rainha, os guerreiros são surpreendidos quando uma aliada os trai e rapta o principe do reino levando-o a um lugar distante.
Decididos a resgatar o príncipe, o grupo dos imortais parte para o Monte Qaf e lá acabam por descobrir ser um lugar cheio de mistérios, onde o tempo parece correr diferente para cada um dos membros trazendo diversos tipos de consequências.
Cabe então a Sargon encontrar o principe, descobrir os motivos pelo qual sua aliada traiu o bando e como cada um dos imortais estão sobrevivendo a este lugar inóspito.
Como é Jogar Prince of Persia The Lost Crown?
Como dito o game é um metroidvania, assim como é comum no genero Sargon irá adquirir diversas habilidades que o ajudarão nas batalhas e progressão pelo mapa.
Para aqueles que desconhecem o genêro um exemplo seria a seguinte situação, você encontra uma porta no entanto não consegue alcança-la por estar no alto, continua jogando até que um determinado momento adquire um pulo duplo e agora aquilo que era inalcançável se torna uma nova rota a explorar.
A exploração dos cenários é o grande ponto alto e o jogo mescla bem os ambientes com uma boa variedade de inimigos até grandes circuitos repletos de desafios perfeitos para quem gosta de jogos de plataforma.
Algo que eu não gostei muito é que eu achei os cenários um pouco sem personalidade. Acaba sendo tudo muito genérico e previsível como a floresta, o deserto, o subterrâneo. Por ser uma história que trabalha bastante com a questão do tempo e até mesmo seres e situações místicas acredito que poderiam ser exploradas situações menos clichês do gênero para os diversos cenários do jogo.
O visual dos cenários também são inconstantes, alguns são absurdamente lindos enquanto outros são totalmente sem graça que sequer lembramos que passamos por ele.
E isso pode ser um problema em Metroidvanias. A boa memorização e cenários marcantes são fundamentais para nos lembrar por onde passamos ou para onde devemos retornar.
Felizmente para nos ajudar na exploração, o jogo proporciona duas ferramentas fundamentais em forma de marcadores.
A primeira são os típicos Pins que podemos colocar no mapa indicando que passamos por algo. Estes pins tem visuais que podem ser alterados como estrelas para indicar algum tesouro ou monstro para indicar algum inimigo poderoso, assim você decide como deseja marcar seu mapa.
O segundo é uma habilidade onde Sagon marca com um print a tela em questão, assim fica ainda mais fácil saber o motivo pelo qual você marcou aquele local. Este modelo é perfeito porém mais limitado começando com apenas 10 usos mas que podem ir aumentando conforme você explora e encontra melhorias para o jogo.
Para as batalhas do jogo, Sargon é um personagem habil de controlar, possui duas espadas e seus combos são a principal forma de ataque do jogo.
Ele não possui capacidade de aumentar de nível, mas para isso o jogador poderá equipar amuletos que trazem características para o personagem.
Estes amuletos podem aumentar um pouco seu HP, realizar mais golpes em um combo, trazer proteção a um determinado tipo de golpe elemental e por aí vai.
São muitos amuletos espalhados pelo jogo que você deverá encontrar, comprar em mercadores e até mesmo aprimorá-los para que sejam ainda mais poderosos. Importante dizer que a quantidade de amuletos a ser utilizado é limitada a quantidade de encaixes que o jogador possui e cada amuleto consome uma quantidade diferente de espaços disponíveis.
O jogo não oferece a troca de equipamentos para Sargon, assim suas espadas irão te acompanhar do início ao fim do jogo, mas poderão ficar mais fortes com amuletos e também ajustando o equipamento com o ferreiro do jogo. E se aceitam uma dica, aprimorem sempre que possível pois irá ajudar demais ter um melhor equipamento conforme o mapa vai expandindo.
Sargon também poderá aprender diversos tipos de habilidades. Algumas são relacionadas a evolução do personagem no jogo ajudando a chegar em novos lugares e desvendar novas situações mas que também podem ajudar nas batalhas. Outras habilidades são focadas na batalha e funcionam como golpes especiais.
Você poderá equipar até 2 ataques especiais que são divididos em 3 níveis. Ao acertar inimigos ou fazer defesas perfeitas esta barra se enche e ao alcançar o nível necessário para uma das habilidades especiais é só utilizar e esperar que a barra se encha novamente.
Por último, o jogo possui um sistema de defesa baseado em contra ataque. Esta defesa tem um tempo muito específico de uso e deve ser sempre realizada como uma defesa perfeita ou ela irá falhar.
A defesa perfeita também conta com algumas indicações. Para golpes normais o inimigo ficará com a guarda aberta e você poderá atacá-lo imediatamente aumentando muito sua barra de especial e causando um dano maior ao inimigo.
Os inimigos também são capazes de soltar golpes especiais e eles se diferenciam pelo brilho que o golpe faz quando executado. Para os golpes de brilho amarelo, caso Sargon acerte uma defesa perfeita, inimigos comuns irão morrer instantaneamente sempre seguido de pequenas cenas, quando um chefe de area soltar um golpe amarelo o dano de uma defesa perfeita é muito alto, portanto mesmo sendo difícil de acertar vale o risco.
Já os golpes de inimigos com brilho vermelho não possuem defesa e tiram muita vida de Sargon, a única maneira é escapar desviando ou esquivando nessas situações.
A energia de Sargon é restaurada com o uso de poções que são limitadas, ao utilizar todas só poderá voltar a usar novamente quando chegar em algum checkpoint para restaurar sua energia, status e poções, mas esta ação também ira retornar todos os inimigos do mapa com exceção de chefes.
Estes pontos são as arvores Wak Wak que devemos buscar e encontrar pelo mapa. Algumas contam com npcs que também contam um pouco da história deste universo.
Outro ponto de interesse para se encontrar pelo mapa são os pontos de transporte que levam Sargon de um ponto a outro.
Existem alguns metroidvanias que possuem itens ou habilidades que nos transportam para este ponto e assim facilitam a exploração, no entanto não encontramos nada deste tipo em 80% do jogo explorado.
Na minha opnião achei que o jogo tem um bom número de pontos de transporte mas você terá que andar bastante entre eles o que pode ser um pouco chato principalmente no pós game quando estiver tentando apenas completar o que faltou pelas áreas.
Um mundo vasto com muita coisa a se descobrir
Prince of Persia The Lost Crown não é um jogo curto, no entanto isso depende e varia muito de jogador para jogador.
Embora jogos do estilo metroidvania criam empecilhos e barreiras de acordo com a evolução e novas habilidades do personagem existem aqueles que querem apenas seguir em frente para conhecer a história mas também os jogadores que a nova habilidade adquirida voltam para áreas antigas a fim de achar novos itens ou conseguir novos upgrades.
Assim o que temos em mãos aqui é um jogo com muitos itens a serem descobertos, sidequests propostas por NPCs.
As quests de NPC podem ser longas ou curtas e geralmente focam em encontrar algum tipo de objeto ou matar inimigos específicos.
As demais conquistas são baseadas em explorar, encontrar tesouros e paredes secretas que se quebram e resolver enigmas que na maioria das vezes são bem desafiadores.
Eu terminei o jogo com aproximadamente 65% de todos os cenários e desafios propostos com 23h de jogo, mesclando exploração a cada nova habilidade e dando sequência na história de tempos em tempos.
Portanto levando em consideração aqueles que desejam fazer tudo que o jogo oferece e aida conta com modos de dificuldades diferentes temos aqui um game de tamanho relativamente grande para o gênero.
Um detalhe que vale a pena dizer é que se você se assusta com a exploração ou tem medo de ficar perdido o jogo conta com um sistema em que o jogador pode ativar novos pontos ao mapa que sempre indicam para onde você deverá ir ou voltar.
Prince of Pesia The Lost Crown vale a pena?
O que temos aqui é o surgimento depois de mais uma decada de uma franquia que mais uma vez se reinventa e entrega um jogo sólido e constante.
Para aqueles que gostam de um bom Metroidvania terão um longo mapa a ser explorado, com batalhas e desafios de plataforma que não param um instante sequer. O nível de dificuldade não é punitivo mantendo assim a vontade de continuar sem ser algo estressante.
Dito isto em nossa opinião é de que sim Prince of Persia The Lost Crown vale a pena, sendo uma escolha fácil para quem gosta do estilo e um bom jogo também para uma primeira experiência.
- Prince of Persia: The Lost Crown será lançado para PlayStation 4 e 5, Xbox One, Xbox Series, Nintendo Switch e PCs a partir do dia 15 de janeiro de 2024.
Agradecemos aos amigos da Ubisoft Brasil que gentilmente nos enviaram uma cópia do jogo para a criação deste review.