Após dividir opiniões com um dos jogos mais autorais e inusitados dos últimos anos, Hideo Kojima retorna com Death Stranding 2: On the Beach, sequência direta do título lançado em 2019.
A proposta continua sendo a mesma: caminhar, entregar e conectar pessoas. Mas nesta nova jornada, somos levados muito além de onde já estivemos, seja no mapa ou em emoções.
Os eventos de Death Stranding 2 se passam após o final do primeiro jogo, quando Sam Bridges consegue conectar todas as cidades da América, consolidando a União das Cidades Americanas (UCA). Após está conquista Sam transgride uma das principais regras da Bridges e liberta seu BB, Lou, que o acompanhou por toda a jornada. Após está ação Sam desaparece do radar para viver em paz com a criança.

Meses após todo este fim Fragile encontra Sam e Lou, ela está trabalhando para a DrawBridge, um grupo civil e não governamental, que busca recrutar Sam para uma nova missão: conectar o México.
A UCA, agora automatizada, não usa mais entregadores humanos e também não poderiam realizar este trabalho por se tratar de um outro país, mas a situação exige uma abordagem mais humana e Sam é o nome ideal para o trabalho.
Durante a missão, descobre-se a existência de um portal que liga o continente americano à Austrália, um fenômeno que surgiu somente após à conexão total feita por Sam no primeiro jogo.

A partir disso, nasce um novo objetivo: Partir para a oceânia e conectar todo o território Australiano fortalecendo ainda mais a rede Quiral e com isso provavelmente forçando o surgimento de um novo portal que ligue a humanidade a outro continente.
Death Stranding 2: On the beach traz uma nova jornada mas sem solidão
A DrawBridges conta com a embarcação DHV Magalhães, uma espécie de nave e submarino que se torna praticamente um personagem do jogo. Ele abriga toda a tripulação, funciona como hub narrativo e até como ponto de teletransporte entre bases ativas.

O mais interessante é que, diferente da solidão constante do primeiro jogo, agora temos a sensação de companhia e estrutura. A Magalhães faz parte do coração pulsante da narrativa e nos acompanha durante toda a jornada.
A cada nova base conectada a rede Quiral, a Magalhães tem a capacidade de submergir no tártaro subterrâneo e reaparecer nesta nova conexão. Assim como nas bases do mundo podemos utiliza-la para construir objetos, armas, veículos e receber missões de encomendas
Kojima novamente coloca os personagens como peças fundamentais para o desenvolvimento emocional e narrativo do jogo. Além de rostos conhecidos como Fragile, Deadman e Heartman, a sequência apresenta novas figuras cativantes como Tarman, o carismático capitão da Magalhães, Rayne, com a habilidade de controlar a chuva temporal e Dollman, um boneco com alma que acompanha Sam em sua jornada

Cada um deles adiciona camadas importantes à narrativa, com histórias marcantes e interações que enriquecem a trama.
Jogabilidade refinada, mas fiel à proposta original
Para muitos, Death Stranding ficou conhecido como um “simulador de caminhada”, o que é uma meia verdade. As entregas ainda são o coração da jogabilidade e fazem sentido dentro de um mundo onde a superfície é letal e a conexão entre cidades é a chave da sobrevivência.

Entretanto, Death Stranding 2 amplia consideravelmente as opções e a ação também ganhou mais espaço. Infiltrar e destruir as bases dos Mulas (humanos viciados em roubar cargas) rende ótimas recompensas, e o arsenal foi expandido, tornando o combate contra humanos mais interessante.
Uma das maiores reclamações contra o primeiro jogo é justamente o tempo que levamos para que o jogo tenha um pouco mais de ação. Somos extremamente vulneráveis por boas horas até que finalmente começamos a ganhar equipamentos e armas que nos deixam menos suscetíveis a morrer e mais confiantes.
Já em Death Stranding 2 isso não acontece e desde os primeiros momentos Sam estará apto a enfrentar diversos desafios, sejam esses inimigos vivos, mortos e claro os terrenos hostis de todos os cenários.

E com o decorrer do jogo ganhando cada vez mais armas e updates de equipamento, Death Stranding 2 fica mais convidativo a combatermos os inimigos ao invés de simplesmente fugir ou realizar missões no modo Stealth, o que é bem diferente do cenário que tínhamos no primeiro jogo.
Eu joguei o game no modo normal, mas acredito que mesmo nas dificuldades maiores ele não deve trazer grandes desafios.
Novas EPs, inimigos e desafios em Death Stranding 2
Como estamos em um novo continente e o evento Death Stranding ocorreu de maneiras distintas em todo o mundo é normal que agora tenhamos novos desafios.
Começamos com os novos tipos de EPs da Austrália. Para quem não conhece os fantasmas do jogo, eles são espíritos que estão presos na terra e toda vez que tem contato com um ser humano uma obliteração irá acontecer. Por isso Sam sempre terá a opção de matar um EP ou passar de maneira despercebida por eles.
No primeiro jogo as EPs apenas ouviam e sentiam nossa presença e para isso é possível segurar a respiração enquanto atravessamos em campos infestados por fantasmas. Mas em Death Stranding 2 um novo tipo de EP consegue também nos enxergar e nos perseguir, fazendo assim com que os campos sejam um local mais perigoso.

Ainda existem robôs fantasmas que são extremamente ágeis e agressivos em todos os momentos que os encontramos e dependendo da quantidade destas maquinas poderá trazer bastante problemas para Sam.
Outra novidade dentro dos desafios de Death Stranding 2 são as alterações de cenário.
O mundo é o grande vilão e traçar rotas para vencer os desafios para realizar as entregas da melhor maneira é a grande diversão do jogo.
Aqui dependendo do bioma em que estamos realizando entregas o ambiente poderá sofrer mutações, por exemplo, uma chuva poderá aumentar repentinamente o nível dos rios que devemos atravessar, ou uma tempestade de areia cheia de raios poderá nos fazer alterar a rota sem nenhum tipo de visibilidade. Tudo isso acaba por trazer uma proposta interessante para completarmos nossas obrigações.

Mas confesso que de certa forma esperava um pouco mais dessas alterações, acreditava que a proposta iria acontecer de forma mais aleatória e surpreendente, mas em dezenas de horas com exceção das cheias de rios todas as outras alterações eram fáceis de prever ou simplesmente enfrentar.
As queimadas por exemplo, que para mim foram a pior e mais desafiadora dessas alterações do mundo, aconteceram apenas uma vez de forma obrigatória em uma missão para aprendermos sobre ela e nunca mais encontrei outra área em chamas.
Terremotos também acontecem com uma certa frequência mas não causaram nenhum problema sério. Por isso senti falta de mais desafios já que a proposta de aleatoriedade é muito interessante mas não trouxeram perigos reais em minha jornada.

Evolução nas entregas e veículos
A progressão continua baseada em entregas divididas em Prioritárias (principais para a história), Padrões e de baixa importância (usadas para evoluir com bases e liberar itens melhores).
Sam pode desbloquear novos equipamentos, próteses, armas e ferramentas conforme avança e fortalece suas conexões. O uso de veículos como triciclos rápidos ou pick-ups de carga é amplamente incentivado e em Death Stranding 2 seu uso é muito mais viável.

Agora podemos consertar nossos veículos de forma mais prática e temos a possibilidade de equipar baterias nos veículos e também utilizar a bateria pessoal de Sam para chegarmos a um ponto de carga mais próximo. Do inicio ao fim do jogo é possível fazer qualquer tipo de entrega utilizando os veículos.
Além disso, construções como pontes, tirolesas e pontos de transponder facilitam ainda mais a locomoção.

A embarcação DHV Magalhães também pode ser usada para teleporte completo entre bases, inclusive levando cargas e veículos. No entanto, entregas feitas dessa forma não rendem pontos de evolução para Sam, equilibrando o desafio.
Para auxiliar nas entregas, movimentação, batalhas e uso de veículos, Death Stranding 2 conta com uma arvore de habilidades que funciona com o uso de pontos que aumentam conforme expandimos a rede quiral e liberam melhorias para Sam enfrentar os desafios.
Preciso jogar o primeiro Death Stranding para entender o segundo?
Sim. Embora Death Stranding 2 traga resumos e glossários bem completos, o universo é carregado de termos, conceitos e conexões que só fazem sentido para quem viveu o primeiro jogo.

Se você não gostou do original, dificilmente vai mudar de ideia aqui. Ainda que a gameplay esteja mais rica e o ritmo menos travado, a essência continua a mesma. Mas se você gostou da primeira aventura, esta é uma sequência que aperfeiçoa praticamente tudo e vale cada segundo.
Death Stranding 2 traz visual e som que servem como uma nova referência técnica
Se no primeiro jogo os gráficos já impressionavam, Death Stranding 2 eleva a régua. Os cenários são variados e deslumbrantes, os rostos incrivelmente detalhados, e tudo roda de maneira impecável. Em 50 horas de gameplay no PS5 (modo desempenho a 60 FPS), não encontrei travamentos, bugs ou quedas de desempenho.

As transições de áreas são tão suaves que quase não existem telas de carregamento. É impressionante o quanto o mundo está vivo e funcional.
A trilha sonora continua excelente, com músicas que surgem em momentos chave e agora podem ser adicionadas a uma playlist pessoal. Porém, o impacto emocional dessas músicas foi maior no primeiro jogo, onde surgiam como surpresas após momentos tensos. Aqui, esse sistema é mais previsível, e isso tira um pouco do impacto emocional.
O design de som também é um espetáculo à parte: desde os barulhos das cargas, motores dos veículos e ruídos do menu, até os sons mais específicos como o barulho das pernas mecânicas ou o aviso sonoro da Magalhães, tudo é pensado para imersão total.
Vale a pena jogar Death Stranding 2: On the Beach?
Como disse anteriormente, não recomendaria Death Stranding 2: On the Beach para quem não jogou o primeiro título. O universo é complexo, cheio de termos únicos, e mesmo jogadores veteranos podem se sentir confusos. O ideal é jogar o primeiro título antes.
Para quem não gostou da jogabilidade original, dificilmente mudará de ideia aqui. Ainda que a sequência traga melhorias significativas e maior dinamismo, a essência continua sendo a mesma: entregas, conexão e sobrevivência em um mundo fragmentado.
Já os fãs do primeiro jogo encontrarão aqui uma experiência evoluída, com ainda mais profundidade narrativa, exploração intensa e novos tipos de desafios para se experienciar.
Hideo Kojima conseguiu entregar uma evolução solida e ousada de suas ideias. Uma história que busca emocionar e personagens memoráveis para este universo que o famoso diretor criou.

Ao meu ver Death Stranding 1 e 2 se complementam perfeitamente e deveriam ser jogados por inteiro, de forma imersiva e entregue a proposta maluca onde o verdadeiro heroi é um mero entregador.
Toda essa bizarrice e estranheza nos encanta e assim como no primeiro jogo, o que temos em mãos é um dos universos mais criativos dos últimos tempos e torço para que mais títulos inovadores, seja pelas mãos de Hideo Kojima e outros diretores cheguem em breve dentro de uma indústria cada vez mais apostando no seguro.
Agradecemos os amigos de PlayStation Brasil que gentilmente nos enviaram uma cópia de Death Strandin 2 para a criação deste review.
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