Em The Alters Você acaba de aterrissar em um planeta inóspito, onde a radiação é constante e os perigos são diversos. Depois de alguns minutos de caminhada, descobrimos que somos o único sobrevivente entre nossos colegas e, mesmo com todas as chances contra nós, devemos cumprir a missão que nos foi dada: coletar um misterioso elemento que pode revolucionar o mundo e tentar voltar para casa vivo.

O looping de gameplay em The Alters é essencialmente de sobrevivência, e como é de costume em jogos survival, sabemos que, se algo pode complicar nossa vida, isso também pode nos matar.
Acredito ser importante enfatizar o fator sobrevivência antes de tudo, pois ele será nosso maior impeditivo para ter uma boa jornada. Devemos constantemente nos preocupar com comida, segurança contra radiação, exploração para coletar recursos e, além de tudo, gerenciar uma equipe com enorme bagagem emocional.
Lidar com os próprios demônios exige paciência!
Um dos maiores destaques em The Alters é justamente os Alters.
Contando com a ajuda de um Computador Quântico, podemos usar aquele material raro que viemos coletar para criar cópias idênticas de qualquer material genético. E, como em qualquer situação de crise, uma solução desesperada foi tomada.

Jan Dolski, nosso protagonista, se vê pressionado pela empresa que o enviou para lá a usar o computador em si mesmo e criar outros Jans. Assim, escolhemos linhas do tempo onde tomamos uma decisão diferente para ter não apenas um par de mãos extras, mas também alguém com uma experiência de vida completamente nova.
Então, após algumas horas no jogo, temos mais um Jan a bordo e, como esse Jan focou sua vida ao estudo da medicina, ganhamos um Alter capaz de nos ajudar como médico da tripulação.
Esse é, sem dúvidas, o destaque da gameplay em The Alters. Como cada cópia já “nasce” com a mesma idade que o original, temos agora uma mecânica de gerenciamento de atividades e sentimentos.
Quanto mais ajuda, melhor. Ou não!?
Um dos grandes problemas que enfrentei em minhas mais de 30 horas jogadas é a sobrevivência básica da nave, já que temos aqui uma espécie de calendário que conta os dias para o sol nascer, sendo assim impossível ficar parado no mesmo local com sua nave, pois esse sol tem uma radiação tão gigantesca que nem sua base sobreviveria.

A mecânica cria um senso de urgência bem claro em direção às missões da campanha, o que deixa um jogador de primeira viagem tenso a todo momento, pois quase nunca conseguimos deixar nossos estoques abastecidos para focar 100% em outras tarefas.
O jogo conta com mais uma mecânica que impede que exploremos a região “estacionada”. As tempestades magnéticas nos obrigam a ficar 2 dias presos na nave com seu estoque existente, tendo que gerenciar sua manutenção, já que com a tempestade ela quebra muito mais rápido.

E nessas tempestades em que ficamos impedidos de sair, podemos testemunhar brigas entre os Alters, momentos de conflito que devemos mediar e encontrar uma solução que desagrada uma das partes e agrada a outra.
A função de prefeito de uma comunidade de você mesmo se torna uma tarefa tão complicada quanto qualquer outra, já que lidamos aqui com ego, questões familiares, julgamentos e erros do passado de diversos outros Jans.
A real dificuldade!
Como estamos lidando com um jogo de sobrevivência com tantas mecânicas punitivas, é normal morrer por uma radiação aqui ou uma revolta Alter ali. Deixando, assim, um jogo já desafiador em uma tarefa quase que impossível.

Não me entenda errado, The Alters não é difícil de fato, mas, pelo constante perigo e pressa que temos que ter para lidar com a morte material, não sobra muito espaço para as ótimas discussões filosóficas entre os Alters.
Deixando, assim, uma falta de interesse depois de já ter mediado discussões, mas nada disso garantiu mais uma comida na cozinha.
Em jogos de sobrevivência com pitadas de jogos de fazendinha, fica claro que uma curva de melhorias deve ser pensada para continuar sendo agradável ao jogador, coisa que não acontece aqui.

Como devemos nos preocupar com tantos “incêndios” ao mesmo tempo, sobra pouco ou quase nenhum espaço para focar em quests secundárias e conhecer mais sobre seus outros eus.
Então, quando já fazem 2 ou 3 mortes que estou preso em um looping de 5 dias no qual não consegui sair com minha nave e fui morto pelo sol, essas horas a mais deixam menos interesse ao real destaque do jogo, que são suas relações.
Você vai cometer erros! E deve aprender a lidar com eles.
Fica claro o quanto as mecânicas de relacionamento aqui são o destaque. Cada conversa, cada presente que podemos entregar para outro Jan nos abre opções diferentes de abordagens e ensinamentos de outras vidas experimentadas.

Mas isso tudo fica ofuscado de diversas maneiras que podemos morrer, tendo acontecido comigo uma complicação a mais.
Como joguei uma versão inicial do game, pude experimentar um bug bem comum em fóruns sobre o título. Em determinado momento, um dos Jans se recusa a trabalhar por alguns dias, mas, em alguns casos, esse Jan pode nunca mais querer trabalhar e te ajudar na nave pelo resto do jogo. Esse problema já está resolvido na sua atualização atual, mas vale pontuar o quão desnecessárias soaram algumas das dificuldades do jogo com um bug desses.
Tenho certeza de que, sabendo mais sobre as mecânicas básicas de sobrevivência, minha próxima zerada seria muito mais tranquila e pacífica. Já saberia quais upgrades focar e poderia escolher Alters diferentes para me acompanhar nessa nova jornada, podendo assim até conseguir um outro final, já que o jogo conta com mais de uma possibilidade para encerrar sua história.

Problemas técnicos!
Infelizmente, podemos ver uma falta de capricho nas capturas dos Alters e falta de sincronia nos diálogos. O jogo conta também com uma legenda em PT-BR que foi feita totalmente, ou pelo menos em parte, com IA.

Podemos ver diversas palavras com a conjugação confusa e que nitidamente não foram revisadas por nenhum falante de português brasileiro.
Um jogo impressionante!
Mesmo com os problemas relatados, um bug considerável e minhas frustrações com mortes tolas, recomendo para todos The Alters.

Ele é um jogo diferente dos jogos de sobrevivência convencionais, já que temos aqui uma pegada muito mais Sci-Fi. E, mesmo com suas diferenças, ainda entrega uma dificuldade agradável quando entendemos onde devemos focar.
The Alters é um jogo que faz você pensar em como sua vida poderia ter sido, se uma pequena atitude fosse diferente. Uma vida totalmente nova teria surgido, e nessas outras vidas, continuo com os mesmos dilemas, problemas, amores?
Gostei muito da experiência com o título, e, por mais que continue acreditando que sua curva de dificuldade carece de uma atenção especial, consigo entender a proposta da dificuldade e toda superação que a história passa.
Agradecemos os amigos da 11 Bit Studios que gentilmente nos enviaram uma copia de The Alters de PlayStation 5 para a criação deste review.
The Alters está disponível para PlayStation 5, Xbox Series e PCs.