Review

Tales of Kenzera: ZAU

A dor do luto transformada em jogo.
Disponível para:
Playstation 4, Playstation 5, Xbox Series S/X, Nintendo Switch, PC
Review escrito por:
Danilo Manzato

Tales of Kenzera: Zau foi apresentado pela primeira vez no final de 2023 durante a apresentação do The Game Awards e chamou a atenção por alguns detalhes. 

O jogo foi apresentado pelo ator Abubakar Salim, que atua em séries e também já dublou jogos como Assassins Creed Origins

O título em questão seria uma forma de homenagear o amor que o ator sente pelo pai que faleceu há mais de uma década, mas que a dor do luto ainda é muito forte.

Assim, através de seu estúdio, o Surgente Studios e com publicação pela EA Originals, Tales of Keznera: Zau é um game de ação e plataforma com forte influência em Metroidvanias e após ter jogado o game posso dizer que tem muita inspiração de jogabilidade em ORI.

E claro por ser uma obra autoral e com um valor sentimental forte é notável o carinho que vemos aplicado no jogo em seus detalhes. E mesmo sendo uma aventura curta que leva em média entre 8 a 10 horas para ser finalizado foi uma jornada leve, transitória e esperamos que com isso a dor do luto de Abubakar também tenha esse tom daqui para frente.

A história de Tales of Kenzera: Zau

Da mesma forma que a obra foi inspirada na dor do luto de seu criador, Tales of Kenzera: Zau tem este tema como sua linha principal.

A história se inicia com o jovem Zuberi, tomado pela dor do luto ainda tentando entender seus sentimentos e como sua vida seguiria dali em diante sem seu pai. Sua mãe, no entanto mais conformada tenta consolar o filho e lhe entrega um livro.

Segundo ela, ao saber de sua doença e que seus dias estariam chegando ao fim, o pai de Zuberi escreveu um livro contando histórias de Kenzera, um reino fictício e um jovem Xamã chamado Zau.

Tales of Kenzera: Zau Review

Assim, a história do jogo acontece enquato Zuberi le o presente deixado por seu pai.

No mundo de Kezera, Zau o jovem Xamã invoca Kalunga o Deus da Morte. E segundo ele se fosse provado ser digno e realizando trabalhos para este Deus ele poderia solicitar o retorno do seu pai do reino dos mortos.

Kalunga decide portanto dar uma oportunidade para que o jovem provasse ser digno de tal pedido e solicita que ele, como o novo xamã daquele reino trouxesse a paz fazendo com que 3 antigos soberanos aceitassem sua passagem para o mundo dos mortos e apenas ao final desta provação o pedido do jovem de reaver a vida de seu pai poderia ser realizado.

Impundulu em Tales of Kezera: Zau

Durante a jornada Kalunga sempre estará conosco, dando conselhos, contando histórias e até mesmo dando chances para que Zau pudesse tomar suas próprias escolhas mesmo parecendo imprudente. 

Zau também herdou de seu pai, o antigo xamã, as mascaras da Lua e do Sol, cada uma trazendo seu próprio poder e a cada nova máscara, encontro com xamãs e até mesmo reliquias, toda a história por trás destes artefatos nos serão apresentadas por Kalunga.

Máscaras da Lua e do Sol

Cabe então a Zau seguir seu rumo por vários locais dentro de Kenzera, realizando o papel herdado pelo seu pai de xamã, enfrentar seus medos, responsabilidades, raiva, angustias, dores e confusões que o sentimento do Luto pode causar a alguém.

Como é jogar Tales of Kenzera: Zau

O jogo segue o estilo Metroidvania, no entanto um estilo bem mais leve que os convencionais. 

Basicamente jogos deste estilo são games que misturam muita movimentação e exploração em plataforma alternando com momentos de combate enfrentando inimigos. 

Um forte diferencial em Metroidvanias geralmente é o elevado Backtracking, que é basicamente ir e vir num mesmo local algumas vezes e geralmente isso acontece pois o personagem pode não ter um poder ou item que precise para dar sequencia naquele momento e terá de voltar mais tarde. 

Ato Três em Tales of Kenzera: Zau

Porém em Tales of Kenzer: Zau o backtraking é quase nulo e até mesmo acho que ele é muito mais um jogo de plataforma em um grande mapa do que essencialmente um Metroidvania na maior parte do seu tempo.

Digo isso pois a todo momento sabemos exatamente onde devemos ir o que elimina bastante a experiência da descoberta ao explorarmos os mapas de Kenzera. E não que isso seja ruim, mas para quem está esperando um grande jogo no estilo metroidvania poderá se decepcionar.

Zau irá no decorrer da história ganhar novos poderes que o fará abrir novos caminhos e até mesmo alguns são necessários para a progressão do jogo, mas sempre que isso acontece é justamente nos lugares próximos de onde estamos evitando assim a necessidade de uma exploração maior pelo mapa. O jogo acaba sendo bem didático e é praticamente impossível se perder nele ou não saber para onde devemos ir.

Descubra e conquiste novos poderes em Tales of Kenzera: Zau

Um dos pontos fracos do jogo é seu mapa. Como de costume um metroidvania deve ter um mapa para nos guiar pelas centenas de salas que o jogo pode conter e isso existe aqui.

No entanto, o mapa que utilizamos no jogo não é muito funcional. Ele muitas vezes acaba mais atrapalhando do que ajudando. 

Claro que não existe uma regra, mas no geral os mapas de outros jogos acabam destacando salas que já visitamos e os lugares em que ainda não fomos e este estilo ajuda demais para sabermos um lugar em que já passamos e não tínhamos acesso, ou uma sala em que vamos voltar depois. 

Em Tales of Kenzera: Zau o mapa todo se acende de uma vez logo que adentramos uma nova área pela primeira vez e mesmo que marque onde nós estamos e até mesmo ites que já conquistamos, é impossível saber por quais salas já passamos o que dificulta demais na hora de buscar por novas areas.

Viagem rápida por pontos do mapa

Um outro bom exemplo de uso do mapa é a possibilidade de colocar marcadores para saber o que tem em uma determinada área, como um tesouro inalcançável ou uma porta trancada. Ainda um excelente exemplo foi o de Prince of Persia: The Lost Crown onde podemos fazer uma foto de um ponto específico do mapa para lembrarmos a posição e o que havia de importante para marcarmos aquele local.

Em Kenzera não existe nenhum tipo de marcador, mas ao mesmo tempo por se tratar de um jogo com uma experiência muito mais de Plataforma do que de exploração, para aqueles que querem apenas cumprir sua história não fará falta. No entanto para os que desejam fazer 100% de cada área essa falta de marcações e o estilo de mapa selecionado poderá trazer algumas complicações.

Já na ação do jogo, Zau começa muito bem dominando pulos altos, pulos na parede, corridas e corridas aéreas, o que desde os primeiros momentos nos permite explorar de uma forma bem ágil os cenários.

Como herança de seu pai ele é o dono das máscaras da Lua e do Sol que são as responsáveis por suas habilidades de batalha.

As máscaras podem ser alternadas apenas apertando um botão e tem características distintas.

A Máscara da Lua permite Zau atacar de longe, atirando rajadas de luz e tem o elemento de gelo com seu principal status enquanto a máscara do Sol ataca os inimigos com golpes físicos de curta distância.

Essa jogabilidade com as máscaras funciona de uma maneira bem interessante e dinâmica e o tempo todo obriga o jogador a experimentar e testar seus usos. Elas também possuem evoluções que poderão ser adquiridas com pontos que ganhamos conforme derrotamos os inimigos. E fique tranquilo pois o jogo tem inimigos suficientes para deixar ambas as máscaras no limite máximo, cabe apenas ao jogador decidir para qual delas ele dará mais atenção.

Habilidades em Tales of Kenzera: Zau

Durante a exploração o jogador também irá se deparar com diversas situações desafiantes. Existirão momentos em que uma sala poderá se fechar, torando-se uma arena que será liberada após todos os inimigos serem derrotados, o jogo também conta com algumas seções com pequenos puzzle para que você possa dar sequência em seu caminho e também existem os desafios de amuletos.

Estes desafios de amuletos são locais no mapa onde você começara em uma sala e terá de fazer uma espécie de circuito retornando ao ponto de entrada, onde encontrará um amuleto. O percurso geralmente existe diversos tipos de habilidade e muitas vezes exploram técnicas especificas de alguma habilidade nova que Zau aprendeu.

Amuletos em Tales of Kenzera: Zau

Os amuletos ganhos nestes desafios podem ser equipados para dar status extras ao personagem.

Ainda existem outros tipos de desafios que são focados em batalha, onde devemos vencer três sequências com hordas de inimigos e no final de cada uma ganharemos mais pontos de habilidade.

Estes pontos servem para que possamos dar golpes especiais e também recuperar a vida do personagem e são reabastecidos conforme eliminamos os inimigos do mapa.

Por fim, ainda teremos de caçar grandes árvores pelo mapa que funcionam como uma forma de santuário, onde Zau poderá refletir mais sobre sua vida e os acontecimentos que o levam nessa jornada. Como recompensa toda vez que visitamos uma destas arvores um novo ponto em nossa energia de vida é adicionado.

Tales of Kenzera: Zau não reinventa nada no estilo de jogo que se propõe, mas é um jogo honesto, simples e direto ao ponto. 

A cultura Africana em Tales of Kenzera: Zau

Um detalhe muito legal no jogo é justamente os detalhes da cultura africana em tudo que vemos em Tales of Kenzera: Zau.

Cultura africana em Tales of Kenzera: Zau

Existem até mesmo dois exemplos sendo o mundo onde Zumbari vive que tem conceitos visuais inspirados em Afrofuturismo. Mesmo explorando pouco o cenário é possível ver uma cidade ao fundo, a decoração da casa e até mesmo as roupas dos personagens aplicando esta estética visual que infelizmente é pouca difundida em materiais para grades mídias.

Já quando estamos em Kenzera o visual e estilo de personagens, ambientes e tudo ao nosso redor nos leva a ideia de uma Africa tribal, com seus mitos, costumes e cultura. Aqui Kalunga serve de guia, dando nomes, explicando tradições e nos levando a conhecer tudo que Kenzera pode oferecer.

Tales of Kezera: Zau Vale a Pena?

O título em questão não reinventa e tão pouco inova em absolutamente nada que já não tenhamos visto, principalmente nesta leva grande de jogos independentes explorando jogos de ação e plataforma.

Mas não é a falta de inovação que fará Tales of Kenzera: Zau um jogo ruim e ao contrário disso o que temos aqui é um jogo seguro, pé no chão, que entrega o que se propõe a fazer.

Que conhece seus limites e trabalhou dentro deles, que entrega uma boa história e um tempo de jogo perfeito, que não cansa, que não se estica de maneira artificial e que tem em sua alma uma motivação muito real de um filho que amou seu pai e transformou isso em seu trabalho.

Dito isto, Tales of Kenzera: Zau é um jogo que vale a pena, um jogo justo que dificilmente não vai agradar quem gosta de jogos desse gênero, que pode não ser genial ou até mesmo memorável como tantos outros mas que merece ter seu lugar na história.

Tales of Kenzera: Zau está disponível para PlayStation, Xbox, Nintendo Switch e PC. Para este review jogamos a versão que está disponível para os assinantes da PlayStation Plus Extra e Deluxe.

No final de nossa jornada ao ser revelado que Kalunga é nosso Baba não foi uma reviravolta inesperada mas ok para o fim da história.

Um sentimento que tive com o jogo é que embora seja tudo dentro de um nível inesperado, a história por tras do game acaba nos emocionando mais do que a história dentro do jogo.

Tales of Kenzera: ZAU

Disponível para:
Playstation 4, Playstation 5, Xbox Series S/X, Nintendo Switch, PC
Versão que jogamos:
Playstation 5
O jogo possui legendas em Português mas não é dublado.

Pontos Positivos

  • Duração do jogo
  • Boa jogabilidade
  • Explora o universo Africano

Pontos Negativos

  • Modelo de mapa é ruim
  • Falta variedade de inimigos
Review escrito por:
Danilo Manzato

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