O clássico cult da Capcom, Dragon’s Dogma, lançado em 2012, gerou sentimentos mistos entre o público. Inicialmente, foi recebido com estranheza devido ao seu sistema único de online, mas ao longo do tempo conquistou uma parcela de fãs dedicados.
Agora, em 2024, 12 anos após o lançamento original, a Capcom presenteia os jogadores com Dragon’s Dogma 2, prometendo revitalizar a franquia e realizar sua visão completa.
Trabalhando em um universo paralelo com novos personagens, o jogo foi lançado em 22 de março de 2024 para PS5, Xbox Series e PC.
Ciclo sem Fim
Antes de adentrarmos na trama inicial, é essencial compreender o universo em que Dragon’s Dogma 2 se insere. Trata-se de um universo paralelo ao do primeiro jogo, o que o torna acessível tanto para os fãs da franquia quanto para aqueles que estão experimentando-a pela primeira vez.
No centro desse universo, há um ciclo interminável entre um Dragão e um Nascen. Segundo as lendas, o Dragão surge periodicamente e escolhe um indivíduo para roubar-lhe o coração, transformando-o em um Nascen. Este último, além de ser capaz de criar e controlar peões, é destinado a um confronto fatal com o Dragão. No reino inicial do jogo, Vermund, esse conceito se estende ainda mais, já que só pode haver um Nascen por vez, ele será coroado como rei.
Agora, podemos adentrar verdadeiramente na história do jogo. Os jogadores têm a oportunidade de criar seu próprio personagem, começando como um peão escravo sem memórias em uma mina de escavação.
Durante o trabalho, a mina é atacada por uma medusa, e os peões, incapazes de morrer, são ordenados a enfrentá-la. Ao decorrer da batalha, a medusa foge e uma figura misteriosa aparece, instruindo o personagem a cumprir seu destino e escapar. Este ser, aparentemente capaz de controlar mentes, convence um peão a guiar o personagem para longe do perigo.
À medida que a história avança, o jogador chega a uma pequena vila outrora atacada por um dragão. Nesse momento, uma memória é desencadeada, revelando que o personagem era habitante da vila e teve seu coração roubado pelo dragão, tornando-se o novo Nascen daquele mundo.
Inicialmente desacreditado pelos guardas locais, o personagem ganha credibilidade ao criar seu próprio peão. Juntos, eles partem em direção a Vermund, apenas para descobrir que outro Nascen já ocupa o trono. Determinado a desmascarar o falso Nascen e reivindicar seu lugar legítimo, o personagem embarca em uma jornada para desvendar a verdade por trás desse impostor e depô-lo do trono.
Como é Jogar Dragon’s Dogma 2?
Dragon’s Dogma 2 é um RPG de ação em mundo aberto e sua jogabilidade é, sem dúvida, o seu ponto forte.
Os jogadores desfrutam de total liberdade para personalizar seus personagens e peões, desde a escolha da vocação, as típicas classes dos jogos de RPG, até as habilidades e equipamentos. O destaque do jogo é o seu sistema de combate, que oferece uma ampla gama de opções táticas, desde ataques corpo a corpo até magias poderosas, além da capacidade única de escalar gigantescas criaturas colossais para atacar seus pontos fracos.
Inicialmente, os jogadores podem escolher entre quatro vocações distintas:
- O Combatente, especializado em combate corpo a corpo, empunhando escudo e espada.
- O Arqueiro, uma classe para quem prefere o combate à distância, utilizando diferentes tipos de flechas, como explosivas e envenenadas.
- O Ladrão, também focado em ataques corpo a corpo, porém priorizando a agilidade, utilizando adagas em ambas as mãos.
- O Mago, desempenhando o papel de suporte do grupo, encantando armas aliadas, curando e possuindo algumas magias ofensivas.
À medida que a jornada se desenrola e os jogadores exploram o vasto mundo realizando missões secundárias, eles podem desbloquear mais seis habilidades, sendo quatro exclusivas para o Nascen.
Cada vocação possui suas armas únicas, equipamentos e habilidades que não podem ser compartilhadas com outras vocações.
Quando os jogadores vencem batalhas, além do XP os jogadores ganham PV (pontos de vocação), que podem ser gastos para desbloquear novas habilidades. Os jogadores podem atribuir apenas quatro habilidades por vez, que são ativadas ao pressionar os botões L1 + Quadrado, Triângulo, X ou Círculo no controle.
Além disso, cada vocação tem uma função atribuída ao botão R1; por exemplo, o arqueiro utiliza-o para mirar com precisão, enquanto o combatente o utiliza para erguer o escudo.
Aproveite a viagem em Dragon’s Dogma 2
Em Dragon’s Dogma 2, o mundo se estende diante do jogador como um vasto e misterioso território, onde cada colina, floresta e cidade esconde segredos, desafios e oportunidades. A exploração é não apenas incentivada, mas fundamental, e aqueles que se aventuram além dos caminhos batidos são recompensados com descobertas emocionantes e encontros inesperados.
Em “Dragon’s Dogma 2”, a viagem é uma parte essencial da experiência. Não há atalhos mágicos para teleportar-se instantaneamente de um lugar específico. O jogador deve confiar em seus próprios pés ou em meios mais tradicionais de transporte e criar sua própria rota.
Carroças: Oferecem uma maneira de viajar entre cidades, seguindo rotas específicas e proporcionando uma visão panorâmica das paisagens. No entanto, as viagens podem ser interrompidas por emboscadas de monstros ou bandidos, que os jogadores deverão resolver antes de continuar. Se a carroça quebrar, será necessário prosseguir a pé.
Pedras de Teleporte: São cristais mágicos que podem ser adquiridos com mercadores. No entanto, só podem levar o jogador até aos Cristais Portos e existem apenas dois fixos no mundo. Cada uso de uma pedra de teleporte custa 10.000 moedas de ouro, exigindo escolhas sábias quanto ao momento de uso.
Uma estratégia comum durante o jogo é usar uma pedra de teleporte para chegar a Vermund e, a partir dali, pegar uma carroça para a cidade mais próxima do destino desejado.
Neste universo, as missões secundárias raramente fornecem pontos de referência específicos. Não há marcadores no mapa indicando exatamente onde ir. Em vez disso, o jogo confia na interação com os NPCs para revelar pistas e direções. Conversar com os habitantes das cidades, mercadores itinerantes e até mesmo os Pawns pode levar a informações valiosas.
Essa abordagem não só aumenta o senso de imersão, mas também estimula os jogadores a explorarem cada canto do mundo. Às vezes, uma simples conversa com um fazendeiro pode desencadear uma missão que os levará a uma caverna escondida ou a uma aldeia remota. A curiosidade é recompensada, e aqueles que se dedicam a investigar os detalhes muitas vezes descobrem histórias cativantes e tesouros ocultos.
Uma das melhores mecânicas de Dragon’s Dogma 2 é o sistema de exaustão. A medida que o jogador sofre danos ou até mesmo morre, os personagens gradualmente se cansam, resultando na redução de sua vida máxima. Para restaurar a vitalidade total, o jogador precisa procurar uma estalagem ou montar um acampamento em uma das fogueiras espalhadas pelo mapa.
No entanto, a montagem de uma fogueira requer a posse de um kit de acampamento no inventário, o que aumenta o peso dos personagens. Essa mecânica instiga os jogadores a desenvolverem estratégias, especialmente durante viagens longas, onde é necessário planejar rotas que passem por estalagens ou considerar a compra de mais kits de acampamento, cientes de que isso aumentará o peso e possivelmente afetará a mobilidade do grupo.
Um Pawn amigo
Indiscutivelmente a mecânica dos Peões (conhecidos como Pawns no idioma original) é o que torna Dragon’s Dogma verdadeiramente único. Como mencionado anteriormente, o Nascen possui o poder de criar e comandar esses seres singulares. Os Peões, diferentemente dos humanos, são criaturas com pouca personalidade e não interagem com outras pessoas além do Nascen, muitas vezes sendo tratados como escravos neste universo.
No jogo, os jogadores têm a capacidade de criar apenas um Peão, que se tornará seu aliado ao longo da jornada. Porem, o sistema único de online introduzido em Dragon’s Dogma em 2012, e continuado em sua sequência, oferece a possibilidade de recrutar Peões de outros jogadores para formar uma party de até quatro membros. No entanto, ao contrário do Peão criado pelo jogador, esses Peões recrutados não ganham experiência ou níveis adicionais, fazendo que tenha que manda-los embora constantemente e contratar outros, e o jogador não tem controle sobre suas classes ou equipamentos, pois essas decisões são determinadas pelo jogador que os criou.
Os Peões aprendem com as interações dos jogadores. À medida que o Peão principal de um jogador é usado por outros, ele adquire novos conhecimentos. Por exemplo, se um Peão enfrentar ogros repetidamente com outros jogadores, quando esse você enfrentar ogros, o seu Peão estará ciente de seus pontos fracos.
Além disso, os Peões podem descobrir locais de itens e outros locais interessantes durante suas explorações com outros Nascens em diferentes universos. Eles frequentemente oferecem informações sobre esses locais e perguntam se o jogador deseja ser guiado até lá. Além disso, contratar Peões de outros jogadores também adiciona um guia adicional para missões. Se um Peão já realizou uma missão específica com seu mestre, ele pode orientar o jogador, como no caso de uma missão que requer a conversa com um NPC específico. O Peão saberá quem é esse NPC e guiará o jogador até ele.
Gráficos e Desempenho
A RE Engine, utilizada pela Capcom desde Resident Evil 7, continua a entregar visuais impressionantes em Dragon’s Dogma 2. O jogo apresenta texturas detalhadas, modelagem de personagens realistas, geometria densa, criaturas imponentes, efeitos climáticos dinâmicos e um mundo fantástico e mítico. A vegetação é exuberante, as sombras são meticulosamente renderizadas e os reflexos na tela são de alta qualidade.
Comparado à versão original lançada para Xbox 360 e PS3, Dragon’s Dogma 2 representa um salto significativo em termos de gráficos. A escala do jogo aumentou consideravelmente, e tanto a RE Engine quanto o design artístico da Capcom brilham em uma escala muito maior.
Para esta análise, testamos a versão de PS5. Inicialmente, o jogo foi lançado com apenas um modo gráfico e taxa de quadros desbloqueada. O desempenho no PS5 é uma mistura de altos e baixos, variando entre 30 e 40 fps.
Infelizmente, durante a exploração da grande cidade de Vermund, o desempenho do jogo cai consideravelmente para cerca de 20 fps, com algumas travadas. Porém, como a cidade é um ambiente seguro, onde não há batalhas e todo o conteúdo é baseado em conversas com NPCs, essa queda de desempenho não afeta tanto a experiência.
Na primeira semana após o lançamento, o jogo recebeu uma atualização que adicionou a opção de travar o jogo em 30 fps, proporcionando uma experiência mais estável, sem as variações de fps que causam engasgos.
Além disso, foi disponibilizada a opção de desligar o ray tracing para melhorar ainda mais o desempenho, embora não atinja os almejados 60 fps, mantendo-se em torno de 45 fps. Como a diferença de fps é mínima, recomenda-se deixar o ray tracing ativado para desfrutar de uma melhor qualidade visual, já que ele é responsável pela iluminação global do jogo, indo além dos simples reflexos presentes na maioria dos jogos.
Microtransações
Logo após o lançamento do jogo, a Capcom surpreendeu os fãs de forma negativa ao introduzir microtransações, oferecendo uma variedade de itens que auxiliam os jogadores mediante pagamento em dinheiro real. Isso levantou dúvidas entre os jogadores, sugerindo que algumas mecânicas do jogo poderiam ter sido intencionalmente complicadas para incentivar a compra desses itens, como a possibilidade de adquirir um cristal porto móvel para colocar em qualquer lugar do mundo. No entanto, é importante ressaltar que todos os itens disponíveis para compra através de microtransações também podem ser obtidos dentro do jogo, sem a necessidade de gastar dinheiro real.
Longe de mim querer bancar o advogado do diabo aqui nessa review, é claro que vender microtransações de um jogo single player é extremamente negativo, especialmente porque alguns jogadores podem ter a impressão de que certos itens só estão disponíveis mediante pagamento, o que não é verdade. Além disso, sinceramente acredito que para uma experiência totalmente satisfatória em Dragon’s Dogma 2, é altamente recomendável evitar a compra desses itens, pois eles podem comprometer a experiência que o jogo oferece genuinamente.
Vale a pena jogar Dragon’s Dogma 2?
Após mergulhar profundamente no vasto universo de Dragon’s Dogma 2 por dezenas de horas, é inegável a grandeza e a complexidade que este jogo oferece aos jogadores.
Com uma história envolvente que mistura elementos de fantasia e mitologia, uma jogabilidade rica e dinâmica que dá total liberdade aos jogadores para moldarem seus personagens e estratégias de combate, e um mundo aberto vasto e repleto de segredos para explorar, Dragon´s Dogma 2 oferece uma experiência de jogo verdadeiramente imersiva e cativante.
A jornada não se limita apenas à busca pelo trono de Vermund, mas se estende pela exploração de um mundo vasto e misterioso, onde cada descoberta e encontro trazem novos desafios e recompensas.
A mecânica única dos Peões é extremamente fascinante, permitindo interações interessantes e estratégias de jogo dinâmicas.
Apesar dos contratempos iniciais com microtransações, que podem ser evitadas para preservar a integridade da experiência de jogo, Dragon’s Dogma 2 brilha como um verdadeiro épico moderno, oferecendo horas de entretenimento e aventura para os fãs de RPG de ação.
Portanto, para aqueles que buscam uma jornada épica em um mundo de fantasia rico e detalhado, repleto de desafios emocionantes e descobertas surpreendentes, Dragon’s Dogma 2 é, sem dúvida, uma aventura que vale a pena ser explorada.
Agradecemos a Capcom Brasil por nos enviar uma cópia do jogo para a criação deste review.
