FIST: Forged In Shadow Torch é mais um daqueles aceno do oriente para o mundo dos jogos com uma excelente ficha técnica e com carisma que não vemos mais em produções ocidentais
Antes de entrar de cabeça no mundo de FIST mês sinto obrigado a dizer que não era fã do estilo MetroidVania até meados de 2024. Com a agradável surpresa que foi Prince of Persia: The Lost Crown eu pude cogitar me aventurar em mais jogos do estilo, e logo depois veio também Ender Lilies e pronto. Agora um novo fã do gênero surgiu.
Com expectativas moderadas, pois não seria meu primeiro título do gênero, comecei FIST por um serviço de assinatura no meu PS5, e com pouco mais de 10 minutos o jogo já tinha me prendido.
Seu combate é satisfatório, seus ambientes são sombrios com ar Steampunk Oriental, sua trilha sonora toca com uma leve modéstia e sua história pode até te envolver, mas está longe de ser inovadora. Como uma colcha de retalhos de inúmeras referencias (Tanto de jogos quanto de filmes e séries) FIST é um jogo sólido, ele sabe o que quer ser, se expande com propriedade e cria seu universo próprio com maestria.
Podemos concordar que o jogo não comete erros grotescos, mas também deixa a desejar quando o assunto é ter elementos memoráveis.
Como jogo FIST faz o que tem que ser feito, mas como obra ele vai além.
Sempre me surpreende a forma como jogos são capazes de nos contar muito mais que as cutscenes, um jogo que trata de assuntos como um distopia totalitária, com um grupo de amigos que se conheciam de um antigo grupo de resistência armada, uma traição política e uma pitada de critica social tinha mesmo que ter saído de um estúdio chinês.
Aqui controlamos Rayton, um coelho membro da antiga resistência que lutou contra a Legião Robótica, 6 anos atrás, em uma guerra que levou a colonização da Torch City (Cidade da Tocha) que dá nome ao jogo.
Vivendo recluso Rayton ainda lembra os velhos tempos com amigos revolucionários, e realmente pensa em se manter fora da vida de luta, o que muda sua decisão é a prisão forçada de um antigo amigo e companheiro de batalha, fazendo assim que ele tome a escolha obvia de voltar a ativa mais uma vez.
Devemos concordar que tudo que envolve a história de FIST é um tanto clichê e até mesmo genérica, varias das reviravoltas do roteiro podemos prever com um pouco de bagagem de filmes de ação ou obras que usam a ‘jornada do herói’.
Até mesmo os momentos de revelações bombásticas são tomados por um ar de marasmo e previsibilidade. O que não é ruim por um todo, já que ainda temos uma gameplay que vai se sustentar por várias horas e uma exploração muito decente. Mas um pouco mais de carinho na hora de escrever a plot seria muito bem vindo, temos que admitir.
Plataformas e combates que pedem por mais
Falando diretamente sobre o que faremos em nossas 20 -25 horas de jogo (caso decida platinar o título) temos aqui uma gameplay gostosa do começo ao fim, com 3 armas principais para atacar nossos inimigos. Podemos até mesmo mesclar elas em combos arrasadores, uma função que pode passar desapercebido para jogadores casuais, até memo pela dificuldade do jogo não exigir tanta maestria nos comandos, mas é sem duvidas uma jogabilidade trabalhada com carinho e cuidado.
Podemos carregar também 4 equipamentos sendo um deles nosso “frasco de vida” que a primeiro momento me estranhou um pouco, já que para usar nossos equipamentos temos que gastar uma barrinha de “mana” mas essa decisão fez sentido logo.
Como o jogo conta com uma liberdade de movimentos grande, com dash e aparadas, temos aqui um jogo que fica fácil demais para inimigos, mas sobe sua dificuldade para algo quase milimétrico em batalhas contra chefes.
De fato, acredito que as batalhas contra chefes devem ser mais desafiadoras que as com inimigos padrão do jogo, mas o que temos aqui é uma ausência de perigo por parte da exploração. Também iria reclamar caso o jogo fosse para ‘apelação’ de colocar um sistema de ‘almas’ como qualquer jogo Souls, mas um foco maior em trechos de plataforma não faria mal, ao menos teríamos algo a mais para ter um desafio fora os encontros com chefes.
Suas habilidades logo se demonstram suficientemente capazes de enfrentar tudo que aparecer, ainda mais com alguns upgrades na sua arma favorita. Por esse motivo senti tanta falta de um modo arena ou algo fora o “Treinamento do Mestre Wu” para testar minhas habilidades, o combate é bom e satisfatório, mas depois de limpar os colecionáveis no mapa o que lhe resta é bater nos mesmos inimigos em áreas que já visitamos.
Critica boba sim, mas se a gameplay foi tão bem planejada porque não me deixar usar ela em outros momentos mais “descompromissados”?
Uma pequena falha, mas totalmente aceitável
Não posso terminar sem dizer o quanto fiquei decepcionado com esses pequenos pontos de crítica, o fato de o jogo ter uma gameplay de combate e de exploração tão aprimorada e solida me faz pensar que o potencial desperdiçado para um end game mais robusto é o maior defeito aqui.
Porém, entre lançamentos com bugs e decisões questionáveis em diversas áreas, esse pequeno deslize passa fácil, já que nenhuma alfinetada nos acontecimentos clichê da historia e nem a ausência de uma atividade complementar para continuar explorando a cidade Tocha podem me tirar o brilho que foi platinar esse jogo.
FIST é uma adorável experiencia que vai agradar novatos e fã de longa data
O futuro dessa agradável experiência fica apenas com um novo save, o que não tira em nada o brilho da sua jogatina, mas de fato o gosto de quero mais incomoda, sabendo de tudo que poderia ser feito em relação sua jogabilidade, espero muito poder jogar mais de FIST em um projeto maior e mais ambicioso.
Como pouco mais de 25 horas para completar essa platina, eu me encantei com os cenários do jogo, sua ambientação e estilo próprio, seu combate cativante e sua exploração recompensadora.
Vejo FIST uma excelente porta de entrada para o gênero metroidvania, mas também um excelente jogo para o currículo da TiGames.
E para todos os fãs de MetroidVania ou amantes de jogos estrangeiros que fogem do eixo Estados Unidos, deixo aqui a recomendação.
Joguem FIST!
