Particularmente, eu sempre acreditei que a experiência de um jogo foi feita para ser apreciada na dificuldade “Normal”. Mas o que fazer quando o “normal” de um jogo é o completo caos de outros?
Em ROBOBEAT, podemos ver a perfeita filosofia da expressão “Get good” — gíria da língua inglesa que podemos traduzir para o nosso famoso “Dá seus pulos”.

Com uma jogabilidade rápida e frenética, inimigos punitivos e apenas uma alternativa para recuperar seus pontos de vida, ROBOBEAT se torna o jogo mais difícil que terminei em 2025 — e talvez um dos mais difíceis em muito tempo.
Onde Robobat se encaixa?
Na prática, temos aqui um jogo de FPS rítmico com estrutura roguelike, onde a morte é um fator primordial da experiência — e, por consequência, a frustração também.
O jogo em si não apresenta nada de revolucionário em suas mecânicas e estruturas, mas a combinação criada aqui deixa claro que se trata de um produto original. Sem muita enrolação, o jogo já apresenta a mecânica das fitas cassete, onde cada fita altera o BPM (Batidas por Minuto) do jogo e também a trilha sonora. Assim, podemos adaptar nossa jogatina a todo momento durante as runs — basta trocar a fita no meio da batalha, e o mundo ao seu redor muda.

Vale lembrar que o BPM também altera sua forma de atacar os inimigos, já que com uma batida mais rápida você pode atirar mais rapidamente (caso acerte o timing do tiro) — mas também terá que lidar com inimigos mais rápidos.
O principal fator de dificuldade mora em sua estrutura roguelike. Acredito que jogos do gênero devem ser muito bem polidos para entregar uma dificuldade “justa” e ROBOBEAT consegue fazer isso, pelo menos até o último mundo.
Horas e mais horas dedicadas ao combate
Minhas horas de jogatina foram constantemente interrompidas pela frustração com o gênero e com algumas escolhas feitas no desenvolvimento.
Temos aqui uma variedade imensa de armas e apetrechos para usar em nossas runs — mas sempre com aquela obrigatoriedade de recomeçar do zero quando morremos.

Sempre que vamos entrar em um cenário, podemos escolher 2 armas de nível 1 e um apetrecho de nível 1. Novas armas e upgrades estarão sempre ligados à run atual, fazendo com que a frustração do jogador seja algo normal. Se você morrer no final de uma run de 45 minutos, absolutamente nada do que fez importou.
Entendo perfeitamente as diferenças entre “roguelike” e “roguelite”, onde neste último podemos levar upgrades de uma run para outra. Mas o fato de ROBOBEAT ser um FPS rítmico tão dependente de precisão e velocidade causou um efeito de revolta maior do que eu gostaria de admitir enquanto zerava o título.
Robobeat é Muito difícil, mas nem sempre justo
A estrutura rogue já é conhecida pelos amantes do gênero, mas aqui temos algumas pegadinhas com a construção das salas e a variedade de inimigos. Em algumas salas, há buracos e armadilhas cada vez mais insistentes. Junte isso com inimigos de ataques à distância e corpo a corpo na mesma sala e sua estratégia já está definida.
É preciso continuar se movendo. A sala é pequena, mas podemos pular pelas paredes para escapar das investidas. Há muitos inimigos no chão, mas podemos dar uma batida forte com o R3 ao cair. Os inimigos têm ataques punitivos, mas sempre há um som característico que avisa suas ações.

ROBOBEAT acerta em cheio na jogabilidade, mas exagera na dose quando o assunto é dano e recuperação de vida. Se você perder mais da metade da sua vida logo no começo, só poderá recuperá-la enfrentando um chefe.
Para facilitar, pegue algumas cartas
Outro recurso interessante são as cartas, encontradas aleatoriamente durante as runs. Infelizmente, elas servem mais como ajuda quando você já domina as mecânicas do que como uma real alternativa de gameplay. O jogo deixa claro a todo momento: você precisa melhorar — ou desistir.

Com uma gameplay recheada de armas com estilos e funções variadas, enfrentamos inimigos com características únicas. Sempre que avançamos na história, adicionamos mais um chefe no montante final da próxima run. Ou seja: se na primeira run derrotamos um chefe, na segunda enfrentaremos dois e assim por diante.
Tudo no jogo grita para você prestar atenção: nos seus movimentos, nos ataques, nos tempos e no ambiente ao redor. Um ponto questionável é o estilo artístico sujo e escuro demais. Apesar disso, cumpre seu papel: destaca bem os inimigos, que têm cores fortes e neon, contrastando com o mundo sombrio.
Também há pequenos trechos de plataforma, utilizados tanto no combate quanto em salas de desafio ou para encontrar segredos escondidos em paredes e tetos.
Jogue ROBOBEAT mas prepare-se para passar raiva!
Após terminar cada uma das runs, fica claro o cuidado e qualidade que o jogo teve com sua proposta: ele quer que você domine os movimentos, os ataques, os tempos e os cenários — e quer que você faça tudo isso sem parar de se mover.
A dificuldade de Robobeat chega a ser injusta em alguns momentos, principalmente por conta da loja aleatória nas runs. Se houvesse uma opção de comprar ao menos um pouco de vida, muitas runs não seriam arruinadas por meros segundos de caos.

Por diversas vezes morri após 40 minutos em uma run para um inimigo que nem vi, escondido atrás de outros, com tiros que não consegui rebater. Estamos falando de um jogo onde um segundo de desatenção custa caro — e não há chance de se recuperar.
Um jogo frenético e muito bem polido em sua gameplay, mas que peca com o dano punitivo e a escassez de opções de cura. ROBOBEAT valeu cada minuto de raiva, cada momento de frustração por morrer sem entender, e cada vez que desliguei o console com raiva. A boa e velha síndrome de Estocolmo gamer, que todo fã de Souls ou roguelike já teve ao menos uma vez.
Joguem ROBOBEAT — mas não esperem moleza!
Agradecemos os amigos da Kwalee que nos enviaram uma cópia de PlayStation 5 para este review.
Robobeat está disponível para PCs, PlayStation 5, Xbox Series e Nintendo Switch.