Split Fiction, desenvolvido pela Hazelight Studios, é uma obra-prima do gênero cooperativo que combina elementos de fantasia e ficção científica em uma narrativa envolvente e mecânicas inovadoras.
O jogo segue a tradição de títulos anteriores do estúdio, como It Takes Two e A Way Out, elevando o conceito de cooperação a um novo patamar e oferecendo uma experiência rica em criatividade, emoção e reflexão.

Criatividade, Conflito e Autoconhecimento
A narrativa de Split Fiction acompanha Mio Hudson e Zoe Foster, duas jovens escritoras aspirantes com estilos opostos: Mio, uma entusiasta da ficção científica, é cética e reservada, enquanto Zoe, apaixonada por fantasia, é extrovertida e otimista. Seus caminhos se cruzam na Rader Publishing, uma empresa revolucionária que utiliza tecnologia inovadora para transformar ideias em experiências imersivas.

No entanto, Mio logo percebe que algo está errado e se recusa a participar do experimento. Seu ceticismo e medo fazem com que ela hesite, mas o executivo da Rader não aceita sua recusa.
Em um momento de tensão, Mio tenta se afastar, mas acaba caindo dentro da bolha de simulação de Zoe. Esse acidente faz com que as duas sejam transportadas para o mesmo mundo simulado, que começa a apresentar falhas e distorções. A máquina não foi projetada para lidar com duas pessoas simultaneamente, o que resulta em uma fusão caótica dos estilos narrativos de Mio e Zoe.

Assim, encontram-se em um ambiente que mescla elementos de ficção científica e fantasia, forçadas a colaborar para entender o que está acontecendo e encontrar uma maneira de escapar.
Essa jornada é marcada por momentos de humor, conflitos e revelações emocionais, explorando como dois indivíduos com visões opostas podem se unir em busca de um objetivo comum.
Inovação e Cooperação em Split Fiction
A jogabilidade de Split Fiction é um dos principais pontos fortes do jogo, oferecendo uma experiência cooperativa inovadora e dinâmica. Desenvolvido exclusivamente para dois jogadores, exige coordenação e comunicação constante para superar os desafios apresentados.

Cada nível introduz novas mecânicas, mantendo a experiência fresca e emocionante ao longo da jornada. Os jogadores controlam Mio e Zoe, cada uma com habilidades únicas que precisam ser combinadas para resolver puzzles e superar obstáculos.
As mecânicas variam desde a manipulação da gravidade em ambientes de ficção científica até a transformação em criaturas mágicas em mundos de fantasia. Essa diversidade contribui para uma experiência sempre renovada e envolvente.

Uma característica notável é o sistema de Passe de Amigo, que permite que apenas um jogador adquira o jogo e convide outro para jogar junto, independentemente da plataforma. Isso significa que um jogador pode estar no PlayStation 5 enquanto o outro está no PC ou Xbox Series X, graças ao crossplay completo entre plataformas.

Mesmo quando jogado online, Split Fiction mantém a tela dividida, proporcionando uma experiência visual consistente com a de jogos locais. Isso ajuda a preservar a sensação de cooperação estreita entre os jogadores, mesmo que estejam em locais diferentes.

As missões secundárias são outro destaque; elas exploram ideias inacabadas das escritoras, oferecendo desafios únicos e curtos que complementam a narrativa principal. Essa abordagem mantém o jogo surpreendente do início ao fim.

Um Desfile de Criatividade
A ambientação é um espetáculo visual que reflete as personalidades das protagonistas. Os mundos criados são vibrantes e estilizados, alternando entre cenários frios e tecnológicos da ficção científica e paisagens mágicas da fantasia.
Essa liberdade criativa faz com que cada fase seja única, permitindo que o jogador vivencie atmosferas completamente distintas.

A trilha sonora acompanha perfeitamente a transição entre os estilos narrativos, criando atmosferas distintas para cada cenário. A música reforça a imersão nos mundos híbridos do jogo, tornando cada momento ainda mais memorável.
Split Fiction vai além do entretenimento ao provocar reflexões sobre o papel da arte na sociedade moderna. Ele questiona como as grandes indústrias muitas vezes exploram a criatividade individual para fins comerciais, abordando temas como a ética na criação artística e os limites da tecnologia na imaginação humana.
Além disso, o jogo explora como os escritores inserem partes de si mesmos em suas obras. As jornadas de Mio e Zoe simbolizam o processo de autoconhecimento que todo artista enfrenta ao criar algo genuíno. Nesse sentido, Split Fiction não é apenas um jogo; é uma celebração da arte como expressão humana.
Vale a pena jogar?
Split Fiction não é apenas um jogo: é uma declaração de amor à criatividade, uma ode à colaboração humana e uma crítica inteligente à indústria cultural. Split Fiction é uma celebração magistral da cooperação, unindo narrativa inventiva, mecânicas criativas e uma crítica inteligente à indústria criativa em um pacote que só a Hazelight Studios poderia entregar.

A dinâmica entre Mio e Zoe, uma cética da tecnologia e uma sonhadora da fantasia, não apenas impulsiona a trama cheia de reviravoltas, mas serve como metáfora para o próprio ato de criar: um processo caótico, pessoal e, acima de tudo, coletivo.
Apesar de exigir um parceiro dedicado, o que pode ser um obstáculo para jogadores solitários, essa é justamente a genialidade do jogo: ele não faz concessões. Split Fiction é um manifesto sobre a importância de construir mundos (reais ou imaginários) em conjunto, e sua narrativa emocionante, repleta de humor e momentos de tensão, prova que a Hazelight continua inovando sem medo.
Vale a pena jogar? Sim, e de preferência ao lado de alguém que compartilhe sua curiosidade e paciência. Para duplas que buscam mais do que entretenimento e sim uma experiência que desafia, emociona e faz refletir sobre o poder da criação colaborativa, este é um dos jogos mais originais e memoráveis dos últimos anos. Uma obra-prima que confirma: a melhor forma de salvar um mundo fragmentado é reconstruí-lo juntos.
